Iguá Saneamento vence concessão de saneamento de Sergipe com proposta de R$ 4,5 bi

Com a proposta de R$ 4,5 bilhões (US$ 803 milhões), a Iguá Saneamento venceu a concessão de serviços de saneamento oferecida pelo estado de Sergipe.

O valor mínimo exigido para o contrato de 35 anos foi de R$ 2 bilhões e os investimentos estimados chegam a R$ 6,3 bilhões.

No leilão desta quarta-feira (4), a Iguá superou as propostas das empresas de água BRK Ambiental e Aegea Saneamento, e da investidora Pátria Investimentos.

“O resultado do leilão de hoje mostra que o setor de saneamento no Brasil já está um tanto consolidado em termos de participantes do setor privado. Não vejo muito mais espaço para a entrada de outros novos players”, disse à BNamericas João Cortez, sócio da consultoria de infraestrutura Vallya.

Nos primeiros 10 anos, serão investidos cerca de R$ 4,7 bilhões, beneficiando 2,3 milhões de pessoas em 74 municípios.

“Divulgaremos os detalhes do financiamento em um momento futuro, mas o que posso compartilhar por enquanto é que ele consistirá em uma parcela de aporte de capital dos nossos atuais acionistas, que já foi aprovada, e uma parte será financiada, para a qual já temos compromissos firmes dos bancos. Portanto, na medida em que seja possível ter financiamento estruturado nesta fase, já o temos, mas continuaremos a revisar nossa estratégia ao longo do tempo”, declarou à BNamericas Roberto Barbuti, CEO da Iguá Saneamento, logo após o resultado do leilão.

A concessão foi estruturada com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Trata-se de uma concessão parcial porque a Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO) continuará a coletar e tratar a água bruta, enquanto a Iguá será responsável pelo fornecimento e expansão da rede.

De acordo com o contrato, a cobertura de água deve alcançar 99% das áreas urbanas de Sergipe até 2031, 99% das comunidades rurais até 2033, e os serviços de esgoto devem estar disponíveis para 90% até 2033.

A Iguá é controlada pela Canada Pension Plan (CPP) e pela Alberta Investment Management Corporation, ou Aimco, enquanto o BNDES tem uma participação minoritária.

OPORTUNIDADES E REGULAMENTOS

Empresas privadas ingressaram no setor após a aprovação de um novo marco regulatório em 2020, que incluiu obrigações para as administrações locais garantirem a cobertura total dos serviços de água até 2033.

O estado do Piauí deve oferecer uma concessão de água de R$ 9,57 bilhões em 30 de outubro. O leilão estava inicialmente previsto para 14 de agosto, mas as empresas interessadas solicitaram revisões do contrato, incluindo condições de financiamento aprimoradas.

A concessão abrange a operação e manutenção de uma rede de água potável de 5.253 km e 601 km de sistemas de esgoto. O edital original para a licitação pública estipula que o licitante que oferecer a menor tarifa mensal e o maior valor de concessão ganhará o contrato de 35 anos.

A concessão tem como objetivo fornecer água potável para 99% da população até 2033 e serviços de saneamento para 90% até 2040.

Recentemente, o Ministério das Cidades aumentou o limite sob o qual as empresas privadas podem financiar taxas de licitação de água com títulos locais, ou debêntures, de 50% do valor oferecido para 70%.

“Este ano, teremos as eleições municipais em outubro. Assim que os prefeitos eleitos tomarem posse em janeiro de 2025, as cidades já terão novas administrações. A partir daí, provavelmente, veremos mais contratos sendo oferecidos por municípios e até consórcios de municípios, em vez de governos estaduais, como aconteceu este ano”, observou Cortez.