Em meio a preços recordes, Barrick busca mais ouro no Chile e na Argentina

A canadense Barrick Gold planeja investir US$ 35 milhões em um projeto de exploração na região chilena do Atacama, na mesma área onde tentou desenvolver a iniciativa Pascua, atualmente em fase de encerramento.

Além disso, a empresa sediada em Toronto continuará seus esforços para expandir a mina Veladero, na província argentina de San Juan, com obras de otimização e novos alvos de exploração.

O projeto chileno, denominado El Alto, cujo estudo de impacto ambiental (EIA) foi recentemente submetido pela subsidiária local Minera Nevada ao Serviço de Avaliação Ambiental (SEA), visa aumentar o potencial de recursos na área de Alto del Carmen.

Na mesma área, a Barrick tentou até 2020 desenvolver o lado chileno de Pascua-Lama, na fronteira com a Argentina, mas os planos foram abortados. Após gastar mais de US$ 8 bilhões ao longo de 20 anos, um tribunal ordenou o fechamento de Pascua devido a violações ambientais, pondo fim a um projeto que deveria produzir cerca de 700.000 onças de ouro, 25 milhões de onças de prata e 4.800 toneladas de cobre anualmente.

A empresa nunca descartou reavaliar o potencial da área e agora busca aprovação do SEA para implantar 43 plataformas de perfuração na Cordilheira dos Andes, perto da fronteira com a Argentina.

Se aprovado, o projeto começaria em julho de 2026 e seria executado ao longo de dois anos, divididos em dois períodos de setembro a maio, já que o acesso ao local não é viável durante o inverno, informou a Minera Nevada no EIA.

A Barrick ainda tem um acordo de vendas e pagamento de royalties com a Wheaton Precious Metals que expira em 2039 para Pascua, segundo recente relatório anual da empresa.

VELADERO

Na mina argentina, a Barrick superou a expectativa para o ano passado, atingindo produção de 505.000 onças (oz) de ouro em uma base de 100%. O resultado se deveu em grande parte ao aumento nas onças recuperadas, facilitado por uma expansão da planta e melhorias na plataforma de lixiviação, informou a empresa em seu relatório.

Graças ao aumento da produção, os custos permaneceram abaixo das estimativas, apesar do impacto dos royalties mais altos resultantes dos preços recordes do ouro.

Veladero é operado pela Minera Andina del Sol, uma operação conjunta 50:50 entre a Barrick e a chinesa Shandong Gold.

PREÇOS DO OURO

Analistas esperam que o ouro mantenha uma tendência de alta nos próximos meses, a depender da política monetária do Federal Reserve e do contexto geopolítico global.

“Se a incerteza econômica persistir e os cortes nas taxas de juros se materializarem, o ouro poderá continuar quebrando novos recordes”, afirmou Antonio Di Giacomo, analista de mercado financeiro para a América Latina da agência XS, em um relatório.

O preço do ouro ultrapassou brevemente US$ 3.000/oz nesta sexta-feira (14) – um novo recorde impulsionado por fatores macroeconômicos e geopolíticos, como a redução da inflação nos EUA, expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Fed, tensões comerciais causadas pelas políticas tarifárias do presidente norte-americano Donald Trump, além do enfraquecimento do dólar.

O resultado é uma demanda maior por ouro como um ativo de refúgio seguro, disse Di Giacomo.

DOBRANDO A APOSTA

A Barrick pretende aumentar a produção em Veladero e, após concluir a fase 7B da expansão de sua plataforma de lixiviação no ano passado – com um investimento de US$ 159 milhões – agora está construindo a fase 8 com um custo de capital de 250 a 270 milhões de dólares.

Ao mesmo tempo, a empresa continuará avançando na exploração no distrito de Veladero, visando estender a vida útil da mina. Desde fevereiro, a Barrick vem perfurando em dois alvos de ouro de alta sulfetação, denominados Fabiana e Brujas, e se concentrará nesses projetos neste semestre, antes do início da temporada de inverno.