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Economia do conhecimento: o próximo grande salto da Argentina?

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Economia do conhecimento: o próximo grande salto da Argentina?

O fenômeno do nearshoring, que promove a reconfiguração e regionalização das cadeias de abastecimento globais, oferece oportunidades para o setor de software e serviços tecnológicos da Argentina.

“A tendência das empresas de transferirem suas operações para países mais próximos de seus mercados finais posiciona a Argentina como um destino atrativo para o investimento estrangeiro direto de países como os Estados Unidos”, afirmou o gerente do setor de integração e comércio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Fabrizio Opertti.

A Argentina apresentou um crescimento médio anual de 7,8% nas exportações de serviços baseados no conhecimento entre 2005 e 2023. No último ano, elas representaram 51,6% do total das vendas de serviços ao exterior.

As exportações da área da economia do conhecimento totalizaram US$ 7,83 bilhões entre junho de 2023 e o mesmo mês de 2024, segundo os últimos dados da câmara empresarial Argencón.

A associação espera que as políticas liberais do presidente Javier Milei possam alavancar o desenvolvimento da região.

“A estabilidade macroeconômica de um país é fundamental para o investimento e o crescimento, embora seja uma condição necessária, mas não suficiente”, afirmou Opertti. “As melhorias na produção associadas a fatores como capital humano, infraestrutura e ambiente institucional e regulatório são primordiais para o crescimento do setor de serviços baseados no conhecimento.”

A Argentina abriga diversos centros de serviços globais e mais de 30 clusters de software e serviços de TI em cidades como Córdoba, Rosário e Mendoza.

Segundo dados do BID, existem mais de 4.200 empresas de software e mais de 40 polos tecnológicos em toda a Argentina.

Os desenvolvedores que atuam no país chegaram a 115.000 em 2022 e estima-se que até 2030 o número de profissionais suba para 500.000, segundo o executivo.

O governo busca aproveitar essa indústria e promover o desenvolvimento de centros de serviços. Segundo dados oficiais, cerca de 50 empresas escolheram a Argentina para instalar seus centros e várias expansões foram anunciadas.

O anúncio mais recente foi da desenvolvedora de software alemã SAP, que vai investir US$ 3 milhões para aumentar a capacidade operacional de seu centro de serviços compartilhados em Munro, na província de Buenos Aires. A expansão criará cerca de 100 empregos.

CAPACITAÇÃO

Opertti também destacou que, para aproveitar a oportunidade de crescimento, a Argentina deve implementar programas de formação profissional semelhantes aos que têm sido adotados em países como Uruguai, Chile, Colômbia e Jamaica.

“Existe uma diferença entre a demanda e a oferta de talentos formados em perfis específicos exigidos pelas empresas”, explicou.

Segundo o especialista, a escassez de profissionais qualificados no setor tecnológico na América Latina e no Caribe continua sendo um desafio considerável, que afeta a capacidade de adaptação das empresas e dos governos à transformação digital.

O BID tem um programa de apoio às exportações da economia do conhecimento na Argentina, com foco no desenvolvimento de competências em inteligência artificial. Além disso, a entidade trabalha com a província de Salta em um programa de desenvolvimento produtivo e exportador focado em infraestrutura estratégica, centros tecnológicos e fortalecimento da agência de comércio exterior ProSalta.

Neste mês, foi realizado em Buenos Aires o evento Outsource2LAC, fórum especializado na promoção de serviços globais. Nas nove edições anteriores, foram promovidas mais de 13.000 reuniões, gerando aproximadamente US$ 420 milhões em negócios.

AMÉRICA LATINA

Países como Brasil e México lideram as exportações em termos absolutos devido ao tamanho de seus mercados, mas o Uruguai se destaca na região porque “se consolidou como referência em serviços baseados em conhecimento na América Latina, sendo o terceiro maior exportador de software per capita do mundo e um modelo de inovação tecnológica”, destacou Opertti.

Outros polos tecnológicos são o Chile, graças à atração de datacenters e à capacidade crescente de serviços de análise de dados e inteligência artificial, bem como Colômbia, Costa Rica e Jamaica.

A Jamaica se estabeleceu como o principal parceiro de nearshoring do Caribe, com um crescimento médio anual de 20% no setor de serviços globais e contribuições de mais de US$ 600 milhões para o PIB, segundo Opertti.

O BID acaba de anunciar um empréstimo de US$ 15 milhões para acelerar o desenvolvimento de capacidades para uma maior internacionalização da área global de serviços de exportação do Chile.

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