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Empresas latino-americanas começam a adotar novas ferramentas de IA

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Empresas latino-americanas começam a adotar novas ferramentas de IA

O hype em torno da criação de conteúdo de inteligência artificial (IA), incorporado no ChatGPT, atraiu atenção significativa do setor privado da América Latina.

Até março deste ano, estima-se que a América Latina tenha contribuído com mais de 3.030 mil acessos ao ChatGPT, originando cerca de 10% das visitas no período, segundo dados compilados pela Similarweb. O Brasil foi o país latino-americano que gerou mais acessos, seguido da Colômbia e do México.

Rodrigo Scotti, co-fundador da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (Abria), acredita que as soluções de IA continuarão crescendo e se desenvolvendo, embora alguns especialistas alertem investidores e empresas para se concentrarem em casos de uso prático que podem ter um impacto significativo nas populações locais e em seus resultados.

“IA generativa avançada é uma ferramenta completamente diferente de qualquer outra. Não pode ser comparada com outras coisas. Está evoluindo e continuará evoluindo. As pessoas percebem as coisas de forma linear, mas a tecnologia se desenvolve exponencialmente”, disse Scotti à BNamericas.

De qualquer forma, alguns especialistas consideram que essas novas ferramentas elevam o debate a outro patamar, incluindo perspectivas sobre o futuro desenvolvimento cognitivo dos indivíduos diante da terceirização em massa de atividades criativas e empregos para máquinas.

Scotti, que também é CEO da empresa de IA Nama, reconhece que questões como propriedade intelectual, responsabilidade legal pelo conteúdo e proteção de dados podem ter que evoluir ao mesmo tempo. No entanto, ele vê o atual debate público como tendencioso e geralmente pouco informativo, dizendo que a IA pode fechar muitas lacunas de produtividade no Brasil.

“Traçando um paralelo com a programação tradicional, não é possível ser binário, mocinho versus bandido. Ainda há a narrativa de perda de empregos – que todos viveremos em um futuro distópico. Vamos tentar entender o que está acontecendo”, disse ele.

A Nama teve um crescimento de dois dígitos em consultas corporativas sobre IA desde dezembro. A maioria deles foram consultas, mas o executivo disse que sua empresa, que trabalha em soluções de IA baseadas em Large Language Models (LLM) desde 2019, tem alguns projetos alinhados.

Os LLMs são modelos fundamentais de aprendizado de máquina que usam algoritmos de aprendizado profundo para processar e entender a linguagem humana natural.

Empresas de software de gestão também estão avaliando soluções para empresas baseadas em tecnologias como o ChatGPT.

“Os testes que estão sendo feitos são com clientes representativos de diferentes setores. Há uma em particular na América Latina, com sede na Argentina”, diz Claudia Boeri, CEO da SAP Latin America South, à BNamericas. “O que a SAP pretende é ser capaz de gerar casos de uso replicáveis para essas indústrias.”

Internamente, a gigante alemã do software usa IA em seus laboratórios de criação de software para acelerar e encurtar os tempos de programação e emprega o ChatGPT para gerar linhas de código.

Boeri disse que a SAP normalmente testa o software por um período de um ano com clientes antes de lançá-lo ao mercado. Esses processos podem ser automatizados com IA para encurtar esses tempos.

A SAP também iniciou discussões com clientes para integrar o ChatGPT em seu software de planejamento de recursos empresariais (ERP). Os casos ainda são muito incipientes e permanecem sigilosos por enquanto.

A empresa de software de gestão Benner investirá R$ 13 milhões (US$ 2,6 mi) este ano em inovação de produtos, principalmente em pesquisa e desenvolvimento de ferramentas otimizadas de IA generativa.

“Neste mês [abril], lançaremos as primeiras soluções desenvolvidas com o ChatGPT para as verticais jurídica e de recursos humanos. E, ao longo do primeiro semestre de 2023, também disponibilizaremos outros aplicativos para as demais verticais atendidas pela Benner, como saúde, por exemplo”, disse o vice-presidente de inovação e tecnologia da empresa, Marcelo Murilo, em nota.

Programadores, desenvolvedores e analistas da equipe de inovação da Benner têm se esforçado para criar novas ferramentas que serão disponibilizadas para todo o mercado, incluindo empresas que não usam o software ERP da Benner, disse a empresa.

Uma pesquisa recente da Deloitte descobriu que sete em cada dez empresas brasileiras planejam investir em IA este ano. Os dados foram coletados de fevereiro a março entre 501 empresas com receita total representando 21% do PIB do Brasil.

Em geral, a principal frente de teste e uso de IA avançada e processamento de linguagem natural (NLP) tem sido o atendimento ao cliente, principalmente por meio de chatbots. Mas isso está mudando rapidamente.

A Petrobras está testando IA avançada em suas operações de fornecimento e aquisição, apurou a BNamericas. Estes testes estão ocorrendo junto com o desenvolvimento de supercomputadores em parceria com Nvidia e Supermicro.

INFRAESTRUTURA DE DADOS

O alto volume e consumo de dados gerados por modelos avançados de IA também impactará os datacenters em termos de espaço disponível, conectividade e consumo de energia.

O rápido tempo de resposta desses sistemas de IA exige latências cada vez menores, o que implica em melhor conectividade, enquanto a crescente capacidade dos servidores significará maior consumo de energia.

“Esses clusters de GPUs, que são superservidores que atendem à inteligência artificial, vão consumir muito mais watts e energia. Para a indústria de datacenter, será um desafio”, acredita Alexandre Alves, gerente de soluções integradas da Vertiv para a América Latina, à BNamericas.

Algumas estimativas são de que os datacenters consumirão 10% da energia mundial nos próximos cinco a sete anos.

“Historicamente falando, tínhamos internet, computação em nuvem, internet das coisas, 5G e, agora, inteligência artificial. Bitcoin e blockchain também trouxeram consumo excessivo de energia. Então nunca estamos na zona de conforto”, afirmou Fernando Ribeiro, coordenador de sistemas de telecomunicações na Odata.

“Nossa verdadeira preocupação agora é conectividade, baixa latência. Em termos de energia, estamos monitorando esse processo.”

A infraestrutura de TI adequada para dar suporte à IA generativa avançada pode ser muito cara para manter no local em comparação com um datacenter de colocation, acrescenta Ribeiro.

Para lidar com essa demanda adicional, as empresas de datacenter precisarão se ajustar. “A arquitetura de consumo de dados terá que ser repensada”, disse Alves, da Vertiv.

O treinamento e a implantação de modelos de IA em datacenters também envolvem um consumo significativo de água para gerar eletricidade para alimentar servidores e esfriá-los.

De acordo com o estudo Making AI Less Thirsty: Uncovering and Addressing the Secret Water Footprint of AI Models [“Diminuindo a sede da IA: revelando e resolvendo o uso secreto de água pelos modelos de IA”, em tradução livre], produzido pela Universidade do Colorado em Riverside e pela Universidade do Texas, o ChatGPT consome o equivalente a uma garrafa de 500 ml de água para cada conversa envolvendo 20 a 50 perguntas e respostas.

O estudo também revelou que o treinamento de GPT-3 nos datacenters de última geração da Microsoft nos EUA consome diretamente 700 mil litros de água doce (o suficiente para produzir 370 carros da BMW ou 320 veículos elétricos da Tesla).

“Até onde eu sei, ainda não existe um modelo de linguagem operando na América Latina, fisicamente falando”, disse Alves, referindo-se à localização de dados avançados de IA.

“Mas se esses sistemas se tornarem realidade em nossas buscas e operações diárias, teremos que construir muito mais hiperescala.”

Com reportagem adicional de Leticia Pautasio

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