EPR levanta R$ 1,3 bi para investir em obras rodoviárias em Minas Gerais

O grupo EPR, uma joint venture formada pela empresa de infraestrutura Equipav e pela gestora de recursos Perfin, captou R$ 1,3 bilhão (US$ 236 milhões) por meio de uma emissão de debêntures incentivadas para financiar obras no pacote de concessões da rodovia Triângulo Mineiro, em Minas Gerais.

A emissão foi estruturada com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), juntamente com o Bradesco BBI, unidade do banco Bradesco, e o Banco Santander.

O BNDES adquiriu R$ 187 milhões em debêntures.

“O sucesso da oferta [debêntures] mostra que o mercado enxergou valor no investimento e demonstrou grande apetite pelo ativo, de forma que o BNDES atuou de forma complementar aos investidores privados e aos demais bancos coordenadores, reduzindo a sua participação frente ao seu compromisso inicial de garantia firme de colocação de R$ 525 milhões para aproximadamente R$ 187 milhões. Uma prova de que Brasil voltou a investir em infraestrutura no governo do presidente Lula”, disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em nota.

Empresas da área de infraestrutura e saneamento no Brasil, que necessitam de financiamento de longo prazo, têm recorrido cada vez mais às debêntures para dar continuidade aos seus projetos, mesmo em um cenário de desafios de curto prazo devido às altas taxas de juros.

“Hoje no país temos essa disponibilidade de financiamento [debêntures] de longo prazo para as áreas de infraestrutura e saneamento. Tem instrumentos de dívida hoje que tem prazo de 10 anos, tem também o BNDES que dá crédito, então são situações que beneficiam projetos de infraestrutura que são de longo prazo”, apontou à BNamericas Ricardo Carvalho, diretor-gerente da área de Finanças Corporativas da Fitch Ratings no Brasil.

“Durante anos, o setor energético criou um cenário onde o crédito está sempre disponível e o setor de infraestrutura começa a seguir esse caminho também. Por conta disso, acho que para a área de infraestrutura essas linhas de longo prazo continuarão aparecendo, com os investidores continuando a financiar os setores”, acrescentou.

A emissão de debêntures da EPR tem vencimento em 17 anos, segundo a empresa.

Existem dois tipos principais de debêntures amplamente utilizados em projetos de infraestrutura: as debêntures incentivadas, que desde 2011 oferecem benefícios fiscais aos investidores, e as debêntures de infraestrutura, recentemente autorizadas, que garantem isenção de impostos para a empresa emissora.

De janeiro a julho, as empresas brasileiras levantaram R$ 83,6 bilhões por meio de debêntures incentivadas, ultrapassando o total registrado em todo o ano de 2023 (de R$ 63,8 bilhões), de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).

Os setores que mais emitiram debêntures no período foram energia elétrica, transporte e logística e saneamento, que somaram R$ 33,1 bilhões, R$ 20,7 bilhões e R$ 10,0 bilhões, respectivamente, segundo a Anbima.

Obras da rodovia Triângulo Mineiro

Os recursos obtidos pela EPR financiarão parte das obrigações assumidas pela empresa após vencer um leilão em 2022 para o pacote de concessão da rodovia Triângulo Mineiro. O contrato foi oficialmente assumido pela empresa no início de 2023.

O pacote compreende 627 km de rodovias e investimentos estimados em R$ 5,9 bilhões.

Os R$ 1,3 bilhão captados pela emissão de debêntures incentivadas serão destinados ao primeiro ciclo de investimentos do Lote 1, que totaliza R$ 2,1 bilhões a serem investidos até 2031.

A partir do terceiro ano de contrato, estão previstas obras estruturais e a ampliação de 55 km de faixas adicionais, 353 km de acostamentos, 36 km de duplicações, entre outras.

Já foram investidos aproximadamente R$ 327 milhões em obras e melhorias iniciais desde o início da concessão.