Petrobras pode trocar diretor executivo de engenharia

Carlos Travassos, diretor executivo de engenharia, tecnologia e inovação da Petrobras, provavelmente não permanecerá no cargo, disseram à BNamericas três fontes familiarizadas com o assunto.

Outros diretores-executivos também podem perder seus empregos após a mudança na presidência da empresa estatal em maio.

Um dos motivos da demissão do ex-CEO Jean Paul Prates foi a insatisfação do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, com o ritmo de retomada das obras de engenharia em todo o país.

Sua substituta, Madga Chambriard, “foi incumbida de acelerar os trabalhos de refino e fertilizantes. No caso dos FPSOs, não há muito o que fazer no curto prazo, já que os contratos recentes serão todos realizados no exterior”, disse uma fonte à BNamericas sob condição de anonimato.

“Além de ser considerado alinhado a Prates, Travassos é acusado de atrasar o início das obras.”

Outra fonte revelou que Travassos sempre se desalinhou publicamente com o governo, como é o caso da política de conteúdo local.

“Se Prates caiu por esse motivo, com Travassos não deveria ser diferente”, afirmou.

Segundo outra fonte, até Maurício Tolmasquim, diretor de transição energética da Petrobras, corre o risco de cair.

“Com certeza, só o chefe de gabinete da Petrobras, Danilo Silva, da FUP, deve ficar”, comentou a fonte à BNamericas.

Ao lado de alguns setores do governo federal, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) – importante aliada de Lula – também deixou de apoiar Jean Paul Prates devido à retomada mais lenta que o esperado dos investimentos da Petrobras no Brasil, contribuindo para seu afastamento.

Um dos diretores-executivos da Petrobras também revelou à BNamericas que ele e seus pares continuam trabalhando normalmente.

“Tudo que sei é o que li na imprensa. Não houve conversas conosco a esse respeito”, disse ele, pedindo para não ser identificado.

A Petrobras não respondeu quando solicitada pelo BNamericas para comentar o assunto.

NOVA LEGISLAÇÃO

Na terça-feira, a FUP disse que aguarda com expectativa uma alteração ao projeto de lei do programa Mover, que trata da criação de índices de conteúdo local nos contratos da indústria de petróleo e gás.

Depois de aprovado na Câmara e em meio a amplas críticas, o projeto teve a emenda de conteúdo local excluída no Senado. Devido a esta e outras alterações, a proposta foi devolvida à Câmara, que agora a reconsidera.

Com o apoio técnico do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep), a FUP elaborou propostas para a adoção de requisitos de conteúdo local.

Dentro da Petrobras, a FUP recomenda a reversão da política de contratação de plataformas na modalidade afretamento para contratação de unidades próprias na modalidade engenharia, compras e construção (EPC).

Enquanto isso, deverá haver foco na construção de pequenas embarcações no Brasil, como barcos de apoio offshore, com garantia de financiamento de longo prazo por parte do BNDES.

Atualmente, segundo a FUP, a prática de contratos de curto prazo da Petrobras favorece a importação de embarcações estrangeiras.

No segmento de abastecimento, a FUP sugere a identificação de algumas unidades de refinaria que viabilizem a expansão da indústria local, bem como oportunidades futuras nas áreas de biogás/biometano e combustíveis sintéticos.

Segundo a FUP, a política de conteúdo local também deve levar em conta o desafio da transição energética, visando incentivos à indústria nascente, com financiamento para pesquisa, desenvolvimento e inovação para novas rotas tecnológicas voltadas ao potencial do Brasil e ao desenvolvimento regional e nacional.