Brasil
Feature

O que está por trás do investimento de R$ 650 mi em semicondutores da Zilia no Brasil?

Bnamericas
O que está por trás do investimento de R$ 650 mi em semicondutores da Zilia no Brasil?

A brasileira Zilia, anteriormente chamada Smart Modular Technologies, investirá R$ 650 milhões (US$ 120 mi) para expandir a produção de semicondutores, impulsionada por um novo investidor controlador e em meio a potenciais novos incentivos para o setor.

“Esperamos para breve a aprovação do novo programa de incentivo aos semicondutores no Brasil. Esse projeto está para ser votado no congresso e tem apoio de todas as partes. Será um grande impulso para o setor”, disse à BNamericas Rogério Nunes, CEO da Zilia e presidente da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi).

Zilia é a abreviação de brazilian, explicou Nunes. A marca surgiu em dezembro passado.

“Queríamos enfatizar que somos uma empresa nacional e global ao mesmo tempo”, explicou. Além disso, o nome Smart Modular é o mesmo de outra empresa pertencente ao seu antigo controlador. 

A Smart Modular Technologies do Brasil estava sob o guarda-chuva da empresa norte-americana SGH. Em junho de 2023, a chinesa Longsys, por meio de sua subsidiária holandesa Lexar Europe, anunciou a aquisição de 81% da Smart Modular por cerca de US$ 166 milhões.

A SGH manteve uma participação de 19% na Smart/Zilia. Durante três janelas, entre 2027 e 2029, as partes terão a opção de comprar ou vender esta participação residual.

É por isso que Nunes diz que o capital da empresa está agora dividido entre “americanos, chineses e europeus”.

Na transação, a Lexar Europe foi assessorada pelos escritórios Pinheiro Neto Advogados e Sidley Austin. Já a SGH foi assessorada por Machado Meyer Advogados e Latham & Watkins.

Nunes comentou que a transação gerou sinergias para todas as partes envolvidas.

“A SGH não domina o processo de encapsulamento e testes [de placas] como nós, ou a Longsys”, afirmou.

A SGH, por sua vez, procurou reorientar seus negócios e geografias.

“A alienação majoritária de nossos negócios de módulos de commodities baseados em padrões no Brasil permitirá que a SGH se concentre em nossa estratégia de fornecer soluções de alto desempenho e alta disponibilidade para nossos clientes corporativos”, disse o CEO da SGH, Mark Adams, em um comunicado à época.

De acordo com Adams, a transação fortaleceu a posição financeira da SGH, “permitindo-nos aumentar os nossos investimentos estratégicos em investigação e desenvolvimento nacionais e na produção de tecnologias avançadas com base nos EUA”.

INVESTIMENTOS

O investimento anunciado pela Zilia, agora sob controle da Longsys, abrange o período de 2024 a 2025. Do total, R$ 475 milhões serão destinados ao aumento da capacidade produtiva da empresa. Os outros R$ 175 milhões serão destinados a PD&I, com foco em produtos, processos industriais e recursos humanos.

A Smart/Zilia possui duas fábricas, uma em Atibaia, no interior de São Paulo, e outra em Manaus. A área de produção (cleanroom) da fábrica de Atibaia será ampliada em cerca de 1.500 m² e receberá uma nova linha de produção, parcialmente dedicada à exportação.

Ambas as plantas receberão novas máquinas e equipamentos, os quais serão utilizados tanto no encapsulamento e testes de novos circuitos integrados quanto na montagem de dispositivos eletrônicos baseados em semicondutores.

Segundo o CEO da Zilia, parte desse maquinário já chegou, vindo principalmente da China, e outra parte deve ser entregue em breve. Nunes relata que o prazo de envio de determinados equipamentos pode chegar a 10 meses.

Depois disso, é necessário um período de montagem, testes e preparação da produção antes da operação completa.

NEARSHORING

As exportações, segundo o executivo, vão demorar um pouco mais, pois é necessário um período de validação dos produtos junto ao cliente final.

Entre os mercados visados pela Zilia estão os EUA e a América Latina.

Até o final deste ano, a empresa pretende começar a exportar dispositivos de memória fabricados no Brasil pelas marcas Lexar e Foresee – ambas da Longsys –, além de produzir outros dispositivos de marca privada.

Para Nunes, ampliar e diversificar a produção de produtos de memória no Brasil é uma aposta no nearshoring e no friendshoring.

“A Lexar está sediada nos EUA [San Jose, Califórnia], mas seus produtos eram fabricados na Ásia. Agora os produzimos no Brasil, podendo participar desse processo de descentralização dos semicondutores na China”, comentou.

PRODUÇÃO

Fundada há mais de 25 anos, a Smart/Zilia afirma ser líder entre as empresas brasileiras na produção de componentes de memória semicondutores, módulos de memória, dispositivos de armazenamento de dados em estado sólido (SSDs) e módulos de conectividade para IoT.

Os produtos da Zilia são utilizados em dispositivos eletrônicos e de comunicação, como smartphones, desktops, notebooks, servidores, sistemas de armazenamento, tablets e smart TVs.

Como parte dos novos investimentos, a Zilia está lançando novos componentes, como memórias DDR5 e LPDDR5, uMCP, UFS 4.0 e NandFlash, além de novas soluções em módulos de memória e outros dispositivos eletrônicos, como SSDs de quarta e quinta geração, os quais, segundo Nunes, permitirão a entrada definitiva da Zilia no segmento de armazenagem industrial.

A Zilia também tem como alvo fabricantes pequenos e de menor volume para fornecer cartões de memória e SSDs portáteis para jogos e varejo.

Tenha acesso à plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina com ferramentas pensadas para fornecedores, contratistas, operadores, e para os setores governo, jurídico e financeiro.

Assine a plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina.

Outros projetos em: TIC (Brasil)

Tenha informações cruciais sobre milhares de TIC projetos na América Latina: em que etapas estão, capex, empresas relacionadas, contatos e mais.

Outras companhias em: TIC (Brasil)

Tenha informações cruciais sobre milhares de TIC companhias na América Latina: seus projetos, contatos, acionistas, notícias relacionadas e muito mais.

  • Companhia: Hitachi Brasil Ltda.  (Hitachi Brasil)
  • A subsidiária da Hitachi Ltd. oferece uma ampla variedade de sistemas, produtos e serviços, incluindo maquinário de construção pesada, sistemas de informação, dispositivos eletr...
  • Companhia: Telefônica Brasil S.A.  (Telefónica Brasil)
  • A Telefônica Brasil SA é uma empresa brasileira de telecomunicações de capital aberto que oferece voz fixa e móvel, banda larga fixa e móvel, ultra-banda larga, dados e serviços...
  • Companhia: Embratel Star One
  • A Embratel Star One, denominada Star One até 2014, é uma subsidiária integral da empresa de telecomunicações Claro, que opera desde 2010 e está sediada no Rio de Janeiro. A Embr...
  • Companhia: Padtec S.A.  (Padtec)
  • A Padtec SA, fundada em 2001, é uma empresa brasileira que fabrica e fornece soluções ópticas que atendem os setores de operadoras de rede, TI e multimídia, governo, serviços pú...
  • Companhia: Senior Solution
  • A Senior Solution fornece produtos e serviços de tecnologia para atender às necessidades do setor financeiro. A empresa oferece soluções para bancos, gestão de ativos, internet ...