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Por que financiamento é um obstáculo para projetos de cabos submarinos na América Latina

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Por que financiamento é um obstáculo para projetos de cabos submarinos na América Latina

Mesmo com a necessidade de modernizar sistemas obsoletos e com a crescente demanda por conexões internacionais e troca de tráfego de dados, os projetos de cabos submarinos na América Latina têm lutado para garantir financiamento e atrair investidores privados. 

O desafio fica ainda mais evidente quando comparado, por exemplo, com o segmento de datacenters, no qual há muito menos dificuldade para se obter capital de parceiros privados ou públicos. 

“Hoje, construir um cabo submarino é muito caro. E, se você adicionar os altos custos de financiamento e alavancagem [de dívida], ele nunca será bem-sucedido”, disse à BNamericas Renato Tradardi, CEO da empresa de cabos submarinos e provedora de interconectividade Gold Data. 

“É por isso que vimos tantos cabos submarinos fracassarem, chegando ao Capítulo 11 [recuperação judicial]. Eles tinham uma estrutura de financiamento ruim.” 

O custo de um cabo submarino varia muito, mas as estimativas são de que pode chegar a US$ 50.000 por quilômetro. 

Em teoria, as possibilidades de financiamento para sistemas submarinos incluem equity e financiamento de dívida. No entanto, além do alto custo, garantir financiamento para os projetos colide com um longo ciclo de retorno sobre o investimento. 

Além disso, fatores como manutenção – já que consertar um cabo danificado pode ser caro e demorado – e, cada vez mais, geopolítica e a ameaça de sabotagem a esses sistemas, pesam negativamente como riscos associados aos cabos submarinos. 

Investimento e financiamento de sistemas submarinos foi tema central de pelo menos dois painéis durante o evento de infraestrutura digital Capacity Latam 2025, realizado em São Paulo. 

Em um dos painéis, Tradardi disse que os cabos submarinos “perderam parte de sua importância para os datacenters”. 

“Minha reclamação ao mercado é que o dinheiro está fluindo apenas para datacenters. Não está indo para a construção de cabos submarinos. Ninguém quer investir na construção de cabos submarinos”, afirmou o executivo à BNamericas. 

Um bom projeto financeiro, baseado em equity em vez de dívida, por exemplo, poderia ajudar a tornar esses projetos mais atraentes para os investidores, segundo ele. 

TAXAS E GARANTIAS 

A Gold Data realizou diversas reuniões nos últimos anos com organizações multilaterais como o Banco Mundial e a Corporação Financeira Internacional (IFC), bem como com players do setor privado, em sua tentativa de obter recursos para um novo projeto de cabo submarino. Contudo, não tem tido sucesso. 

Segundo Tradardi, as instituições ou cobravam taxas altas, ou queriam que a empresa garantisse 100% do investimento. 

Axael Arteaga, diretor sênior de vendas no atacado da Liberty Networks – uma subsidiária da Liberty Latin America –, pensa o mesmo. Ele comentou à BNamericas que os investidores estão cautelosos com o longo tempo de retorno do investimento envolvendo projetos submarinos e que os data centers são, em grande parte, ativos imobiliários. 

Isto significa que eles tendem a ter maior visibilidade de ativos e menos riscos associados do que os sistemas submarinos. Além disso, haveria uma maior variedade e número de fundos de investimento imobiliário do que fundos especializados em cabos submarinos. 

JUNTANDO FORÇAS 

Ambas enfrentando dificuldades para financiamento, Liberty Networks e Gold Data uniram forças em 2023 para viabilizar seus respectivos projetos de cabos submarinos na América Latina. A parceria resultou na combinação de ambos os projetos em um, embora dividido em duas seções. 

No entanto, mesmo essa aliança não foi suficiente para tirar o projeto do papel. Em outubro passado, as duas empresas trouxeram a Sparkle, da Telecom Italia, como terceira parceira. O projeto foi renomeado Manta. 

Um contrato foi assinado pelas três empresas e pela construtora de cabos norte-americana SubCom em 17 de março. 

Tradardi explicou à BNamericas que o sistema Manta é totalmente financiado com equity e tem “dívida zero”. A Gold Data vendeu ativos na América Central, principalmente no Panamá e na Costa Rica, para financiar o projeto. 

A expectativa é que a construção do cabo comece em breve. Outros parceiros, dessa vez para uso de cabos de fibra óptica, manifestaram interesse e poderão aderir à iniciativa. 

A SubCom fabricará o cabo de fibra e outros componentes ópticos para o cabo Manta em seu campus em Newington, EUA, usando especificações da Open Cable e suportando até 22 Tbps por par de fibras. 

Sob a aliança, todos os três parceiros do consórcio acessarão a porção norte de Manta, conectando os EUA ao México, enquanto a Sparkle se juntará à Liberty Networks na porção sul, acessando o Panamá e a Colômbia. 

A previsão é que o Manta esteja pronto para operar em 2027. 

“Teremos que atacar as diferentes variáveis de mercado para ter mais cabos submarinos e a região precisa de mais investimento nisso”, concluiu Tradardi. 

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