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‘Grandes operadoras degradam a qualidade da internet no Brasil’, diz AbraCloud

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‘Grandes operadoras degradam a qualidade da internet no Brasil’, diz AbraCloud

Com as empresas de telecomunicações pressionando para que as empresas de conteúdo invistam mais na expansão das redes de telecomunicações – a base do debate sobre a partilha justa –, as empresas que operam no setor de nuvem do Brasil estão se posicionando contra a iniciativa.

A Associação Brasileira de Infraestrutura e Serviços Cloud (AbraCloud), associação que representa empresas de serviços e infraestrutura em nuvem no país, vê a tributação de grandes empresas de tecnologia para fins de compartilhamento justo como prejudicial à inclusão digital, à internet livre e ao desenvolvimento geral do mercado, pois teria efeitos nos preços em toda a cadeia, afetando os clientes finais.

“Estamos chamando essa proposta de ‘imposto de GB’, e somos fortemente contrários a ela. As big techs já instalam, sem custo, CDNs, PoPs e outros equipamentos dentro dos provedores de acesso. Eles investem em cabos, redes, estruturas de dados. As grandes operadoras, por outro lado, não trocam tráfego. Elas degradam a qualidade da internet brasileira”, disse à BNamericas o presidente da AbraCloud, Roberto Bertó.

Anteriormente chamada de AbraHosting, os associados da AbraCloud não incluem Google, Amazon, Azure e outras grandes empresas de tecnologia. Seus cerca de 50 membros são principalmente empresas que fornecem serviços de hospedagem e nuvem, bem como algumas empresas de datacenter.

Dois de seus maiores membros são a Ascenty e a empresa de serviços de datacenter Under, cujo CEO é Bertó. A Ascenty também está negociando para se tornar membro da Associação Brasileira de Data Center (ABDC), apurou a BNamericas.

Bertó comentou que a AbraCloud pode se posicionar no debate, já que os provedores de conteúdo são, em última instância, clientes de seus associados.

Existem quase 3.000 provedores que trocam tráfego nos dois principais pontos de troca de internet (IXPs) do Brasil – São Paulo e Fortaleza –, mas nenhuma das grandes empresas de telecomunicações, disse ele.

Em geral, a interligação de prestadores num IXP simplifica o trânsito da internet e reduz o número de redes necessárias para chegar a um determinado destino. Isto melhora a qualidade, reduz custos e aumenta a resiliência da rede.

Bertó acusa grandes empresas de telecomunicações, como Claro e Vivo, de terem tráfego para algumas empresas e provedores indo para fora do Brasil, em vez de via IXPs no país. Rotas mais longas significam maior latência.

“Isto não é esporádico. É o tempo todo. A internet brasileira é pior porque essas grandes teles usam sua própria rede e não trocam tráfego nos IXs. Uma das nossas pautas é que elas entrem nos IXs”

IMPOSTOS

Outro item da agenda da AbraCloud é a redução de impostos sobre hardware, principalmente servidores e chipsets GPU para inteligência artificial (IA).

Segundo Bertó, as taxas de juros, as dificuldades de acesso ao crédito e os custos de importação destes produtos estão a prejudicar o desenvolvimento do mercado no país.

Esta questão é crucial no contexto do boom da IA generativa, que deverá gerar uma maior procura por estruturas de supercomputação e alojamento de centros de dados.

O Brasil tem atraído grandes investimentos de hiperscaladores de datacenters, mas Bertó afirma que eles estão concentrados e diz que o país pode ficar para trás na corrida da IA.

“A Nvidia está vendendo para os grandes demandantes, e o que sobra para os demais é pouco em termos de volume. Além do mais, é caro por conta dos impostos”, afirmou.

Segundo o executivo, um projeto experimental de uma empresa de hospedagem em nuvem pode custar R$ 500 mil (US$ 93 mil) só para GPUs. Contudo, se este player precisar escalar para colocar em produção, teria que gastar R$ 30 milhões.

Na sua opinião, esse número poderia ser reduzido para R$ 15 milhões sem a carga de impostos.

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