Por que a revitalização do aeroporto de Texcoco não é viável

O chefe da empresa de logística DHL Express do México, Antonio Arranz, sugeriu a construção de um aeroporto semelhante ao projeto do aeroporto NAIM, de 285 bilhões de pesos (US$ 14,3 bilhões), em Texcoco, iniciado pelo governo Enrique Peña Nieto e cancelado em 2018 pelo presidente Andrés Manuel López Obrador.

A alternativa ao NAIM, o aeroporto Felipe Ángeles (AIFA), no estado do México, representa apenas uma solução de curto prazo porque carece de conectividade e de um número adequado de faixas de decolagem e pouso, apontou Arranz em um evento de logística, segundo o jornal Milenio.

“A solução de longo prazo é Texcoco. Não tem [outro] jeito”, disse.

Juan Carlos Machorro, especialista em direito de aviação do escritório de advocacia Santamarina + Steta, lembrou à BNamericas que, “ao cancelar o [aeroporto de] Texcoco, o governo entrou em um beco sem saída, e alguém terá de mudar de rumo para sair dele”.

Ele acrescentou que a instalação atual na Cidade do México (AICM) é antiga e ineficiente, e o AIFA “não será suficiente no melhor cenário”.

No entanto, reviver o projeto não é fácil, já que o governo declarou a área do lago Texcoco um habitat natural protegido em 2022, limitando a infraestrutura que pode ser construída. Todo projeto também precisará da aprovação federal.

A transformação de 20 bilhões de pesos (US$ 1,14 bilhão) da área de 14.000 hectares em um parque público está avançando lentamente.

“Não sei se o projeto seria em Tizayuca, em Texcoco ou em outro local, mas este governo deu uma natureza jurídica diferente ao terreno [de Texcoco] onde o aeroporto funcionaria, classificando-o como área natural protegida. Isso representaria uma complicação legal caso alguém pretendesse resgatar o projeto”, apontou Machorro.

O especialista em aviação Juan Antonio José disse à BNamericas que “construir Texcoco implicaria o fechamento do AICM e do AIFA. O gasto que essa mudança representaria é um luxo com o qual o país não pode arcar. Além disso, tenho certeza de que o exército não ficaria feliz se sua base aérea em Santa Lucía [onde está localizado o AIFA] fosse fechada, porque é isso que aconteceria com a construção de Texcoco devido ao conflito com a proximidade e as rotas de saída [das aeronaves].”

Centro logístico do AIFA

Em fevereiro, o governo fechou o AICM para operações de carga, obrigando as operadoras a usar o AIFA e arcar com os custos.

“Acredito que [o AIFA] pode se tornar um hub logístico, uma plataforma intermodal. As instalações devem ser ampliadas: são necessárias vias de acesso internas para o transporte de volumes maiores de carga e certificações para que todas as mercadorias sejam despachadas do aeroporto”, ressaltou José.

Esse plano implicaria a ampliação da área alfandegária e do pátio de manobras, além do acréscimo de mais armazéns e da ampliação do acesso à zona de carga.

Para Machorro, a instalação pode alcançar estabilidade financeira, “mas definitivamente não até o final deste ano, como foi dito. Eventualmente chegará lá. Não é um aeroporto complementar ruim.”

Na foto: canteiro de obras do aeroporto planejado. Crédito: AFP