
Gigantes da infraestrutura no Brasil estão em busca de fusões e aquisições

Grandes empresas de infraestrutura no Brasil estão buscando intensificar suas atividades de fusões e aquisições nos próximos meses. O objetivo faz parte de uma estratégia para levantar capital e garantir novos contratos em uma carteira cada vez maior de concessões.
A tendência mais notável está no segmento de rodovias, no qual o governo federal e os estados preparam dezenas de contratos de concessão.
“Grandes empresas de infraestrutura estão buscando renovar seu portfólio participando dos novos leilões, mas o mercado de ações no Brasil está fechado devido aos elevados níveis de taxas de juros”, disse à BNamericas Alexandre Pierantoni, diretor de finanças corporativas e M&A da Kroll.
“Como esse cenário e as taxas de juros não devem mudar no curto prazo, a tendência é que cada vez mais empresas vejam fusões e aquisições como uma estratégia de financiamento para sua evolução dos negócios”, acrescentou.
O Banco Central está no meio de um ciclo de aperto monetário, com a taxa básica de juros (Selic) atualmente em 13,25% e podendo chegar 15% nos próximos meses devido às contínuas pressões inflacionárias. Este ambiente está dificultando que as empresas levantem capital.
“Estas empresas possuem ativos de alta qualidade, mas querem se posicionar em novos. A tendência é que vejamos muitos negócios envolvendo a entrada de fundos de private equity nesses ativos, proporcionando alavancagem financeira para essas empresas”, explicou Pierantoni.
Entre os que estão tomando medidas nessa direção está o grupo de infraestrutura local CCR, que atua nos segmentos de rodovias, aeroportos e mobilidade urbana. A empresa contratou recentemente bancos para assessorar na venda de certos ativos de aeroportos e mobilidade urbana.
Nesta semana, a CCR confirmou notícias da imprensa de que contratou a Lazard e o Itaú Unibanco para avaliar a venda de parte de seus ativos aeroportuários, enquanto o Goldman Sachs e o BTG foram contratados para avaliar a venda de ativos de mobilidade urbana.
Os principais acionistas da CCR incluem Soares Penido, Grupo Mover, Itaúsa e Votorantim. A empresa opera a Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo por meio do consórcio ViaQuatro, além da Linha 5-Lilás, por meio da ViaMobilidade. A ViaMobilidade também está em uma parceria público-privada (PPP) para as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda de trens urbanos da CPTM.
Além disso, a CCR detém concessões para 20 aeroportos na América Latina e administra 3.615 km de rodovias em cinco estados brasileiros.
Já a EcoRodovias, operadora de rodovias controlada pelo grupo internacional ASTM, também está considerando vender certos ativos para renovar seu portfólio, segundo fontes do mercado. O portfólio da empresa inclui 11 concessões de rodovias totalizando mais de 4.712 km, bem como um ativo portuário, o Ecoporto.
A tendência de fusões e aquisições também está se estendendo a empresas menores. A Monte Rodovias, holding que controla as concessionárias de rodovias Bahia Norte, na Bahia, juntamente com a Rota do Atlântico e a Rota dos Coqueiros, em Pernambuco – as quais somam 182 km de extensão – está atualmente em processo de venda, segundo fontes do mercado.
LEILÕES PLANEJADOS
As atividades de fusões e aquisições estão se desenrolando à medida que as empresas buscam se posicionar para os próximos leilões com novos contratos de concessão. Este ano, o governo federal planeja realizar 15 leilões de concessões de rodovias, um dos quais já ocorreu. Combinados, tais certames visam atrair investimentos R$ 161 bilhões (US$ 27,8 bi) em investimentos.
“Já estamos no meio de um ciclo recorde de investimentos em rodovias e, como teremos mais leilões – não apenas do governo federal, mas também de vários governos estaduais –, o setor demandará muito mais recursos nos próximos anos”, disse à BNamericas Marco Aurélio de Barcelos Silva, CEO da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).
Em 28 de março, o estado de São Paulo leiloará um contrato de PPP para as linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM, as quais totalizam 124 km. O contrato de 25 anos requer investimentos de R$ 14,3 bilhões.
Uma pessoa familiarizada com o processo revelou à BNamericas que a CCR – juntamente com a chinesa CRRC e um novo consórcio formado pela francesa Transdev e pela empresa de investimentos brasileira Perfin – devem apresentar ofertas.
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