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O que esperar do e-commerce latino-americano em 2022

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O que esperar do e-commerce latino-americano em 2022

A digitalização das vendas chegou a um ponto sem volta na América Latina, um dos mercados de e-commerce que mais cresce.

Durante a pandemia, milhões de usuários compraram online pela primeira vez — e espera-se que poucos parem de fazê-lo. O CFO do MercadoLibre (no Brasil, Mercado Livre), Pedro Arnt, disse aos investidores no início deste ano que a demanda que rumou para a internet provavelmente continuará online.

De acordo com a Americas Market Intelligence (AMI), o volume de vendas online da América Latina deve crescer 29% entre 2020 e 2024, para US$ 580 bilhões, o que deve abrir diferentes oportunidades de negócios e investimentos.

Para 2022, apesar da retomada das atividades do varejo tradicional, o segmento deverá registrar novo crescimento de vendas e nova expansão da base de usuários.

Esta expansão se deve em parte porque o e-commerce ainda representa uma pequena fração do total das vendas no varejo.

“A América Latina é a grande novidade para os e-commerces locais e globais que desejem entrar em um mercado onde o comércio deve crescer 30% ao ano até 2025”, de acordo com um estudo da Ebanx .

No geral, o e-commerce tem crescido a um ritmo de dois e até três dígitos em quase todos os mercados da região.

De acordo com o relatório SpendingPulse, da MasterCard, as vendas online cresceram 75% ano a ano em 2020 no Brasil, o maior mercado da América Latina. A associação brasileira de e-commerce ABComm relatou um crescimento de 68% no ano passado, para R$ 126 bilhões (US$ 23 bi).

No primeiro semestre de 2021, o crescimento ano a ano foi de 31%, com R$ 53,4 bilhões em volume de vendas, de acordo com a Ebit/Nielsen. O e-commerce já representa mais de 11% do varejo total no país.

No México, o e-commerce alcançou 316 bilhões de pesos (US $ 15 bilhões) em 2020, para um crescimento anual de 81%, e representando 9% do total das vendas no varejo, de acordo com a Associação Mexicana de Vendas Online (AMVO).

No primeiro semestre, as vendas de PMEs mexicanas por meio de canais digitais dobraram ano a ano, e a AMVO projetou que esses canais representarão 25% do total de vendas de PMEs no final do ano.

Enquanto isso, na Argentina, a câmara de e-commerce local Cace relatou um crescimento de vendas online de 124% em 2020. No primeiro semestre deste ano, as vendas dobraram em termos nominais, um aumento de 101% ano a ano.

ENTREGA RÁPIDA

Com a entrada de um grande contingente de novos compradores e o amadurecimento da atual base de usuários, o sarrafo das demandas dos clientes subiu, tanto em termos de formas de pagamento quanto de prazos de entrega.

Com isso, gigantes como MercadoLibre, Amazon, Magazine Luiza, entre outros, vêm investindo fortemente na construção e ampliação de centros logísticos, bem como em diversos modais de transporte, para aumentar o frete no mesmo dia ou em dois dias tanto quanto possível.

No terceiro trimestre, quase 80% de todos os itens vendidos pelo MercadoLibre, líder regional de e-commerce, foram entregues em 48 horas. O MercadoLibre relata mais de 12 milhões de vendedores na América Latina, de pessoas físicas a grandes empresas, e 78 milhões de usuários ativos.

“Estamos construindo o que acreditamos ser uma das melhores redes da região e continuaremos a aumentar os nós dessa rede”, disse Arnt.

A Amazon também está expandindo sua presença na região.

No Brasil, a gigante norte-americana do varejo inaugurou recentemente seu décimo centro de distribuição, quatro dos quais em São Paulo.

No México, a Amazon também tem dez centros de distribuição, lançando quatro somente em setembro. A Amazon afirma ter 185 instalações de atendimento em todo o mundo.

Dois anos após chegar ao Brasil, a Shopee, de Singapura, está construindo seu primeiro centro de distribuição no país, segundo reportagens da mídia local, em um sinal de que a empresa quer ampliar sua logística para competir com grandes rivais.

A empresa, que também atua no México, anunciou recentemente o início das vendas na Argentina.

DISPOSITIVOS MÓVEIS EM PRIMEIRO LUGAR

A América Latina é, mais do que outras, uma região que prioriza os dispositivos móveis, já que a internet é acessada principalmente por meio de smartphones e dispositivos semelhantes.

Isto tem um impacto direto sobre como os serviços, soluções e investimentos de e-commerce são entregues.

Segundo dados da Ebanx e AMI, com base em 15 economias da região, quase 60% do total do volume do e-commerce será pago pelo celular em 2021 — um aumento de 46% em relação a 2020, quando a participação móvel atingiu 55%.

Em 2019, a participação do celular era de 44% e, em 2018, de apenas 39%.

O crescimento dos downloads de aplicativos móveis de e-commerce é um indicativo dessa tendência.

Em 2021, o Brasil registrou o segundo maior número de downloads, ultrapassando a China e atrás apenas da Índia, de acordo com a plataforma analítica de marketing móvel Adjust.

A Shopee foi o aplicativo mais baixado na categoria e-commerce no ano até setembro — e o Brasil liderou o número desses downloads globalmente, com cerca de 32% do volume total, de acordo com a Adjust.

Com uma campanha de marketing muito agressiva no Brasil e no México, a Shopee foi o player de e-commerce de crescimento mais rápido na região. O tráfego em seu site brasileiro cresceu quase 900% de janeiro a setembro, de acordo com dados da Similarweb.

A Shopee também está crescendo rapidamente no México, onde atualmente ocupa o sétimo lugar em downloads na categoria de e-commerce, de acordo com a Ebanx. O MercadoLibre é o aplicativo de e-commerce líder no México, Chile e Colômbia, e o número dois no Brasil.

“As lojas de departamentos regionais, como Liverpool e Coppel, no México, e Falabella, no Chile e na Colômbia, também estão tendo sucesso em atrair usuários para seus aplicativos móveis, classificando-se entre as 10 maiores empresas nesses países”, de acordo com o estudo da Ebanx.

AMÉRICA CENTRAL

A América Central é vista como o próximo grande mercado de e-commerce, já que as taxas de conectividade e digitalização são altas, especialmente via celular, e uma população jovem com experiência digital está crescendo, enquanto as opções de pagamento digital são limitadas e as lojas online, raras.

O e-commerce na América Latina deve se expandir 37% em 2021, mas em 50% em alguns países da América Central, de acordo com a Ebanx.

Os mercados de e-commerce com crescimento mais rápido são Guatemala, El Salvador e Panamá, todos com taxas de crescimento projetadas acima da média regional.

“É uma região pouco explorada, sem muitas empresas atuantes, e onde os consumidores estão ansiosos para comprar produtos e serviços de comerciantes globais, como streaming, SaaS [sigla em inglês para 'software como serviços'], entretenimento, jogos”, disse o vice-presidente de crescimento da Ebanx, André Allain, em um comunicado.

FINTECHS E PAGAMENTOS DIGITAIS

Os pagamentos digitais, inclusive por meio de novas formas como código QR, pagamentos instantâneos ou pagamentos sem contato, devem se tornar mais prevalentes para compradores e vendedores em 2022.

Fintechs e empresas não bancárias estão lançando soluções como carteiras eletrônicas, cartões de crédito e cartões pré-pagos, especialmente em mercados carentes.

Da mesma forma, 2022 deve marcar o lançamento de novas soluções de pagamentos rápidos e instantâneos semelhantes ao Pix. A forma de pagamento tem crescido a cada dia no país.

O número de transações Pix em um único dia bateu recorde em 20 de dezembro, registrando 51,9 milhões de operações, de acordo com o banco central.

Conforme um estudo da Visa, 60% dos consumidores e PMEs da América Latina gostariam de adotar métodos de pagamento mais rápidos.

“Este é o primeiro estudo da Visa na América Latina voltado a examinar o momento atual e as oportunidades de pagamento mais rápidas para consumidores e PMEs. E os resultados são evidentes — o acesso mais rápido ao dinheiro por parte de pessoas e empresas passou a ser fundamental para manutenção das condições de sobrevivência, tornando a vida das pessoas ainda mais fácil”, disse Romina Seltzer, vice-presidente regional sênior de produtos e inovação da Visa, em um comunicado à imprensa.

"Vemos que a tendência para pagamentos mais rápidos na América Latina tem crescido rapidamente, o que pode ajudar a impulsionar formas mais eficientes, contínuas e digital-first para trabalhadores, empresas e consumidores terem acesso ao dinheiro."

CAPITAL PRIVADO E CAPITAL DE RISCO

Outra tendência que deve se acelerar é a consolidação entre os participantes do ecossistema de e-commerce e os investimentos de capital privado e capital de risco, principalmente de fundos estrangeiros.

De acordo com a Lavca, a associação para investimento de capital privado na América Latina, o investimento de risco "cresceu dramaticamente na América Latina desde 2016, para US$ 4,1 bilhões em 2020 e US$ 6,4 bilhões apenas no 1S21."

Muitos desses investimentos incluem empresas de e-commerce ou de pagamento eletrônico.

A análise da Lavca de startups levantando US$ 1 milhão em financiamentos divulgados em 2020 e no 1S21 descobriu que o e-commerce foi responsável por 10% dessas rodadas de investimento.

O segmento fica atrás apenas das fintechs (o que também inclui pagamentos), com 34% do total; “outros” (incluindo, entre outros, adtech, fitness e alguns marketplaces de e-commerces), com 11%; e softwares corporativos e soluções de TI, com 11%.

Por exemplo, a Addi, da Colômbia, que oferece soluções de pagamento sob o modelo BNPL (sigla em inglês para "compre agora, pague depois"), levantou na semana passada US$ 200 milhões em uma rodada de financiamento liderada pelo Softbank e GIC para ajudar a impulsionar a expansão regional, atingindo um valuation relatado de US$ 700 milhões.

Também na semana passada, a Prosus Ventures e a Goodwater Capital lideraram uma rodada de série D+ de US$ 135 milhões para a Facily, um marketplace brasileiro de social commerce, estimando em US$ 1 bilhão seu valuation de unicórnio.

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