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Empresas estatais de lítio na América Latina em meio a mudanças no mercado
Embora a participação do Estado no negócio do lítio possa ser benéfica para as economias do Chile, Bolívia, México e Argentina, a crescente demanda, os substitutos e o aumento da concorrência podem dificultar o aumento desejado nas receitas fiscais.
Novas parcerias público-privadas (PPPs) ou estruturas de propriedade mista enfrentam um mercado competitivo, em que a fabricação de baterias absorve 85% da demanda total de lítio e a China lidera as vendas de veículos elétricos, segundo os dados da Agência Internacional de Energia (IEA).
Além disso, os investimentos globais em baterias triplicaram entre 2021 e 2023, totalizando US$ 1,4 bilhão, com as baterias de íons de lítio representando 60% dos desembolsos, enquanto alternativas como sódio, hidrogênio metálico, fluxo redox e estado sólido responderam por 25%, conforme relatório do organismo.
Troy Dunow, líder global de mineração da consultoria Turner & Townsend, disse à BNamericas que o sucesso das alianças mistas só será alcançado “quando os parceiros estiverem em pé de igualdade e ambos buscarem obter o melhor valor, considerando as comunidades”.
Os produtores de eletromobilidade procuram garantir os seus insumos para o crescimento do transporte elétrico. A chinesa BYD, a sueca Northvolt e a americana CATL planejam expandir a produção de baterias de sódio, confiantes de que a inovação permitirá aprimorar a densidade energética e a durabilidade da autonomia, em comparação com as baterias de lítio.
Por outro lado, as empresas estatais de lítio na América Latina encontrarão novos concorrentes no caminho. A ONG de transportes limpos ICTT prevê que "os mais de 100 projetos de extração e refino de lítio em andamento nos Estados Unidos e em países parceiros comerciais, como Austrália, Canadá, Chile, Peru e Argentina, excederão em em 3,5 a 6 vezes o lítio necessário para os veículos elétricos que serão fabricados nos EUA até 2032".
ESTATAIS DE LÍTIO NA AMÉRICA LATINA
As abordagens ao lítio nos países latino-americanos diferem, mas todas oferecem oportunidades para estabelecer laços comerciais, promover o desenvolvimento produtivo e garantir o abastecimento local.
Nesse sentido, Pamela Goicovich, presidente da câmara internacional do lítio, afirmou à BNamericas que a tendência de uma maior intervenção estatal no lítio latino-americano requer uma “visão de expansão conjunta e internacionalização, com laços sólidos entre os países para enfrentar a mudança de mentalidade global”.
Nos planos de lítio do Chile, Bolívia e México, o Estado desempenha um papel central, enquanto na Argentina, empresas provinciais como a Jemse de Jujuy ou a Camyen, em Catamarca, e a YPF Litio, unidade da petrolífera nacional YPF, fazem parte das PPPs.
Atualmente, a mineração argentina está debatendo uma proposta para aumentar os royalties recebidos pelas províncias de 3% para 5%, por meio de uma modificação na lei de investimento mineiro, no âmbito da Lei de Bases, que atualmente depende do Senado.
Apesar de implicar mais receitas para os governos provinciais, a Câmara Argentina de Empresários Mineiros (CAEM) apela à sua rejeição devido à ameaça à competitividade e aos investimentos. O sindicato argumenta que a nação já possui uma carga tributária elevada, conforme um comunicado.
No Chile, a estatal Codelco apresentou as cláusulas de uma parceria mista com a SQM que concederá 70% e depois 85% dos lucros da exploração do salar do Atacama no período de 2025 a 2060.
Enquanto isso, a Enami está processo em processo de aceitação de propostas de terceiros em formar uma parceria público-privada (PPP) ou financiar o projeto Salares Altoandinos, na Região do Atacama.
A estatal boliviana YLB está testando tecnologias de extração direta, por meio de acordos firmados com os players chineses CBC e Citic Guoan e a empresa russa Uranium One e busca parceiros para desenvolver projetos-piloto nos salares de Uyuni, Coipasa, Pastos Grandes, Capina, Cañapa, Chiguana e Empexa.
No México, a recém-eleita Claudia Sheinbaum prometeu durante a campanha presidencial consolidar a participação da estatal LitioMx e dar continuidade ao plano Sonora, criado pelo governo anterior para promover as energias renováveis e a exploração do lítio. Sheinbaum é aliada de Andrés Manuel López Obrador e assumirá o cargo no dia 1º de outubro.
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