Mudanças climáticas ameaçam projetos de dessalinização no Chile

A indústria chilena de mineração está usando cada vez mais água dessalinizada para garantir a sustentabilidade das operações. Contudo, manter a eficiência operacional, integrar tecnologias e mudanças climáticas representam desafios que podem retardar o desenvolvimento dos projetos.

Das 24 usinas de dessalinização em operação, 17 atendem ao setor de mineração, enquanto diversas expansões também estão em andamento.

Os gargalos são causados pela falta de regulamentações para construção e operação de usinas e, mais importante, pelas mudanças climáticas.

O aumento do nível do mar e as tempestades mais frequentes causadas pelas mudanças climáticas estão danificando a infraestrutura, inundando áreas onde as usinas poderiam ser construídas e alterando a dinâmica geológica. A opinião é de Daniel Rojas, especialista em engenharia do Brugg Group, que falou durante o congresso Desalination Latin America 2025, organizado pela Vostock Capital em Santiago.

Rojas explicou que a implementação de represas ou depósitos de sedimentos marinhos e a restauração de zonas úmidas poderiam amortecer os efeitos desses desenvolvimentos, mas as mudanças climáticas ainda colocam em risco a sustentabilidade das usinas de dessalinização.

Além disso, o aumento das temperaturas afetará as operações da usina e a qualidade da água. “Quanto maior a temperatura, maior a taxa de sal na água usada pelas mineradoras. Portanto, é muito importante implementar as tecnologias adequadas para que, apesar das mudanças de temperatura, a mesma qualidade de água possa continuar sendo entregue”, disse à BNamericas Víctor Casarreal, diretor de vendas para a América Latina da LG Chem, durante o evento.

A LG Chem está desenvolvendo uma tecnologia de membrana para otimizar a osmose reversa.

A Comissão Chilena do Cobre (Cochilco) estima que o consumo de água no segmento aumentará a uma taxa média anual de 2,3% até 2034, enquanto a demanda por água do mar aumentará em 157% em comparação a 2022.

A BHP opera usinas para abastecer suas operações de cobre em Escondida e Spence, a Teck Resources tem uma usina para Quebrada Blanca, a Antofagasta Minerals para Los Pelambres, a Lundin para Candelaria e a CAP para sustentar as operações de sua subsidiária de minério de ferro CMP.

Outros projetos incluem:

• Duplicação da capacidade da planta de Los Pelambres para 800 l/s (litros por segundo) na região de Coquimbo em um projeto de adaptação operacional;
• Uma planta de 1.050 l/s para a Compañía Minera Collahuasi, na região de Tarapacá;
• Construção da planta Distrito Norte, de 840 l/s, da mineradora estatal Codelco para abastecer Chuquicamata, Radomiro Tomic e Ministro Hales, na região de Antofagasta – há planos de expansão para 1.956 l/s.

A expansão das unidades de cobre El Abra e Nueva Centinela, da Freeport-McMoRan, localizadas na região de Antofagasta, também incluem um componente de dessalinização.