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O que está em jogo para a indústria elétrica e eletrônica do Brasil em 2025?

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O que está em jogo para a indústria elétrica e eletrônica do Brasil em 2025?

A indústria elétrica e eletrônica brasileira entrará em 2025 com um misto de otimismo e cautela, com projeções positivas de crescimento de vendas, receitas, investimentos e exportações, mas diante de desafios envolvendo impostos, importações, medidas protecionistas, entre outros fatores.

A expectativa é que o setor encerre 2024 com um crescimento de dois dígitos, resultado que mais que compensa a queda de 6% observada no ano passado, chegando a R$ 227 bilhões (US$ 37,4 bilhões) em receitas.

Os números são da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que reúne fabricantes do setor elétrico, inclusive de componentes e empresas de geração e transmissão, e do setor eletrônico, incluindo smartphones, fornecedores de rede e provedores de telecomunicações.

“Tivemos um bom resultado em 2024, crescemos 11% em relação ao ano passado, que não foi um ano muito bom. Nós estamos efetivamente recuperando os níveis de 2022”, disse o presidente da Abinee, Humberto Barbato, durante entrevista coletiva na última quinta-feira (12).

Todas as áreas e segmentos cobertos pela Abinee registraram aumento nas receitas este ano. O destaque é o segmento de informática, que inclui computadores e tablets, mas também hardware para datacenters, com crescimento projetado de 14%.

Outro destaque é o segmento de componentes elétricos e eletrônicos, com projeção de crescimento de 29% este ano. A área de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica deve crescer 10% em 2024.

No geral, a produção física do setor cresceu 10,2% em 2024, impulsionada principalmente pelo desempenho do setor elétrico, segundo a Abinee.

A entidade projeta um crescimento mais moderado para 2025: prevê aumento de 6% no faturamento e de 5% no volume de produção local.

Uma desaceleração projetada no crescimento do PIB e uma série de incertezas comerciais, geopolíticas e macroeconômicas ajudam a explicar o desenvolvimento esperado.

IMPORTAÇÕES CHINESAS

No setor elétrico, um grande desafio do próximo ano serão os módulos solares fotovoltaicos.

Em 2024, o Brasil viu um aumento de 218% no número de módulos importados, que vêm principalmente da China.

Até outubro, 405 milhões de unidades haviam sido importadas, em comparação com 127 milhões no ano anterior, segundo a Abinee, razão pela qual a associação apoiou uma medida do governo para aumentar as tarifas de importação sobre esses produtos para 25%.

A Abinee relatou que o aumento representa um progresso, mas a tarifa ainda é baixa em comparação com a média global de 40%.

“Acreditamos que, para o próximo ano, isso deva ter um efeito maior no setor. Foi uma solicitação da Abinee para que houvesse um aumento nos impostos de importação”, apontou Barbato em resposta a uma pergunta da BNamericas.

“Nós perdemos, no governo passado, uma fábrica de módulos fotovoltaicos aqui no Brasil, justamente porque era quase impossível competir com os chineses”, acrescentou.

Glauco Freitas, diretor da área de geração, transmissão e distribuição da Abinee e country manager da Hitachi Energy, lembrou que os módulos importados são subsidiados e que a concorrência é desleal.

“A indústria local já teve 16% de participação nesse segmento. Em 2024, a gente estava com 0,5% de participação. Sabemos que o produto tem subsídio, e isso mata a indústria local”, completou Freitas.

Além disso, segundo Freitas, como a expansão da geração no Brasil será majoritariamente solar e eólica, o país precisa promover a indústria local para garantir “a continuidade dos investimentos”.

Ele ressaltou, ainda, que há um comprometimento dos fabricantes locais em comprar insumos e componentes de empresas brasileiras, como esquadrias de vidro e alumínio.

Investimentos chineses são bem-vindos, disse Barbato, mas a China deve ser uma parceira de negócios, criando joint ventures com empresas locais e com uma visão de longo prazo de investimentos no país.

Em 2024, a China foi a principal fonte de importações no Brasil, respondendo por 47% do total de bens eletroeletrônicos importados.

TRUMP

Tarifas de importação potencialmente mais altas impostas pelo novo governo de Donald Trump nos Estados Unidos são vistas de maneira dividida pela indústria.

Por um lado, Barbato acredita que o Brasil poderia preencher a lacuna que a China deixaria se Trump aumentasse as restrições aos produtos chineses.

Freitas, por outro lado, teme que maiores restrições levem a China a direcionar seu excesso de oferta para o Brasil – uma repetição exata do que aconteceu no segmento de fibra ótica.

No momento, a indústria está esperando para ver o que acontece. Barbato relatou que, durante o primeiro governo Trump, o comércio do Brasil com os EUA cresceu.

Em 2024, os EUA foram o principal destino das exportações brasileiras de eletroeletrônicos, respondendo por 26% do total exportado.

TELECOMUNICAÇÕES

No segmento de telecomunicações, espera-se um crescimento fraco para 2025.

A Abinee projeta um crescimento de 3% no setor de smartphones, enquanto a perspectiva é estável para o segmento de infraestrutura, que inclui antenas, torres e redes de fibra.

Em 2024, as receitas do setor de smartphones cresceram 7% e as receitas de telecomunicações caíram 4%.

Apesar do crescimento, a indústria local de smartphones sofre com produtos irregulares e contrabandeados, o que, segundo a Abinee, está amplamente relacionado aos impostos elevados. Os celulares irregulares são vendidos no Brasil a 40% abaixo do preço de mercado, pontuou a entidade.

Em 2024, a participação do chamado “mercado paralelo” no setor local de smartphones caiu de 25% em 2023 para 20%, representando 33,1 milhões de unidades. A Abinee estima que o Brasil tenha perdido R$ 4 bilhões em receita em 2024 devido a smartphones irregulares e contrabandeados.

A entidade, em conjunto com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), tem se concentrado em marketplaces como Mercado Livre e Amazon para impedir a divulgação desses produtos irregulares.

A Abinee concorda com o debate no Supremo Tribunal Federal sobre tornar as grandes empresas de tecnologia responsáveis pelo conteúdo online de terceiros, inclusive publicitário, publicado em suas redes.

Em relação ao segmento de tablets, desktops e laptops, a entidade projeta um crescimento de receita de 14% neste ano. Em termos de unidades, espera-se que o número de tablets vendidos aumente e o de desktops e laptops diminua.

“O que a gente pode esperar para 2025 é o crescimento da parte de redes óticas, sobretudo para alimentar e conectar datacenters. A gente observou isso até com a chegada de novas fibras internacionais no Brasil em 2025”, disse Wilson Cardoso, ex-CTO da Nokia América Latina e diretor da unidade de telecomunicações da Abinee, em resposta a uma pergunta da BNamericas.

DATACENTERS E IA

O setor de datacenters deve ser destaque em 2025. Os investimentos em projetos tendem a continuar impulsionando compras de equipamentos, serviços e construção. Mas há desafios, como a carga tributária na importação de GPUs.

A Abinee defende a redução dos impostos de importação desses produtos, já que o mercado local não oferece um equivalente a GPUs de alto processamento.

Enquanto isso, segundo Mauricio Helfer, diretor do departamento de informática da Abinee, o setor conseguiu uma redução de impostos para servidores de alta capacidade fabricados no Brasil.

Ele acrescentou que os custos de produção local estavam colocando a indústria em desvantagem competitiva em comparação com os servidores fabricados internacionalmente.

O governo tem o compromisso de anunciar no primeiro semestre de 2025 benefícios fiscais mais amplos para servidores e equipamentos de armazenamento fabricados no país, disse Helfer.

Em relação à inteligência artificial (IA), a Abinee é a favor do projeto de lei para regulamentar a tecnologia.

O projeto de lei foi criticado pelo setor de datacenters e tecnologia porque inclui a remuneração obrigatória de conteúdo protegido por direitos autorais para o treinamento de sistemas de IA, o que impactaria os investimentos em datacenters construídos para essa finalidade.

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