Por que a Argentina pode se tornar líder em tecnologia cripto

A insegurança em relação à moeda local combinada com a disponibilidade de recursos humanos qualificados tornam a Argentina um ambiente favorável para o desenvolvimento de blockchain e criptomoedas. 

“A Argentina é uma escolha lógica, porque há cerca de US$ 100 milhões em criptomoedas aqui. Existe uma comunidade que detém muitos criptoativos e uma familiaridade nativa com criptomoedas na Argentina”, disse Charles Hoskinson, CEO da empresa de engenharia de blockchain Input Output, à BNamericas durante uma visita a Buenos Aires.

Hoskinson, que também é diretor da plataforma blockchain Cardano e cofundador da criptomoeda Ethereum, afirmou que a Argentina está bem posicionada para tornar líder mundial neste setor.

“As pessoas têm uma forte insegurança  em relação às moedas locais e ao governo em geral, e há muitos desenvolvedores talentosos e grandes empreendedores aqui. Portanto, quando você junta tudo isso, pode formar cinco ou dez empresas de elite que podem se tornar trilhões de dólares em valor”, acrescentou.

Hoskinson lembrou que os primeiros desenvolvedores de bitcoin vieram da Argentina e a primeira carteira móvel de criptomoeda foi desenvolvida no país. Buenos Aires também adotou a tecnologia blockchain para identidade digital.

“É inevitável que entre no mercado, a questão é quando e como”, enfatizou.

Hoskinson se encontrou com o presidente Javier Milei durante um evento em Buenos Aires. “Há uma espécie de compatibilidade filosófica”, disse Hoskinson, referindo-se às conexões entre as posições econômicas de Milei e as tecnologias cripto. “Se Milei permanecer no poder e for capaz de construir uma coalizão forte, acho que é inevitável que a ferramenta que ele adotará para concretizar a visão libertária será o blockchain.”

A Input Output assinou um Memorando de Entendimento (MOU) com a Globant e iniciou conversas com empresas como Mercado Libre, bem como com ministros do governo. A Cardano Foundation também assinou um MOU com a província de Entre Ríos para explorar o uso de tecnologias cripto para o governo.

“No horizonte de curto prazo, vamos criar empregos aqui. Temos muitos projetos para os quais precisamos de bons desenvolvedores. A Argentina é um bom mercado de trabalho para contratar desenvolvedores, engenheiros e cientistas”, pontuou.

Hoskinson também está pensando em estabelecer a sede para a distribuição de seus produtos de microfinanças na Argentina.

Ele investiu em uma empresa de microfinanças na África e oferece empréstimos no Quênia por meio da tecnologia blockchain. A empresa destinou cerca de US$ 45 milhões em capital no Quênia e planeja expandir a operação para toda a América Latina.