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Nova liderança deve restaurar relações entre setor privado e governo

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Nova liderança deve restaurar relações entre setor privado e governo

Com sua nova liderança, a maior associação empresarial do México (CCE) está preparada para restabelecer relações amistosas com o presidente Andrés Manuel Lopez Obrador (AMLO) para ajudar a promover a recuperação econômica, oferecendo oportunidades como programas de infraestrutura.

Francisco Cervantes Díaz (na foto, à direita), nomeado chefe do CCE em 2 de março, “não deve apenas buscar um diálogo com o presidente, mas também aproveitar sua experiência para iniciar um debate com os principais líderes do setor público”, apontou José Ignacio Martínez, chefe do think tank mexicano Lacen, em entrevista à BNamericas.

De acordo com Martínez, a trajetória de Cervantes pode ajudar o setor privado a virar a página após três anos de desentendimentos com AMLO, que vão desde o cancelamento da cervejaria Constellation Brands, de US$ 1,4 bilhão, no estado de Baja California, até a reforma do setor elétrico planejada para reduzir a participação de mercado do setor privado para 46%.

“Com Francisco Cervantes Díaz como novo presidente [da associação], a liderança do corpo diretivo do CCE é retomada”, disse Martínez.

O novo presidente do CCE também liderou a associação empresarial Concamin de 2018 a 2021 e adquiriu ampla experiência industrial, financeira e de administração pública como vice-secretário da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (Sedeco) do estado do México.

À frente da Concamin, Cervantes cultivou um bom relacionamento com AMLO, que o reconheceu como um importante ativo do setor privado.

Cervantes liderava a associação quando o governo chegou a um acordo com nove governadores do sudeste e a Concamin, em 2019, para ajudar a estimular o desenvolvimento econômico da região por meio do Pacto de Oaxaca, composto por 39 projetos que exigem 60 bilhões de pesos (US$ 3 bilhões).

O programa está em fase inicial, em busca de investimentos. Porém, em seu novo cargo, Cervantes pode ajudar a impulsioná-lo, juntamente com o Programa Nacional de Infraestrutura (PNI) 2020-2024, há muito atrasado, que o CCE está coordenando com o Ministério das Finanças do país.

“A Concamin tem sido uma organização empresarial mais inclinada ao consenso e ao diálogo do que ao confronto. Isso, somado ao perfil de Francisco Cervantes, prevê um novo diálogo com o governo”, analisou Martínez.

Cervantes foi escolhido para o mandato de 2022-2023 pelas 14 associações e organizações do setor privado que compõem o CCE para substituir Carlos Salazar Lomelín, que, durante seus três anos no comando, entrou em confronto com AMLO.

“Salazar atuou mais como funcionário da [Fomento Económico Mexicano] Femsa do que como líder empresarial. Esse não é o caso de Cervantes, que tem uma longa trajetória em assuntos corporativos, especialmente no setor de manufatura. Por isso ele foi nomeado chefe da Concamin”, disse Martínez. Ele acrescentou que Cervantes tem “mais elementos necessários neste momento para aumentar o PIB do país, já que a economia está se inclinando para o setor industrial”.

Ruptura de AMLO com o setor privado

Embora as divergências entre o presidente e o setor privado fossem evidentes, AMLO divulgou em 3 de março que seu governo viveu uma “ruptura” com as associações – e, consequentemente, com o setor privado – por mais de um ano, após uma discrepância na aquisição de dívida durante o pico da pandemia.

“Pediram-me duas coisas: a aquisição de dívidas para conceder empréstimos a juros baixos ao setor empresarial e a declaração de moratória no pagamento de impostos, ou seja, que não fossem recolhidos impostos”, afirmou o presidente em uma entrevista coletiva, acrescentando que sua resposta foi “não”.

Essas declarações foram feitas após as críticas do magnata dos negócios Carlos Slim ao setor, que, segundo ele, se envolveu em confrontos “estúpidos” que não levaram a lugar nenhum com o governo.

Brigar “não ajuda em nada. Acredito que, quando um governo é eleito democraticamente, devemos respeitá-lo, dialogar com ele e tentar apresentar abordagens, ideias e programas. Entrar em conflitos por capricho ou questões ideológicas é um disparate”, disse ele diante de Salazar em um evento organizado pelo CCE.

“O confronto é estúpido, prejudica o México, prejudica a empresa, prejudica o governo e prejudica a todos. O que devemos fazer é trabalhar juntos”, concluiu.

Slim apoiou fortemente o governo AMLO, que escolheu empresas controladas por ele para grandes projetos, como o trecho dois do trem Maia, de 235 km, entre Escarcéga e Calkiní, em Campeche.

Programa de infraestrutura

Uma questão que Salazar deixou para Cervantes é a apresentação do terceiro pacote do programa de infraestrutura do México, que está supostamente pronto e aguardando aprovação governamental.

Recentemente, Salazar disse ao jornal Milenio que o pacote final de projetos estava pronto, mas não tinha sido apresentado porque o país vivia um “período de silêncio” devido à votação do referendo de 10 de abril sobre a revogação da presidência [de AMLO].

O período de silêncio para a votação, em que os mexicanos decidirão se AMLO permanecerá no poder até o final de seu mandato de seis anos, em 2024, começou em 4 de fevereiro.

“Não pudemos apresentá-lo, mas o terceiro pacote está chegando”, declarou, acrescentando que os 68 projetos envolvendo 526 bilhões de pesos do primeiro e segundo pacotes avançaram.

Estes pacotes, cujos projetos exigem mais de 50% de investimento privado, foram apresentados em outubro e dezembro de 2020, respetivamente. O primeiro pacote incluía 39 projetos, e o segundo, 29. 

Embora o conteúdo do pacote três não tenha sido divulgado, Rogelio Mauricio Rivero, chefe da unidade de desenvolvimento rodoviário da Secretaria de Infraestrutura, Comunicações e Transportes (SICT), disse em julho que o pacote poderia incluir até 15 projetos de comunicações e transportes, envolvendo 70 bilhões pesos.

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