Megaprojeto chileno de amônia verde de US$ 11 bi entra em revisão ambiental

O desenvolvedor austríaco AustriaEnergy apresentou para revisão ambiental no Chile um projeto de amônia verde no valor de US$ 11 bilhões, elevando para seis o número de projetos no setor de hidrogênio verde nesta etapa.

Batizado de HNH Energy e projetado para Magalhães, região de enorme potencial eólico, o projeto conta com múltiplos componentes voltados para a produção e transporte da matéria-prima industrial e combustível sem emissões de carbono.

Em termos de investimento necessário, o HNH Energy supera outros projetos em revisão.

A amônia verde é produzida pela combinação de hidrogênio verde com nitrogênio, que pode ser separado do ar.

A construção, prevista para começar em julho de 2026, exigirá seis anos, de acordo com os documentos protocolados na agência de revisão ambiental SEA. O projeto, com vida útil de 50 anos, está previsto para o distrito de San Gregorio, cerca de 120 km a nordeste de Punta Arenas.

A capacidade planejada de produção de amônia verde é estimada em 6.600 t/d (toneladas por dia).

Com a entrada do HNH Energy no sistema, o número de projetos do setor em análise sobe para seis, totalizando cinco plantas e um parque eólico vinculado a uma delas.

Dada a sua relativa facilidade de armazenamento e transporte em comparação com o hidrogênio verde, a amônia verde, bem como os e-fuels, são os derivados preferidos dos produtores focados em exportação.

“Este projeto é um marco para a região de Magalhães, já que é o primeiro, dentre os projetos de produção de amônia verde planejados para a região, a entrar no sistema de revisão ambiental”, disse à BNamericas Pamela Delgado, diretora-executiva do órgão chileno de pesquisa de amônia verde MIGA. 

Dado que o HNH Energy compreende – em um único projeto – não apenas uma instalação de produção de amônia verde, mas também uma unidade de dessalinização, oleodutos e um porto, todo o processo de avaliação estabelecerá um precedente, acrescentou Delgado.

O Ministério de Energia, por sua vez, afirmou que o investimento é o maior da história do serviço de revisão ambiental.

Um ponto frequentemente destacado em eventos sobre hidrogênio é que, dadas os excelentes recursos energéticos renováveis do Chile, a amônia verde produzida localmente pode se tornar competitiva, mesmo considerando os gastos logísticos.

Atualmente, os principais desafios enfrentados pelos desenvolvedores envolvem a redução dos custos unitários e a garantia de contratos de compra sólidos.

Mais de 65 projetos foram anunciados no Chile, embora os detalhes da maioria ainda não estejam disponíveis.

De acordo com os dados de abril da câmara setorial H2 Chile, 38% estão localizados na região norte de Antofagasta e 28% em Magalhães. Em nível nacional, quase metade dos projetos é voltada exclusivamente ao mercado doméstico e cerca de um quarto para exportação.

Componentes principais do projeto HNH Energy: 

- Planta de hidrogênio verde e amônia verde (Haber Bosch)

- Sistema de ventilação

- Central de dessalinização e infraestrutura associada

- Estações de tratamento de águas residuais

- Parque eólico de 1,4 GW (194 turbinas)

- Subestação

- Armazenamento de energia (baterias)

- Separador de nitrogênio

- Porto multipropósito e terminal de 6 docas (para importação de componentes do projeto e exportação de amônia)

- Linhas de energia subterrâneas

- Tubulação subterrânea de amônia

- Tubulação de água dessalinizada

- Armazenamento de hidrogênio

- Armazenamento de amônia

- Plantas temporárias (fase de construção) de concreto e dessalinização

A descrição do projeto pode ser baixada na caixa no topo da página.

Outros projetos de hidrogênio no Chile que estão na fase de licenciamento incluem: 

Projeto: Cabo Negro
Região: Magalhães
Produção: e-fuels
Capex: US$ 830 milhões
Proprietário: HIF

Projeto: Hidrogênio verde para o distrito de mineração de Calama
Região: Antofagasta
Produção: hidrogênio verde
Capex: US$ 423 milhões
Proprietário: Susterra

Projeto: Planta de produção de Quintero
Região: Valparaíso
Produção: hidrogênio verde
Capex: US$ 30 milhões
Proprietário: GNL Quintero

Projeto: Volta
Região: Antofagasta
Produção: amônia verde
Capex: US$ 2,5 bilhões
Proprietário: MAE

Um parque eólico – o Faro del Sur, de US$ 500 milhões, conectado à planta planejada Cabo Negro – também está em avaliação.