Projeto de níquel da Centaurus no Pará deve aproveitar recursos de plataforma pró-clima do governo

A australiana Centaurus Metals anunciou que seu projeto de níquel Jaguar, no Pará, foi selecionado para fazer parte de uma plataforma pró-clima.

“A Centaurus Metals tem o prazer de informar que o projeto de sulfeto de níquel Jaguar da empresa no norte do Brasil foi selecionado como um dos projetos a serem assumidos pela Plataforma de Investimentos para a Transformação Climática e Ecológica do Brasil (BIP), que oferece a oportunidade de acessar um pool de capital de mais de US$ 10 bilhões”, disse a empresa em comunicado.

“A empresa vê isto como uma oportunidade positiva de se conectar com diferentes instituições, tanto nacionais quanto internacionais, enquanto trabalha para garantir os fundos necessários para desenvolver e operar a Jaguar”, acrescentou.

No ano passado, o Brasil anunciou a criação do BIP, que é administrado pelo BNDES, durante a COP29, cúpula climática da ONU realizada em Baku, Azerbaijão.

A plataforma visa diminuir a distância entre fontes de financiamento e projetos alinhados às políticas públicas de descarbonização e já conta com US$ 10,8 bilhões em capital a serem mobilizados, segundo o BNDES.

Os projetos estão agrupados em três áreas prioritárias: soluções baseadas na natureza, indústria e transição energética. O BNDES verificará o alinhamento das propostas com critérios pré-estabelecidos, auxiliando na atração de financiamentos alinhados a iniciativas como o Plano de Transformação Ecológica, o Plano Clima, o Plano Nova Indústria Brasil e o Plano Nacional de Transição Energética.

O BIP reúne os ministérios da Fazenda; Meio Ambiente e Mudanças Climáticas; Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; e Minas e Energia do Brasil, juntamente com o BNDES e parceiros internacionais como a Bloomberg Philanthropies, a Glasgow Financial Alliance for Net Zero (Gfanz) e o Green Climate Fund (GCF).

Além de apoiar projetos ligados à transição energética, a plataforma também visa estimular a diversificação do setor de mineração brasileiro, altamente concentrado em minério de ferro.

“Tem havido um interesse crescente de investidores no segmento de minerais estratégicos do Brasil, particularmente lítio, níquel e elementos de terras raras. Estes minerais são essenciais para o desenvolvimento de tecnologias como veículos elétricos, baterias e sistemas de energia renovável, o que levou ao aumento da demanda global. Como o Brasil possui reservas substanciais de lítio e níquel, o país é visto como um potencial player-chave na cadeia de suprimentos global para esses recursos essenciais”, disse à BNamericas Beatriz Ghosn, consultora em direito público e regulamentação do escritório de advocacia Lefosse.

JAGUAR

A Centaurus adquiriu o projeto Jaguar da Vale em 2020. Um estudo de viabilidade de julho descreve um capital de desenvolvimento de pré-produção de US$ 371 milhões.

As decisões finais de investimento e financiamento são esperadas para o segundo trimestre.

Espera-se que a planta de flotação de níquel da Jaguar, com capacidade de 3,5 Mt/a [milhões de toneladas por ano], produza 18.700 t/a de níquel recuperado por pelo menos 18 anos.