
Perspectiva dos datacenters: todos os olhos na Colômbia?

Investimentos em eficiência energética e sustentabilidade, soluções modulares e compactas, novos edge sites e surgimento de hubs regionais são as principais tendências da indústria de datacenters da América Latina em 2023.
Do ponto de vista de negócios, espera-se mais consolidações no próximo ano em países como Brasil, Chile e México, devido à demanda impulsionada pela adoção de nuvem híbrida, que exige grandes capacidades de processamento e armazenamento.
“A situação pandêmica também influenciou fortemente, pela necessidade de oferecer acesso remoto de qualidade, compartilhamento de dados em grandes volumes etc., o que aumentou a demanda por esse tipo de serviço muito além da colocation tradicional”, disse Jesus Aro, sócio de transformação em nuvem e operações de TI da KPMG Brasil, à BNamericas.
Em termos de mercados, a Colômbia parece cada vez mais atraente para investidores de colocation e hiperescala, com diferentes projetos surgindo em 2023, juntando-se ao Brasil, Chile e México como os principais ímãs de investimento em datacenter da região.
“Vamos ver nos próximos seis meses uma explosão de novos datacenters na Colômbia. Ela é a próxima grande novidade. Quem já estava no Chile e no México discute agora expansões para o país. E as empresas que já estão na Colômbia estão planejando grandes expansões. Temos vários projetos contratados lá”, disse Rafael Garrido, vice-presidente regional de fornecedores de equipamentos de telecomunicações e datacenter da Vertiv, à BNamericas.
A Vertiv é uma fornecedora líder global para o setor de datacenter. Na América Latina, abastece todos os principais players.
Tamanho do mercado consumidor, localização estratégica e acesso a rotas internacionais de dados estão entre os fatores que impulsionam as empresas de internet e nuvem, e com elas as empresas de datacenter, para a Colômbia.
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Em outros lugares, além do Brasil, que domina o setor com, de longe, o maior parque de datacenters da América Latina, mercados como o México, especialmente na região de Querétaro, e o Chile, em hotspots como Santiago e Valparaíso, verão expansões de projetos e novos anúncios.
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Uma análise da consultoria Colliers destacou o grande potencial do datacenter do Chile, já que o país já é um dos principais hubs da América Latina.
A Colliers estimou que nos próximos três anos a área ocupada por datacenters no país crescerá para 115 ha até 2025. “Atualmente, os datacenters que operam no Chile ocupam uma área total de 33 ha”, segundo o relatório.
O crescimento é impulsionado por novos projetos de hiperescala como Google, Microsoft e AWS e a entrada futura de provedores de hiperescala como Odata e Scala, entre outros, cujos primeiros sites chilenos estão prontos.
O Chile também conta com boa conectividade, além de uma conexão direta com os Estados Unidos e, em breve, com a Ásia, através do cabo Humboldt. Além disso, o país oferece um rico ecossistema de energia renovável, cada vez mais obrigatório para a operação dos datacenters.
“A indústria está sendo extremamente desafiada nesse sentido. Todo mundo fala sobre [indicadores de eficiência] PUE, WUE, CUE. Num futuro bem próximo, vamos falar muito sobre o que chamamos de TUE, algo como Total Efficiency Unit. Porque vai ser preciso juntar tudo isso, eficiência energética, água e emissões de carbono”, disse Garrido.
BORDA
Novos anúncios de projetos de armazenamento e computação descentralizados, sob arquiteturas de ponta, microborda ou ponta-extrema, devem ser manchetes em 2023 e além.
De acordo com o relatório Telecom Server do Dell'Oro Group, o mercado de computação de borda está projetado para atingir US$ 14 bilhões até 2026 globalmente, com a América Latina reivindicando uma fatia desse bolo.
“A visão da KPMG é que nos próximos 12 a 18 meses haverá investimentos maciços e experimentação com [edge] em setores como agronegócio, saúde, mineração, automotivo, governo (cidades inteligentes) e varejo”, disse Aro, acrescentando que a arquitetura deve amadurecer de forma mais consolidada apenas em meados de 2024.
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No geral, os investimentos em datacenters da América Latina devem chegar a US$ 9,11 bilhões em 2027, ante US$ 6,03 bilhões em 2021, de acordo com projeções da Aritzon.
Em 2023, Equinix, o principal player, projeta forte aceleração de provedores de serviços em nuvem, infraestrutura e interconexão na América Latina para apoiar os tomadores de decisão de TI para enfrentar a transformação digital.
“Entre as perspectivas [para 2023] estão o ecossistema digital evoluído, maior adoção de soluções de edge computing, infraestrutura flexível e escalável, busca estratégica por aliados tecnológicos, participação acelerada de provedores de serviços em nuvem, maior conversão de dados em informações valiosas e segurança zero trust ponta a ponta”, escreveu o diretor administrativo regional Eduardo Carvalho em uma análise.
“Até 2023, a maturidade e a modernização dos sistemas serão a chave para o sucesso e capitalização das oportunidades de negócios digitais na região”, acrescentou.
O principal obstáculo é a crescente escassez de mão de obra qualificada, que deve aumentar nos próximos cinco anos à medida que novos projetos forem construídos, disse Garrido, da Vertiv. Com isso, “a partir de 2023”, os principais players vão investir em treinamentos internos e parcerias com universidades para tentar enfrentar esses problemas.
No geral, porém, “não vejo o mercado de datacenter na América Latina e no Brasil com taxas de crescimento inferiores a dois dígitos nos próximos cinco ou seis anos, pelo menos”, disse Garrido.
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