
Projetos de lítio podem sofrer com incertezas trazidas por Trump

Projetos associados aos chamados minerais estratégicos, como o lítio, provavelmente continuarão atraentes no longo prazo, mas devem enfrentar obstáculos no curto e médio prazo.
“Não esperamos ver uma curva de preços ascendente ou incentivos para projetos de lítio e outros minerais estratégicos no curto e médio prazo, pois devemos considerar os efeitos da decisão tomada pelo governo dos EUA, sob Donald Trump, de desencorajar os esforços de descarbonização, o que explica grande parte da demanda por esses minerais no passado recente”, disse à BNamericas o CEO de uma mineradora que atua no segmento de minerais estratégicos.
“Além disso, ainda precisamos de tempo para entender melhor os efeitos das tarifas que a administração americana vem impondo a vários países. É um cenário muito incerto agora, mas a longo prazo acredito que não há como voltar atrás no caminho da descarbonização global”, completou o executivo.
Em meio às incertezas, a produtora brasileira de lítio Companhia Brasileira de Lítio (CBL) está adiando investimentos. No ano passado, a empresa revelou que estava avaliando um plano para investir cerca de US$ 70 milhões no aumento de sua produção. O projeto previa dobrar a produção de concentrado de lítio das atuais 45.000 toneladas por ano.
“Infelizmente, a indústria vive um momento dificílimo. A grande maioria dos produtores mundiais está no prejuízo, e os preços atuais não justificam qualquer investimento. Os investimentos que estão sendo realizados são feitos com a confiança de que haverá um futuro melhor, próximo ao equilíbrio, que é o dobro do preço atual. O preço está exatamente na metade do que é necessário para novos investimentos. A situação é gravíssima”, disse Vinicius Alvarenga, CEO da CBL, ao Diário do Comércio.
Apesar dos desafios, algumas iniciativas de lítio no Brasil estão avançando.
A australiana Pilbara Minerals anunciou na terça-feira (4) que finalizou a aquisição da Latin Resources Limited, que detinha o projeto de lítio Salinas, em Minas Gerais. Em agosto passado, a empresa anunciou uma transação de US$ 370 milhões em ações para adquirir a Latin Resources.
“Estamos entusiasmados por termos concluído nossa primeira grande aquisição fora da Austrália e por trazer um projeto de lítio com tão grande potencial para nosso portfólio”, afirmou o CEO Dale Henderson em comunicado.
Com a aquisição concluída, a Belo Lithium, subsidiária local da Latin Resources, agora será conhecida como PLS e o projeto Salinas recuperará seu antigo nome, Colina.
“O projeto Colina tem o potencial de se tornar uma das 10 principais operações de lítio de rocha dura por produção globalmente (excluindo a África) com flexibilidade de desenvolvimento para fornecer novos mercados. Consistente com as expansões de produção anteriores da PLS, a empresa continuará seguindo sua estratégia de crescimento, analisando as condições do mercado de lítio para garantir uma decisão de investimento estratégica e sustentável”, declarou a empresa.
Enquanto isso, a norte-americana Atlas Lithium revelou na segunda-feira (3) que está enviando sua planta modular de processamento de lítio de separação de mídia densa (na sigla em inglês, DMS) da África do Sul para o Brasil. Ela será usada em seu projeto de lítio Neves, em Minas Gerais.
“A notícia anunciada hoje é transformadora para a Atlas Lithium, pois nossa planta de processamento totalmente paga reduz significativamente o risco do projeto”, disse Eduardo Queiroz, diretor de gerenciamento de projetos e vice-presidente de engenharia da Atlas Lithium, em comunicado.
“Nosso momento é claro: desde a obtenção de nossa licença operacional em outubro de 2024 até a conclusão da fabricação de nossa planta de DMS otimizada na África do Sul e agora a execução de seu embarque cuidadoso para o Brasil, a Atlas Lithium entregou firmemente vários marcos críticos”, complementou.
A planta deve chegar ao porto de Santos em 2 de março.
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