Preço do ouro pode alcançar recorde de US$ 3 mil/oz em 2025

Enquanto o ouro está sendo negociado acima do nível histórico de US$ 2.700/oz, um mercado otimista antecipa valores superiores a US$ 3 mil/oz em 2025. 

De acordo com Ana Azuara, especialista em mercados de commodities do Grupo Financiero Base, três fatores têm contribuído para a alta dos preços do ouro e da prata – na qual o México é o maior produtor mundial – neste ano. Esses fatores são: expectativas de mais cortes nas taxas de juros, aversão ao risco devido a tensões geopolíticas e eleições presidenciais nos Estados Unidos.

“A taxa de juros do Fed é a mais importante, mas o fato de quase todos os bancos centrais terem cortado a taxa este ano os preços das commodities em geral para cima, especialmente do ouro”, disse Azuara em entrevista à BNamericas.

“E isso ocorre porque as taxas têm uma correlação inversa com as commodities, já que, quando as taxas sobem, aumentam os custos de oportunidade de manter investimentos nessas matérias-primas, que não pagam juros. Assim, os cortes nas taxas de juros apoiam a demanda por commodities”, acrescentou a analista.

O segundo ponto é a continuidade da guerra na Ucrânia e as tensões geopolíticas no Oriente Médio, com a ameaça latente da entrada do Irã no conflito armado em Israel.

“Isso gera aversão ao risco, e o ouro é considerado um ativo de refúgio. Essa aversão ao risco também eleva sua demanda”, explicou Azuara.

Por fim, a analista mencionou o tema eleitoral como um dos fatores que impulsionam os preços dos metais preciosos, como o ouro, a máximas históricas.

“Sabemos que quase todas as eleições já aconteceram. Obviamente, as eleições em geral também causam aversão ao risco e aumentam a demanda por ouro, mas ainda faltam as eleições nos Estados Unidos, que são as mais importantes”, destacou.

A Goldman Sachs reiterou sua posição otimista e, assim como outras instituições financeiras, prevê que os preços do ouro continuarão a subir e poderão atingir os US$ 3 mil/oz em 2025.

O Bank of America publicou na quinta-feira uma nota confiante sobre o ouro, afirmando que continua sendo “o ativo de refúgio seguro por excelência” no atual ambiente macroeconômico, em meio a crescentes preocupações sobre as políticas fiscais dos Estados Unidos e seu possível impacto nos rendimentos dos títulos do Tesouro, segundo Michael Widmer, analista de commodities do banco. 

“Acredito que o preço do ouro ainda pode atingir ou romper novos máximos históricos. Se romper de maneira sustentada o nível de US$ 2.800/oz, poderíamos ver o preço chegar a US$ 3 mil/oz”, antecipou Azuara.

“E, obviamente, ainda faltam as eleições nos Estados Unidos. Também precisamos ver se o Federal Reserve continuará cortando as taxas de juros, e, se o fizer, há possibilidades de que o preço do ouro continue subindo”, acrescentou.

No México, pelo menos oito projetos de ouro, avaliado em US$ 1,6 bilhão adicionarão cerca de 501.800 onças anuais à produção deste ano e do próximo, de acordo com projeções da Câmara de Mineração Mexicana (Camimex).

No projeto Tahuehueto, localizado no estado de Durango, a empresa canadense Luca Mining está iniciando a operação de um moinho na mina subterrânea, com a expectativa de atingir a produção comercial até o final do ano.

A Camimex estima prevê que os projetos Terronera, de propriedade da Endeavor Silver; Media Luna, da Torex Gold; Cerro Caliche, da Sonoro Gold; Cerro de Oro, da Minera Alamos; e Los Ricos Norte e Los Ricos Sur, da GoGold Resources também começarão a operar entre este ano e 2025.

“As empresas mineradoras, obviamente, se beneficiam dos altos preços dessas commodities, apenas pensando que, se produzirem exatamente a mesma quantidade, suas vendas refletirão lucros, porque os preços estão extremamente elevados”, comentou Azuara.

A produção mexicana de ouro diminuiu 6,3% em 2023, totalizando 4,47 milhões de onças, segundo a agência de estatísticas Inegi, mas acumula um crescimento de 1,9% até agosto deste ano.