Empresas estrangeiras fazem fila para impulsionar a indústria chilena de lítio

Empresas como Eramet, Wealth Minerals, Lithium Power International, Minera Salar Blanco, Simco e BYD estão se preparando a todo vapor para iniciar suas operações assim que o Chile publicar sua política nacional de lítio.

O Chile planeja criar uma empresa nacional de lítio para promover a indústria, agregar valor e promover cadeias produtivas com as comunidades como protagonistas.

No entanto, alguns players do setor temem que uma empresa nacional não seja o mecanismo mais ágil, pois o boom do lítio já começou e alternativas podem surgir para abastecer os mercados de veículos elétricos, sistemas de armazenamento de energia e equipamentos eletrônicos.

Durante um debate sobre políticas na comissão de mineração do Senado, Gustavo Lagos, acadêmico de engenharia de minas da Pontifícia Universidade Católica do Chile, propôs começar com a fase de inovação, tecnologias e diversificação produtiva.

“É muito difícil pensar que uma empresa que nem está formada e que ainda não tem governo corporativo possa começar a negociar sua participação na produção de lítio”, destacou.

A francesa Eramet tem interesse em associar-se ao Estado chileno. “Para apoiar futuras operações no país, estamos abrindo uma filial local”, disse Hubert Porte, representante da empresa, ao jornal El Mercurio.

Porte precisou que, em quase todos os treze países onde a Eramet opera, existe um regime de associação com o Estado ou com uma empresa estatal.

A canadense Wealth Minerals tem duas participações no Chile. Uma delas está localizada no salar de Ollagüe, na região de Antofagasta, onde está realizando uma fase inicial de exploração e preparando a perfuração para melhor caracterizar as salmouras. (Os detalhes podem ser conferidos no documento anexo, no lado direito da tela).

Na segunda, localizada no salar de Atacama, a Wealth possui 46.200 hectares e 144 concessões exploratórias, onde existe potencial de salmoura.

A Sorcia Minerals, sediada nos Estados Unidos, também está aberta a parcerias com o estado para aproveitar os preços atuais, disse o presidente da América Latina, Rodrigo Dupouy, à BNamericas. A empresa oferece tecnologias de extração direta que reinjetam até 92% da salmoura.

A Lithium Power da Austrália lidera o projeto Blanco no salar de Maricunga. Ela fez parceria com a Minera Salar Blanco em dezembro para atingir a produção de 15.200 t/a de carbonato de lítio para baterias em 20 anos.

O responsável da Salar Blanco, Cristóbal García-Huidobro, disse à comissão que prevê investir 700 milhões de dólares para iniciar a construção no segundo semestre, após mais de sete anos de trabalhos técnicos. Eles têm uma resolução de qualificação ambiental de 2020 e realizaram a consulta indígena sob a Convenção 169 da OIT.

A Simco, a empresa asiática Simbalik e o grupo chileno Errázuriz estudam um investimento de US$ 600 milhões na salina de Maricunga que contempla uma produção de 22 mil t/ano de hidróxido de lítio até 2025.

Apesar de ter uma licença da Comissão Chilena de Energia Nuclear, os planos geraram polêmica depois que o Ministério de Mineração e a empresa estatal de cobre Codelco concordaram em explorar a área como único proprietário.

A chinesa BYD planeja instalar uma fábrica de cátodo de lítio e investir em um projeto de lítio para garantir o abastecimento de sua operação de veículos elétricos, segundo sua presidente para as Américas, Stella Li.