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O que a vitória de Trump significa para o Brasil

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O que a vitória de Trump significa para o Brasil

O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em janeiro terá ramificações econômicas e políticas para o Brasil.

Assim que o candidato republicano garantiu os 270 votos eleitorais necessários para se tornar o presidente eleito dos Estados Unidos, o principal índice da bolsa brasileira caiu mais de 1%, enquanto a moeda do país se desvalorizou para 5,80 por dólar americano. 

“Trump defende uma política comercial protecionista e isso, em termos econômicos, terá um impacto negativo nas exportações brasileiras de alguns produtos, como aço, automóveis e outros bens industriais, gerando uma desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar e pressões inflacionárias”, disse à BNamericas Roberto Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

“Tais efeitos devem criar um maior senso de urgência no governo brasileiro para adotar rapidamente medidas para controlar os gastos públicos, para fortalecer o lado fiscal do governo e evitar volatilidade nos preços dos ativos locais”, acrescentou.

O retorno de Trump ao poder também pode ter implicações políticas para a administração de esquerda do Brasil, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou seu apoio à candidata do Partido Democrata, Kamala Harris. Durante seu primeiro mandato, de 2017 a 2021, Trump manteve uma estreita afinidade ideológica com o então presidente Jair Bolsonaro, principal rival político do Partido dos Trabalhadores de Lula.

“A vitória de Trump poderá energizar as forças de direita no Brasil. Isso é bastante negativo para Lula, porque se hoje os partidos centristas que formam a base de apoio do governo brasileiro perceberem que os ventos são favoráveis às forças de direita, esses partidos tendem a abandonar a base de apoio do governo no Congresso”, apontou Mário Sérgio Lima, analista da Medley Global Advisors.

“Esse efeito pode ser prejudicial ao lado fiscal do governo, pois para manter a base de apoio no Congresso, o governo pode ser forçado a aumentar o nível de gastos, em vez de adotar uma política fiscal mais restritiva”, enfatizou Lima.

Recentemente, autoridades do governo admitiram que a eleição de Trump poderia gerar volatilidade nos mercados financeiros e que novas medidas fiscais estavam sendo avaliadas para conter os impactos.

“O principal elemento é o Brasil fazer bem o dever de casa. Independentemente do resultado das eleições nos Estados Unidos”, assinalou Maurício Muniz Barretto de Carvalho, secretário especial do PAC, em uma entrevista recente à BNamericas.

“Se tivermos estabilidade fiscal, estabilidade regulatória, traremos investimentos. Lula já governou o Brasil com os Estados Unidos tendo presidentes do Partido Republicano e do Partido Democrata, então o importante é fazermos o dever de casa e garantirmos a estabilidade, o que o governo Lula está fazendo”, sublinhou o secretário.

Lula foi presidente por dois mandatos consecutivos, entre 2003 e 2010, período que coincidiu com as administrações americanas do republicano George W. Bush e do democrata Barack Obama. Na quarta-feira, ele sugeriu que trabalharia com Trump.

“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo”, disse Lula nas redes sociais.

Enquanto isso, o setor privado brasileiro enfrenta a possibilidade de novas taxas ou aumento nas tarifas para exportações ao mercado dos Estados Unidos. 

“É difícil prever os efeitos das barreiras comerciais para empresas que não têm operações nos EUA, mas no nosso caso não esperávamos nenhum impacto porque temos unidades de produção nos Estados Unidos e isso não seria afetado por quaisquer tarifas a ser imposta”, respondeu Gustavo Werneck, CEO da siderúrgica Gerdau após ser questionado pela BNamericas durante entrevista coletiva.

“De qualquer forma, o resultado das eleições nos EUA não afeta o nosso programa de investimentos, que se concentra nas nossas operações no Brasil e em toda a América do Norte, incluindo EUA, Canadá e México”, acrescentou Werneck.

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