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Investidores mostram interesse e cautela em financiamento de IA na América Latina

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Investidores mostram interesse e cautela em financiamento de IA na América Latina

Os fundos latino-americanos e os investidores globais de capital de risco focados na região estão interessados, mas ao mesmo tempo cautelosos em apoiar novas startups de IA.

Essa foi uma das principais conclusões dos painéis realizados pela Associação para Investimento de Capital Privado na América Latina (Lavca), com fundos e investidores em São Paulo.

“Investimos em empreendedores  latino-americanos, em estágio inicial. E temos sido obcecados por IA e pelas nuances da região em torno dessa tecnologia”, disse Jimena Pardo, sócia-gerente e cofundadora da HI Ventures, no evento.

HI é um fundo de capital de risco mexicano que investe em startups latino-americanas que promovem a inovação humana (human innovation), daí a sigla HI, com foco em e-commerce, pagamentos e outros. Entre seus investimentos, incluindo aqueles dos quais já saiu, estão empresas como Cornershop, Nuvocargo e Robinfood.

O investimento público mais recente do fundo foi na Perhaps, uma startup chilena considerada o primeiro espaço de trabalho “projetado para colaboração entre humanos e IA”. A HI Ventures liderou uma rodada de US$ 1,7 milhão na empresa em julho.

Em 2024, a HI Ventures fez três novos investimentos, todos em rodadas subsequentes, e espera fechar um quarto nos próximos dias, segundo Pardo.

‘FEBRE DA IA' E VALORIZAÇÃO

Carlos Krokon, vice-presidente e diretor administrativo da Qualcomm Ventures, com sede em San Diego, sinalizou que, em geral e em nível global, 2024 foi um ano mais lento para o fundo do que 2023.

Segundo ele, isso se deve em grande parte à ‘febre da IA’, já que a obsessão dos mercados com o fenômeno estaria elevando a valorização das startups. Krokon indicou que muitos no mercado acreditam que a IA é a maior onda tecnológica desde a Internet – até maior que o smartphone.

“As atribuições de valor são difíceis de compreender. Temos cerca de oito empresas de IA em nosso portfólio global, mas temos sido mais cautelosos quanto ao momento de entrar ou não no mercado”, comentou o líder da divisão de venture capital da fabricante de chips Qualcomm. O fundo tem  equipes no Brasil, Estados Unidos, Índia e Israel.

Muitas startups têm surgido com propostas diversas envolvendo IA, mas poucas têm teses sólidas e modelos de negócios convincentes.

Apesar disso, Krokon observou que o mercado “ainda está se corrigindo e continuará a se corrigir” quanto aos preços em geral

Um dos investimentos recentes da Qualcomm Ventures no Brasil foi na foodtech Aravita em 2023. A startup trabalha com supermercados utilizando IA para otimizar as compras e vendas com base em localização, clima e estação, entre outros fatores.

O fundo também concluiu recentemente uma rodada de investimentos não públicos, disse o executivo.

ESCASSEZ

Rodrigo de Baer, sócio-gerente da Upload Ventures, com sede em São Paulo, acredita que a escassez de capital em geral continuará ao longo de 2024.

O fundo, focado em apoiar empresas latino-americanas que “querem competir globalmente”, tem priorizado investimentos em startups de software como serviço (SaaS) e visa o segmento B2B no Brasil, México e Colômbia, entre outros.

O investimento mais recente da Upload foi na Pupila, uma plataforma de branding impulsionada por IA que otimiza a gestão de marketing, trabalhos criativos e comunicações de marca.

O fundo fez um novo investimento este ano, além de cinco investimentos subsequentes e, assim como a HI Ventures de Pardo, também tem outro financiamento pronto para ser assinado, revelou De Baer.

O fundo continua prospectando oportunidades em IA, assim como em outros segmentos, mas com cautela.

Rafa de Haro, cofundador e sócio-gerente da Cometa, com sede no México, comentou que sua empresa já alocou dois terços de seu terceiro fundo de investimento. No entanto, como outros grupos de VC, a Cometa sofreu uma queda de capital após a pandemia.

A empresa foi criada por chilenos e está “85% sediada no México”, disse Haro. Seus principais focos são o nearshoring e a IA.

A Cometa lançou seu primeiro fundo em 2021, no auge do crescimento de startups e IPOs. Apesar disso, ele disse que sua empresa busca evitar hiperciclos.

“Nosso plano era fazer nove investimentos por ano. Fizemos quatro em 2021. 2022 foi mais interessante, com 10 investimentos”, afirmou Haro. Já em 2023, a Cometa não fez nenhum investimento.

Alguns investimentos no portfólio do fundo incluem empresas como Bitso e Cabify; plataformas locais de pagamento e empréstimos como Conekta e Kueski; players regionais de fintech como Simetrik e Prometeo; e empresas globais hispânicas como Territorium e WelcomeTech.

A Pulsar foi o investimento mais recente da empresa, o único até agora este ano, e foca em IA e nearshoring. A Pulsar trabalha com fabricantes latino-americanos, ajudando-os a digitalizar suas operações industriais com uma plataforma baseada em IA.

A rodada de financiamento de US$ 8 milhões foi liderada pela Cometa, com participação da Seaya Cathay Latam, Kayyak Ventures e ACV_VC.

PERSPECTIVAS

Todos os investidores de venture capital que participaram dos painéis concordaram que a queda na disponibilidade de capital após o auge da pandemia está provocando o que seria uma correção saudável das valorizações. Além disso, está ocorrendo uma “seleção natural” de startups.

“Nesta indústria, devemos sempre adotar uma visão de longo prazo. Vemos esses ciclos e é importante ter disciplina. Não é porque você tem capital que pode investir a qualquer custo”, assinalou Kokron, acrescentando que todas as principais perspectivas para o financiamento de VC estão “tendendo a subir”.

"Passamos por um período de taxas de juros muito baixas e nos acostumamos com isso, achando que seria para sempre. Mas não é o caso. 2019, 2020 e 2021 uma loucura absolutamente loucos em nível mundial, e mais ainda na América Latina porque não estávamos acostumados a isso", acrescentou.

Na mesma linha, De Baer afirmou que “a festa não voltará tão cedo”, e observou que há poucas rodadas série A acontecendo na América Latina e menos ainda rodadas série B ou C.

Segundo De Baer, atualmente, há pelo menos nove fundos série A no mercado brasileiro que tentam levantar capital para investir, mas sem sucesso devido às condições gerais, com a janela de IPO fechada.

“Vejo a escassez de capital persistindo”, avaliou.

Sobre o crescimento da IA, Pardo, da HI, acredita que o mercado ainda não viu na América Latina o mesmo entusiasmo em torno da IA como no Vale do Silício.

Ela disse que uma empresa de IA na América Latina não é tão valorizada quanto em mercados avançados. "Isso pode ser bom para investidores."

MERCADO

Um estudo recente da Endeavor mostra que o México foi o país latino-americano com o maior crescimento no número de empresas focadas em IA nos últimos seis anos.

A Endeavor é um fundo de coinvestimento com sede em Nova York e focado em mercados emergentes, com escritórios em nove países e territórios da América Latina.

Em 2018, segundo um estudo realizado com o Santander México, havia 34 empresas dedicadas à IA no país, número próximo ao do Chile (28) na época, embora distante do líder Brasil (124).

Na metade deste ano, o México tinha 362 empresas de IA (+965%), o Brasil 728 (+487%) e o Chile 170 (+471%), de acordo com o relatório “La era de la IA en México. Panorama, tendencias y datos 2024”.

O estudo aponta que as 362 empresas de IA no México geraram 11.000 empregos e levantaram mais de US$ 500 milhões em investimentos. Apesar disso, apenas 1% das empresas de tecnologia no país estão investindo em modelos de IA generativa.

FINTECHS

No Brasil, 53% das fintechs focadas em crédito planejam investir em IA nos próximos dois anos, segundo um estudo da Associação Brasileira de Crédito Digital e da PwC Brasil.

Em segundo e terceiro lugar, respectivamente, estão o machine learning/deep learning (23%) – que também são baseados em algoritmos – e o blockchain/tecnologias distribuídas (18%).

O estudo mostra que o setor de crédito digital já utiliza IA para modelagem e avaliação de crédito, com o objetivo de determinar corretamente a elegibilidade do consumidor para crédito e as taxas mais adequadas a serem cobradas.

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