Garimpo ilegal se espalha no território equatoriano

Vários estudos e ações do governo mostram que o garimpo ilegal está ganhando espaço no Equador, especialmente na região amazônica.

Nos afluentes do rio Punino, localizados entre as províncias amazônicas de Napo e Orellana, a exploração informal da mineração aumentou 578% no ano passado, segundo estudo publicado pelo Projeto de Monitoramento dos Andes Amazônicos (MAAP).

Nos últimos três anos, o desmatamento causado pelo garimpo ilegal na área atingiu 217 hectares, segundo estudo realizado pela Amazon Conservation, organização sem fins lucrativos com sede em Washington, e pela entidade equatoriana Ecociencia, com apoio da Agência Norueguesa para o Desenvolvimento Cooperação (Norad)

“Nos últimos anos, especialmente a partir da pandemia da Covid-19, houve um aumento acelerado do garimpo ilegal”, disse à BNamericas Jorge Villa, especialista em sistemas de informação geográfica e sensoriamento remoto da Ecociência. “No caso do norte e centro da Amazônia, na área de Napo, Orellana e Punino, vimos acima de tudo como a mineração de ouro aluvial aumentou em um nível bastante forte”.

Usando imagens de satélite, as organizações denunciaram que, entre agosto de 2019 e outubro de 2022, cerca de 25 hectares foram afetados pela derrubada de árvores e extração de sedimentos devido à mineração ilegal de ouro no Parque Nacional Podocarpus, uma área protegida no sudeste do país.

Grupos ambientalistas de Napo também denunciaram no mês passado a presença de 60 retroescavadeiras nas margens do rio Jatunyacu, em frente ao município de Yutzupino, de onde o governo havia despejado 700 garimpeiros ilegais em fevereiro do ano passado.

Dados do governo de Guillermo Lasso mostram que os maiores problemas devido à mineração informal estão concentrados nas províncias amazônicas de Morona Santiago, Zamora Chinchipe e Sucumbíos, bem como nas províncias costeiras de Esmeraldas e El Oro e nas províncias do sul de Loja e Azuay.

Em janeiro, o governo declarou que o garimpo ilegal é uma ameaça à segurança nacional e garantiu que apoiaria totalmente as concessões estabelecidas legalmente. A decisão foi adotada após identificar que essa atividade tem vínculos diretos com outros crimes, como lavagem de dinheiro, narcotráfico e tráfico de armas, segundo o secretário de Segurança, Diego Ordóñez.

O garimpo ilegal tem sido um problema no Equador há anos, mas nos últimos tempos disparou alarmes, explicou à BNamericas o ex-vice-ministro de Mineração, Fernando Benalcázar.

A falta de instituições em questões como fiscalização e corrupção criou um “terreno fértil perfeito” para a mineração ilegal prosperar, ele destacou.

Em 2019, uma operação da qual participaram mais de 2,5 mil militares e policiais deslocou cerca de 10 mil garimpeiros ilegais que ocupavam a serra La Joroba, no norte do país.

No entanto, observa Benalcázar, até agora nenhum garimpeiro foi condenado.

Na foto: confisco em operação realizada na cidade de Buenos Aires, Equador.