Escolha de Milei para a Secretaria de Mineração gera otimismo na Argentina

A eleição de Sergio Arbeleche para liderar a Secretaria de Mineração da Argentina no governo do presidente eleito, Javier Milei, despertou otimismo no setor.

O advogado especializado em mineração e negócios sustentáveis do escritório Bruchou & Funes de Rioja chega em um momento em que a indústria passa por diversos desafios no caminho para se tornar uma potência líder na mineração mundial.

Durante a campanha, Milei falou em ajustes econômicos, dolarização da economia, privatizações e deixar para trás um modelo com Estado onipresente, em linha com sua lógica de direita e de livre mercado.

O libertário foi eleito em segundo turno, no dia 19 de novembro, com 55,7% dos votos, ante 44,3% do atual ministro da Economia, Sergio Massa. O governo de Milei tomará posse em 10 de dezembro.

A Câmara Argentina de Empresas Mineradoras (CAEM) parabenizou Milei, enfatizando a importância da mineração para a recuperação do país. A indústria é o sexto maior exportador do país, gerando anualmente US$ 4 bilhões em exportações, com uma balança comercial positiva e 100 mil empregos, afirmou em comunicado.

“Até 2032, o setor pode triplicar suas exportações e aumentar a sua força de trabalho em 80%, se um contexto adequado for mantido. Para concretizar este potencial, é necessário um quadro [regulatório] com certezas básicas, como o respeito pelas leis em vigor, a livre disponibilidade de moeda estrangeira e o livre acesso às importações”, afirmou a CAEM.

Rodrigo Dupouy, presidente para a América Latina da Sorcia Minerals, empresa de tecnologia de extração direta de lítio (DLE), está confiante de que o novo governo impulsionará a indústria do metal branco.

“Do ponto de vista do investidor é muito atrativo, pois abre portas para oportunidades de negócios e novos empregos”, afirmou à BNamericas.

“No entanto, para isso será fundamental incentivar o investimento e proporcionar a segurança jurídica, institucional e econômica, da qual precisamos muito”, acrescentou.

Pablo Rutigliano, presidente da câmara latino-americana do lítio, disse à BNamericas que o novo governo deve promover um mercado claro para o lítio e outros minerais, com preços regulados, um Estado menos presente e sistemas mais eficientes.

“Baseados em uma estrutura de mercado de metais, garantir transparência, visibilidade, proteger os investimentos e tudo o que foi avançado. Proporcionar sustentabilidade econômica e social”, indicou.

Na área empresarial, Jose Marún, engenheiro de minas e diretor da Komatsu-Mitsui, disse no programa de mineração local que a primeira coisa é parar a inflação, mudar o sistema cambial, remover todas as limitações às importações e exportações, gerir a distribuição de dividendos e repatriação de capitais.

“Tais aspectos permitirão à Argentina ingressar na competição internacional da grande mineração”, afirmou Marún.

Somando os investimentos nos projetos de cobre El Pachón, Los Azules, Josemaría e Filo del Sol, que estão sendo desenvolvidos na província de San Juan, com Taca Taca em Salta, além de Mara, chega-se a um valor próximo de US$ 20 bilhões.

A indústria também pode “gerar mais de 100 mil empregos na fase de construção e não menos na fase de operação, desenvolver uma extensa cadeia de serviços e manutenção para mineração, desenvolvimento de infraestrutura, estradas, sistemas elétricos, aquedutos, minerodutos etc”, acrescentou o executivo.

Segundo o JP Morgan, a Argentina já está a caminho de ultrapassar o vizinho Chile na extração de lítio.