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Governo federal avalia próximo passo diante de tarifas de Trump sobre aço e alumínio

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Governo federal avalia próximo passo diante de tarifas de Trump sobre aço e alumínio

Observadores da indústria estão prevendo possíveis medidas retaliatórias do governo brasileiro após a decisão do governo dos EUA de aumentar as tarifas de importação de aço e alumínio.

Espera-se que a medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, tenha várias consequências econômicas e políticas.

Trump impôs uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e uma taxa de 10% sobre o alumínio, sob o argumento de que a medida “incentivaria o investimento e a expansão da produção por produtores nacionais de aço e mitigaria o comprometimento ameaçador da segurança nacional dos EUA”.

Essa política provavelmente prejudicará as relações comerciais entre os dois países, já que aço e alumínio estão entre as principais exportações do Brasil para os EUA. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China.

“A tarifa afeta diretamente grandes conglomerados siderúrgicos brasileiros, como CSN e Usiminas. Mas se levarmos em conta o que aconteceu durante o primeiro mandato de Trump [entre 2017 e 2021], ele primeiro anuncia uma tarifa e depois abre negociações – enquanto isso, um sistema de cotas poderia ser negociado, resultando em impactos menos agressivos, embora sempre devamos considerar a imprevisibilidade de Trump”, disse à BNamericas Mário Sérgio Lima, analista da Medley Global Advisor.

“De fato, isto já está acontecendo agora. Nos primeiros dias de sua administração, Trump anunciou tarifas contra vários países, mas logo depois abriu negociações para revisar pontos da agenda comercial entre os países”, acrescentou.

No entanto, diferentemente do primeiro mandato de Trump – quando o Brasil era governado por governos de direita, como Michel Temer (2016-18) e Jair Bolsonaro (2019-22) – o país agora é liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula viu seus índices de aprovação caírem nos últimos meses, em parte devido a pressões inflacionárias. Embora um confronto com o presidente dos EUA possa criar incerteza para as empresas, também pode ser politicamente vantajoso para Lula.

“Trump tem uma agenda exclusivamente focada nos EUA e atacou todos os outros países. A retaliação contra os produtos brasileiros afeta, em algum momento, todo o setor industrial, e esses líderes empresariais afetados tendem a apoiar a agenda nacionalista de Lula”, comentou Lima.

“Existe a possibilidade de que o cenário atual possa, de alguma forma, gerar dividendos de aprovação para Lula se entrarmos em um confronto nacionalista entre os países. É muito complicado para líderes políticos de direita no Brasil encontrar uma narrativa que defenda as medidas de Trump que atacam os interesses industriais no Brasil”, complementou.

Em 2024, as exportações brasileiras para os EUA totalizaram US$ 40,3 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 40,6 bilhões, resultando em um déficit comercial de US$ 253 milhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Do total de exportações do Brasil para os EUA, 14% consistiram em petróleo bruto, 8,8% em produtos semiacabados de ferro ou aço, 6,7% em aeronaves e equipamentos aeronáuticos, 4,7% em café não torrado, 4,4% em ferro-gusa, 4,3% em óleos combustíveis e 4,2% em celulose de madeira.

Já para a China, em 2023 o Brasil exportou US$ 94,4 bilhões em bens e importou US$ 63,6 bilhões. Um terço das exportações do Brasil para a China consistiu em soja, enquanto minério de ferro e petróleo bruto representaram 21% cada.

MERCOSUL E UNIÃO EUROPEIA

A decisão de Trump de impor tarifas generalizadas pode acelerar os esforços globais para diversificar as parcerias comerciais.

Nesse contexto, o acordo comercial há muito negociado entre o Mercosul – bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – e a União Europeia pode ganhar força.

“Dado o cenário atual, a Europa tende a ter mais interesse em um acordo com o Mercosul para alcançar uma maior diversificação comercial. O mesmo pode ser dito para o México e o Canadá, que atualmente são muito dependentes do comércio com os EUA e tendem a buscar mais conexões na América do Sul”, afirmou à BNamericas Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e sócio fundador da BMJ Consultores Associados.

“De uma perspectiva mais ampla, vejo que a agenda de Trump provavelmente gerará laços ainda mais estreitos entre os países da América Latina e a China, que já é, neste momento, o maior parceiro comercial da maioria dos países da região”, acrescentou Barral.

INDÚSTRIA SIDERÚRGICA

As tarifas de Trump chegam em um momento desafiador para a siderurgia latino-americana. Nos últimos anos, seus players demonstraram preocupações sobre um aumento nas importações da China, o que reduziu os preços e desacelerou os investimentos.

No ano passado, o governo brasileiro impôs tarifas para coibir importações de aço da nação asiática, permitindo que a indústria doméstica começasse a se recuperar. No entanto, as novas tarifas dos EUA podem reverter esses ganhos.

Em uma nota mais positiva, alguns analistas veem as tarifas como uma tática de negociação, sugerindo que elas podem ser parte de uma estratégia mais ampla para abrir negociações comerciais. As medidas protecionistas de Trump também podem enfrentar oposição doméstica.

De acordo com números da World Steel Association, os EUA produziram 81 Mt (milhões de toneladas) de aço em 2023, mas consumiram 90 Mt. Expandir a produção doméstica para fechar essa lacuna levaria algum tempo, potencialmente causando pressões inflacionárias significativas em setores econômicos importantes.

Enquanto isso, em 2024, o Brasil era o nono maior produtor de aço do mundo, com uma produção de 33,7 Mt. A China continuou sendo o player dominante, produzindo 1 Bt (bilhão de toneladas), enquanto os EUA eram o quarto maior produtor. O ranking está disponível aqui.

Apesar do impacto negativo nas exportações e nas empresas siderúrgicas locais, a Gerdau, uma das maiores produtoras de aço do Brasil, teve aumento no preço de suas ações. A empresa tem fábricas nos EUA, e a competição reduzida de importações pode, em última análise, beneficiar suas operações lá.

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