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Por que diamantes da Arábia Saudita estão provocando agitação política no Brasil

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Por que diamantes da Arábia Saudita estão provocando agitação política no Brasil

Um escândalo envolvendo joias com diamantes no valor de cerca de € 3 milhões (US$ 3,2 mi) que a Arábia Saudita presenteou a ex-primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, pode impedir um futuro retorno político do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Após perder a eleição para Luiz Inácio Lula da Silva em outubro passado, Bolsonaro não descartou uma candidatura presidencial em 2026 enquanto permanecer no estado norte-americano da Flórida, para onde viajou antes de Lula tomar posse em 1º de janeiro.

O jornal O Estado de S. Paulo noticiou recentemente que funcionários dos ministérios de Minas e Energia tentaram contrabandear joias que a Arábia Saudita deu à então primeira-dama Michelle Bolsonaro em outubro de 2021, mas as autoridades fiscais confiscaram as mercadorias no aeroporto internacional de São Paulo.

Enquanto Bolsonaro alega inocência, o escândalo ganhou força recentemente depois que a mídia local publicou imagens de ex-funcionários do governo tentando recuperar as joias apreendidas, alegando que Bolsonaro ordenou a mudança.

“Esse caso de joias enfraquece a [imagem anticorrupção] de Bolsonaro e gera um quadro quase irreversível que aponta para a suspensão de seus direitos políticos, inviabilizando sua candidatura às próximas eleições”, disse à BNamericas Mário Sérgio Lima, analista político sênior da Medley Global Advisors.

Entretanto, o impacto negativo não significa necessariamente uma vantagem política para Lula no curto prazo.

“O controle do Congresso não é disputado entre a extrema direita que representa Bolsonaro e as forças de esquerda. Os adversários do governo Lula no Congresso são os partidos de centro-direita”, disse à BNamericas Carlos Melo, professor de Ciência Política do Insper.

Outros analistas locais se preocupam com o escândalo gerando mais agitação social no país, depois que apoiadores de Bolsonaro invadiram o palácio presidencial, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal em 8 de janeiro.

“Temos que lembrar que existe no Brasil uma força radical de direita – 20% ou 25% da população – que tem um grande poder mobilizador. Uma suspensão dos direitos políticos de Bolsonaro ou mesmo sua prisão, em um cenário mais radical, poderia geram muitos protestos nas ruas de seus apoiadores e momentos de tensões sociais”, afirmou André Pereira Cesar, analista político da Hold Consultoria.

“Protestos em massa nas ruas nunca são bons para os governos e isto pode ter um impacto negativo secundário na agenda do governo Lula.”

Vários veículos noticiaram que Bolsonaro recebia joias rotineiramente durante o mandato, mas não as entregava ao acervo oficial da presidência, como é de praxe.

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu que Bolsonaro não deve usar ou vender joias da Arábia Saudita, sugerindo que uma investigação formal está sendo preparada.

“O Tribunal de Contas da União informa que, em relação ao processo que trata […] a respeito de indícios de irregularidades afetos à tentativa de entrada no país de joias no valor total de 3 milhões de euros, adotou as medidas necessárias para o saneamento dos autos por meio de realização de diligência à Polícia Federal e à Receita Federal, assim como de oitiva dos responsáveis Jair Messias Bolsonaro e Bento Albuquerque [ex-ministro de Minas e Energia], por meio do despacho do Relator, ministro Augusto Nardes”, informou a Agência Brasil.  

Parlamentares de esquerda pediram a criação de uma comissão da Câmara para investigar por que a Arábia Saudita deu as joias a Bolsonaro.

Além disso, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) solicitou recentemente aos procuradores que investiguem uma possível ligação entre as joias e a venda da refinaria Landulpho Alves (Mataripe) para o fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala Capital.

A FUP levantou suspeitas porque a Petrobras divulgou o negócio de US$ 1,8 bilhão no final de novembro de 2021, cerca de um mês após a viagem de Bolsonaro ao Oriente Médio. A entidade alega que estudos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) mostraram que a refinaria valia entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. 

Embora a venda não envolvesse diretamente a Arábia Saudita, a FUP destacou que a estreita aliança entre Riad e Abu Dhabi justificaria uma investigação.

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