Investimentos no setor de celulose abrem caminho para projetos de infraestrutura e energia no MS

Investimentos no setor de celulose do Mato Grosso do Sul estão ajudando a impulsionar projetos de infraestrutura e energia no estado brasileiro.

O governo do estado oferecerá a concessão de 30 anos das rodovias BR-262, BR-267, MS-040, MS-338 e MS-395 – a chamada Rota da Celulose – em um lote único no dia 5 de dezembro. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 9 bilhões (US$ 1,65 bilhão).

“Os investimentos são para ampliar e antecipar melhorias na malha viária. Serão 135 km em duplicações, 457 km de acostamentos, 203 km em terceiras faixas, 12 km de marginais”, detalhou o governo em nota à imprensa.

Logo após o anúncio do leilão, a gigante chilena dos setores de celulose e madeira Arauco autorizou um investimento de US$ 4,6 bilhões para construir uma fábrica de celulose no Mato Grosso do Sul.

A planta terá capacidade para produzir 3,5 Mt/ano de fibra de eucalipto e iniciará as operações no quarto trimestre de 2027. O complexo também inclui um projeto de energia. 

“A fábrica da Arauco vai gerar mais de 400 MW de eletricidade, dos quais cerca de 200 MW serão destinados para o consumo interno da unidade industrial e o restante para venda ao sistema. A energia excedente – suficiente para abastecer uma cidade de mais de 800.000 habitantes – será disponibilizada ao sistema nacional”, segundo um comunicado.

As empresas de celulose Eldorado Brasil e Suzano também planejam investimentos consideráveis.

Em abril, a J&F, holding que controla a Eldorado Brasil, anunciou um investimento de R$ 25 bilhões na expansão de sua unidade de Três Lagoas para aumentar a capacidade de produção de celulose de 1,8 Mt/ano para 2,6 Mt/ano. A empresa também pretende construir uma linha ferroviária de 90 km, relatou um porta-voz da empresa à BNamericas.

Por outro lado, a J&F também está no centro de uma grande disputa judicial.

“A alta produtividade do eucalipto no estado, matéria-prima para produção de celulose, atrairá muitos investimentos para a região. Mas, ao mesmo tempo, a disputa arbitral envolvendo os ativos da Eldorado é um imbróglio jurídico que gera um aumento na percepção de riscos jurídicos no país”, disse à BNamericas um advogado do setor de infraestrutura especializado em arbitragem, que pediu anonimato.

A Eldorado está envolvida em um processo de arbitragem porque a J&F quer suspender a venda do controle da empresa para a Paper Excellence, da Indonésia. Não se sabe ao certo quando o processo será concluído.

Em 2017, a J&F vendeu o controle acionário da Eldorado Brasil para a Paper Excellence, mas a arbitragem foi iniciada em 2018 após desentendimentos entre as empresas.

Vários árbitros abandonaram o caso após disputas que sugeriam conflitos de interesse.