Mais de 70% da água da mineração de cobre no Chile virá de usinas de dessalinização até 2033

A água dessalinizada representará 71% da água usada pela indústria chilena de cobre em 2033. E entre 2028 e 2030, o Chile deverá atingir a produção recorde de cobre de mais de 7 Mt/ano,  segundo relatório da Comissão Chilena de Cobre (Cochilco).

“O pico é explicado pela contribuição produtiva de iniciativas como desenvolvimento de infraestrutura e melhoria da capacidade produtiva de Collahuasi, Santo Domingo, desenvolvimento da Minera Centinela, Nueva Unión Fase I, Los Bronces Integrado e Sulfuros RT Fase I [Codelco, División Radomiro Tomic]”, disse à BNamericas Víctor Garay, diretor de estudos e políticas públicas da agência.

Uma vez em andamento, entre 2025 e 2030, esses projetos adicionarão 1 milhão de toneladas/ano (Mt/a) de cobre. Mas sofrerá uma baixa para 6,64 Mt em 2032 e 6,58 Mt em 2033, com a previsão de fechamento de 36 operações de sulfeto e óxido de cobre, segundo o relatório.

“A maior queda é estimada para operações de óxido para as quais não são observados projetos de reposição que permitam sua continuidade”, destacou Garay.

Neste cenário, o uso de água dessalinizada aumentará devido à seca persistente e ao esgotamento dos recursos de óxido nessas e em outras operações, deixando os sulfetos de cobre virem à tona. Enquanto os óxidos podem ser lixiviados, os sulfetos precisam ser tratados em concentradores, que serão responsáveis por 86% do consumo de água nos processos de mineração para 2033, segundo a Cochilco.

Estima-se que a produção do ano passado tenha atingido 5,35 Mt, encerrando um ciclo de queda causado pela pandemia. Para este ano, a expectativa é de 5,65 Mt.

USO DE ÁGUA

Embora o setor de mineração representa apenas 0,7% do consumo de água do país, muito atrás da agricultura, dos serviços de água potável e de outras indústrias, o cadastro da Cochilco identifica 13 unidades de dessalinização relacionadas à mineração, de um total de 23 instalações ativas no país.

A mineração é responsável hoje por 80% da capacidade de dessalinização nacional, segundo um relatório do Congresso.

Além disso, existem 15 projetos em diferentes estágios de andamento ou planejamento, entre os quais também se combinam sinergias com outras operações de mineração ou outros setores. Com isso, o uso de água continental diminuirá 45% até 2033 em comparação com 2021, apontou a Cochilco.

“O desenvolvimento da infraestrutura compartilhada faz parte da visão de longo prazo que precisamos desenvolver”, afirma o documento.

O Chile é o maior produtor mundial de cobre e referência em dessalinização na América Latina.