Os mercados que impulsionam a expansão do setor upstream de gás na América Latina

Os países da América Latina e do Caribe desempenharão um papel fundamental no fornecimento de gás aos mercados globais, em meio aos esforços para acelerar a transição para energias limpas, disse à BNamericas uma especialista do setor.

De acordo com Luz Stella Murgas, presidente da Associação Colombiana de Gás Natural (Naturgas), as usinas movidas a gás são essenciais para garantir energia firme, especialmente diante das preocupações de desenvolveres com a intermitência de fontes como solar e eólica.

“Vejo que a América Latina está apostando em uma transição muito rápida, mas também aproveitando os recursos naturais que possui”, afirmou Murgas em uma entrevista por telefone.

“O gás natural também será capaz de mitigar os riscos associados à volatilidade de preços de outras commodities, como o petróleo. Além disso, ele pode oferecer capacidade de resposta rápida e manter a estabilidade de muitos outros sistemas, tanto elétricos quanto, é claro, a estabilidade em processos de paz, em alianças estratégicas para questões de pobreza que afetam toda a região. E, mais importante, o gás natural continuará a apoiar as usinas hidrelétrica.”

“Acredito que diante das mudanças climáticas, a América Latina vai se esforçar para cumprir seus compromissos e o gás natural terá um papel muito importante.”

Mas quais países da região estão mais bem posicionados para aumentar o fornecimento do combustível fóssil?

Além da Colômbia, que está avançando com planos para desenvolver vastos recursos de gás na costa caribenha, Murgas identificou seis países que poderiam ajudar a atender à demanda crescente dentro e fora da região.

“Existem vários países produtores como Trinidad e Tobago, México, Argentina, Bolívia, Peru e Brasil – que é produtor há muito tempo – e juntos fornecem cerca de 5% do total de gás consumido no mundo”, comentou Murgas, que está se preparando para concorrer à presidência da União Internacional de Gás.

“Do total das importações de gás natural da América Latina e do Caribe, 73% vêm de países produtores da mesma região. Isso mostra que o gás natural continua a desempenhar um papel importante e estima-se que até 2050 teremos uma representação de cerca de 20% na matriz de todas as fontes de energia. Mas é importante que os países da região tenham quadros regulatórios institucionais sólidos para poder garantir o uso eficiente e sustentável do gás natural”, analisou.

Ela acrescentou que o setor precisa implementar suas próprias medidas de descarbonização para se alinhar com a transição para energias limpas.

“A América Latina será fundamental no mercado de GNL [gás natural liquefeito], mas também será crucial como líder no processo de transição energética, considerando suas condições socioeconômicas”, destacou Murgas.

A entrevista completa com Murgas pode ser vista aqui e aqui.