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Mineradoras do Equador avaliam autogeração em meio à crise energética

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Mineradoras do Equador avaliam autogeração em meio à crise energética

A crise energética do Equador, causada, entre outros fatores, pela pior seca em mais de 60 anos, evidencia o fato de que o fornecimento de eletricidade, incluindo a autogeração, será fundamental para o desenvolvimento de projetos de mineração no país.

“No governo federal, estamos trabalhando para encontrar soluções para evitar que todos os setores produtivos, entre eles a mineração, sejam comprometidos. No caso da mineração, além de aceitar o aumento das tarifas AV2, as empresas devem implementar soluções próprias para cobrir suas necessidades energéticas”, disse à BNamericas a vice-ministra de Minas, Rebeca Illescas.

As tarifas AV2 são aplicadas aos consumidores industriais de alta tensão.

No início do mês, e em plena crise energética, o Equador elevou as tarifas de eletricidade aplicáveis a esses grandes consumidores. A lista inclui as duas empresas que possuem minas em escala industrial no país: a canadense Lundin Gold e a EcuaCorriente, de capital chinês.

A vice-ministra destacou que as mineradoras com projetos no Equador devem considerar a autogeração de eletricidade em seus investimentos para evitar problemas de abastecimento.

“O governo federal estabeleceu que este setor deve integrar fontes de energia próprias, financiadas através dos investimentos previstos em seus projetos, e estamos monitorando para que este requisito seja devidamente cumprido”, afirmou.

O Equador obtém 80% de sua eletricidade de usinas hidrelétricas. Cerca de 90% dessas usinas estão localizadas na região que é atingida pela seca ano após ano, com cada vez mais intensidade devido às mudanças climáticas. Por isso, especialistas preveem que serão necessários vários anos para diversificar a matriz para acabar com a crise energética.

No momento, o país sofre com cortes de energia de 12 horas por dia – e de até 14 horas no caso do setor industrial.

Em outubro, o operador de rede nacional Cenace pediu que grandes empresas reduzissem o consumo de eletricidade e buscassem a autogeração.

O Equador tem apenas duas minas industriais em produção, a mina de ouro Fruta del Norte (FDN), da Lundin Gold, e a mina de cobre Mirador, da EcuaCorriente, mas há uma série de projetos em andamento.

A FDN consome em média 17 MW e mantém um plano voluntário de autogeração parcial que permite que a unidade opere continuamente com 50% da eletricidade derivada do diesel.

Mirador, por sua vez, requer 87 MW e tem 4 MW de capacidade de autogeração. A empresa planeja aumentar sua taxa de processamento das atuais 60.000 t/d para 140.000 t/d quando concluir o projeto Mirador Norte, que, segundo especialistas, deve ao menos dobrar a demanda de eletricidade.

A mina Mirador foi desconectada do sistema nacional no dia 16 de outubro, atendendo a um pedido da ministra interina de Energia e Minas, Inés Manzano, para aliviar a carga da rede.

O contrato de exploração da EcuaCorriente, assinado com o Estado em 2012, inclui o compromisso de construir a central hidrelétrica Santa Cruz-Hidrocruz, avaliada em US$ 216 milhões, para gerar 138 MW e garantir o abastecimento em longo prazo de Mirador.

A empresa não construiu a usina, mas Illescas destacou que as autoridades estão conversando com a mineradora e insistiu que “todos os projetos devem ter geração própria”.

NOVOS PROJETOS

Entre os projetos de grande porte avançados e que terão uma demanda significativa de energia elétrica, tanto para sua construção quanto para operação, estão Cascabel, da australiana SolGold, que teria início com a construção da primeira etapa em 2026; Warintza, para o qual a canadense Solaris Resources espera ter todas as licenças necessárias para iniciar a construção até 2027; e Cangrejos, cujo estudo de viabilidade será concluído pela Lumina Gold em maio ou junho do ano que vem.

Para Cascabel, a SolGold prevê a construção de uma hidrelétrica que forneceria 90% da energia elétrica necessária, e pretende combiná-la com 10% de energia solar. A hidrelétrica de 220 MW custaria entre US$ 400 milhões e US$ 500 milhões.

A Solaris está avaliando alternativas para cobrir as necessidades energéticas de Warintza, disse Ricardo Obando, gerente da Lowell Mineral, subsidiária da Solaris no Equador, em entrevista à BNamericas em julho.

Na fase de operação, a mina exigiria entre 230 MW e 260 MW, por isso, a empresa estuda alternativas de autogeração ou alimentação derivada de projetos de autogeração existentes em outras áreas do país, através de parcerias público-privadas.

A Lumina Gold, por sua vez, planeja instalar três usinas de 50 MW cada para Cangrejos, segundo relatos do vice-presidente da companhia, Diego Benalcázar, durante um evento organizado pela Câmara de Mineração do Equador no mês passado. Na ocasião, os participantes concordaram com a necessidade de incluir a autogeração elétrica nos orçamentos dos projetos de mineração.

Empresas com projetos de mineração de médio porte – como SilverCorp e Salazar Resources, com Curipamba, e Atico Mining, com La Plata – também buscam alternativas de geração.

O gerente de desenvolvimento corporativo da Salazar Resources, Freddy Salazar, disse à BNamericas que a mineradora está em busca de uma planta de 10 MW para o projeto.

A Atico também avalia a instalação de uma termelétrica de 10 MW para o projeto quando houver problemas de fornecimento de eletricidade no país, disse recentemente à BNamericas o presidente da companhia, Alain Bureau.

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