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O Trem Maia pode se tornar um problema para a nova presidente mexicana?

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O Trem Maia pode se tornar um problema para a nova presidente mexicana?

O projeto mexicano do Trem Maia poderá tornar-se uma dor de cabeça para a presidente eleita Claudia Sheinbaum devido às questões financeiras e ambientais relacionadas, depois de ter sido lançado como um projeto emblemático da administração do presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO).

Após concluído, o sistema ferroviário cobrirá um total de 1.554 km em vários estados da península de Yucatán. Foi parcialmente inaugurado em 15 de dezembro, com os trechos em construção previstos para serem concluídos até o final do mandato de AMLO, em 1º de outubro – data que os especialistas duvidam que seja viável.

“Não estará concluído até ao final do atual mandato de seis anos do governo. Também não temos números claros sobre os custos e há um aspecto adicional relacionado com ter colocado estes projetos nas mãos das forças armadas, o que dificulta a transparência da gestão dos recursos públicos”, disse à BNamericas Juan Carlos Machorro, sócio responsável pelas áreas transacional, financeira e de infraestrutura do escritório de advocacia Santamarina + Steta.

O custo do projeto originalmente declarado na documentação apresentada pelo Fundo Nacional de Turismo (Fonatur), que supervisiona o projeto, era de 164 bilhões de pesos (US$ 9 bi), mas o valor real do investimento foi tornado confidencial pelo governo mexicano durante cinco anos, de acordo com um relatório do jornal Reforma.

Isto se deve a alegações de que a publicação das informações poderia pôr em perigo a segurança nacional, uma vez que as obras estão a ser realizadas pelo exército mexicano. Em dezembro, o Instituto Mexicano de Políticas Públicas (IMCO) estimou que o custo do Trem Maia seria 228% superior ao orçamento original, ultrapassando os 500 bilhões de pesos, informou o jornal El Universal.

Além de ter de concluir o projeto, caso este não seja entregue antes de Sheinbaum tomar posse, a primeira mulher presidente do México terá de lidar com a pesada carga fiscal da linha ferroviária de passageiros, caso esta não consiga gerar lucros.

“Todos os trens [de passageiros] mundo afora são projetos subsidiados e, portanto, têm um custo enorme, não só na construção, mas também na operação”, disse Machorro. “É questionável se [o Trem Maia] algum dia dará lucro”.

Para José Urbina, membro da organização ambientalista Selvame del Tren, as características do percurso do projeto tornam-no propenso a falhas.

“O terminal do trem que deveria estar em Cancún fica a 30 km do centro da cidade. Quem vai querer usar? Não há como gerar dinheiro para se tornar sustentável, muito menos para obter lucro”, disse ele à BNamericas.

“Um projeto ao qual eu teria me oposto, mas que faria sentido, seria aquele que entrasse na cidade, parasse no aeroporto e corresse em paralelo à rodovia... Foi o que prometeram, mas este Trem Maia não existe. Esse projeto está fadado ao fracasso”, acrescentou.

O sistema ferroviário, que tem enfrentado diversas liminares de ambientalistas e proprietários de terras, também poderá poluir o aquífero Maia, que flui por um sistema de cenotes e cavernas subterrâneas na rota.

Em fevereiro, ativistas afirmaram que as obras de instalação de estacas no trecho 5, entre Cancún e Tulum, poluíram o aquífero com cimento. O colapso de cavernas subterrâneas que retêm água doce devido às obras também pode causar salinização, acredita Urbina.

“A água do aquífero ficará salgada e teremos que começar a dessalinizar a água como fazem no estado de Baja California, mas a flora e a fauna não terão acesso à água doce. A fauna terá que migrar”, afirmou. “Pode parecer irracional, mas as decisões que tomamos estão a empurrar a península e a Riviera Maia para a desertificação.”

De acordo com dados da Comissão Nacional de Água (Conagua), quase 62% das cidades do México relatam algum nível de estresse hídrico.

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