EPR conquista concessão do lote 6 de rodovias do Paraná

O grupo brasileiro EPR, joint venture formada pela empresa de infraestrutura Equipav e pela gestora de fundos Perfin, venceu o leilão do lote 6 de rodovias do estado do Paraná, que deve gerar R$ 20 bilhões (US$ 3,24 bilhões) em investimentos.

A EPR foi a única participante do leilão desta quinta-feira (19), oferecendo um desconto de 0,08% na tarifa de pedágio.

O lote é composto pelas rodovias BR-163/277/469/PR e PR-158/180/182/280/483, totalizando 662 km de extensão – a maior concessão do estado.

As rodovias ligam Guarapuava às cidades de Cascavel e Francisco Beltrão, e também incluem três ligações internacionais na fronteira entre Brasil e Paraguai.

Segundo o pacote de contratos de concessão, a EPR precisará investir na duplicação de 462 km de estradas, além de construir 31,4 km de faixas adicionais e 87,1 km de vias marginais.

“O resultado de hoje demonstra nosso compromisso e motivação para assumir este contrato. Estamos em uma etapa significativa do programa de concessões de rodovias do Paraná, e é importante destacar o papel-chave desempenhado pelo Ministério dos Transportes e pelo governo do estado do Paraná. Eles estão impulsionando uma transformação no setor rodoviário, com modelos aprimorados e novas soluções para contratos de rodovias”, disse José Carlos Cassaniga, CEO do Grupo EPR, durante o leilão.

Os contratos de 30 anos fazem parte de um total de seis lotes de rodovias no estado do Paraná, três deles oferecidos nos últimos trimestres.

O pacote faz parte de um acordo entre o governo federal e autoridades do estado do Paraná, por meio do qual o governo federal assumiu a responsabilidade de estruturar os projetos que seriam oferecidos à iniciativa privada na forma de contratos de concessão.

O governo federal planeja oferecer os dois lotes restantes (4 e 5) no ano que vem, disse um porta-voz do Ministério dos Transportes à BNamericas.

O lote 4 inclui 628 km de rodovias e o contrato de 30 anos envolve um capex estimado em R$ 8,4 bilhões e o opex em R$ 6,10 bilhões. As principais obras do contrato incluem a ampliação de 175 km e a construção de 156 km de faixas adicionais. O leilão está previsto para até 30 de junho de 2025.

O lote 5, que cobre 430 km, provavelmente será oferecido em um leilão realizado até 30 de julho de 2025. O capex do contrato é estimado em R$ 4,59 bilhões, com opex de R$ 4,03 bilhões. A maior parte das obras necessárias envolve a ampliação de 238 km de estradas.

LEILÕES ANTERIORES

O consórcio Infraestrutura Brasil Holding XXI, liderado pelo Pátria Investimentos e que conta com o apoio do Public Investment Fund (PIF), fundo soberano da Arábia Saudita, venceu o leilão do lote 1 das rodovias do Paraná, realizado no ano passado.

Além disso, a EPR e a Perfin ganharam o contrato para administrar a concessão das rodovias do lote 2, também leiloado no ano passado. No início deste mês, a empresa de infraestrutura CCR venceu o leilão do lote 3.

FINANCIAMENTO

O Brasil vem avançando rápido na oferta de contratos de concessão de rodovias nos últimos trimestres, apesar do alto nível de taxas de juros e da desvalorização dos preços dos ativos brasileiros, da moeda local e das ações devido às preocupações dos investidores com a capacidade do governo de reduzir gastos e controlar a dívida no longo prazo.

O apetite persistente de investidores de longo prazo por esses contratos é justificado, em parte, pelo fato de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estar desempenhando um papel fundamental no financiamento dos projetos.

“O apoio do BNDES e dos parceiros do mercado de capitais é essencial para viabilizar projetos de grande escala, como iniciativas rodoviárias”, destacou Cassaniga, acrescentando que a EPR provavelmente buscará financiamento do BNDES para apoiar as obrigações de financiamento da empresa no novo contrato assumido.

No início desta semana, o BNDES concedeu financiamento no valor de R$ 5,05 bilhões para a concessionária de rodovias Nova Rota do Oeste ampliar 444 km da rodovia BR-163, principal corredor logístico do estado do Mato Grosso, potência nacional do setor de agronegócio.

Na operação, o BNDES subscreveu R$ 4,57 bilhões em debêntures emitidas pela concessionária e aprovou o financiamento no valor de R$ 475 milhões por meio da linha BNDES Finem, informou a entidade em um comunicado.

A oferta de debêntures foi coordenada pelo BNDES com o BNP Paribas, que também investiu na emissão. O projeto de duplicação desse trecho da rodovia, além da implementação de melhorias, envolve um investimento total planejado de R$ 9 bilhões.