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Provedores brasileiros criticam decisão da Anatel que revoga isenção de ICMS

Bnamericas
Provedores brasileiros criticam decisão da Anatel que revoga isenção de ICMS

Os provedores brasileiros de serviços de internet (na sigla em inglês, ISPs) e pequenas operadoras estão em pé de guerra depois que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) anunciou a eliminação de uma regra de 1995 que classificava a internet como um serviço de valor agregado e lhe concedia um regime tributário distinto dos serviços de telecomunicações.

A Norma 4 isentava os provedores de internet do ICMS, cobrado pelos estados, restando apenas o ISS, a cargo dos municípios. A regra também estabelecia o conceito de provedor de serviços de conexão à internet (PSCI) e o acesso à internet como um serviço de valor agregado, em vez de um serviço de telecomunicações tradicional.

Essa medida permitiu que pequenos provedores operassem de forma mais simples, expandindo o serviço de banda larga para diferentes partes do país.

Falando sob condição de anonimato e alegando que as respostas oficiais estão sendo elaboradas por associações do setor, um alto executivo de um dos 10 maiores ISPs do Brasil disse à BNamericas que a medida prejudicará “fortemente” as pequenas operadoras em um momento crucial para a diversificação de negócios e em meio à crescente concorrência.

“É um tiro no pé. Isso vai gerar aumento de impostos, aumento de custos com sistemas, mais obrigações de qualidade… No limite, acho até que deve acelerar a consolidação”, disse a fonte, referindo-se ao número crescente de fusões e aquisições entre ISPs no país.

O problema é que essa diferença entre internet e telecomunicações estabelecida pela Norma 4 também gerou disputas legais com autoridades fiscais estaduais e preocupações sobre sonegação fiscal. Alegando a necessidade de acabar com essa confusão e de agilizar e simplificar a regulamentação, além de ter que aplicar a regulamentação de telecomunicações aos serviços de internet, a Anatel anunciou que a Norma 4 será eliminada em 2027, após um período de transição.

A agência argumenta que os provedores de internet estabelecidos estão maduros o suficiente e alega que eles usam a regra para sonegar impostos.

FALTA DE CLAREZA

A distinção entre serviços de internet e telecomunicações tem se tornado cada vez mais tênue.

A Anatel afirmou que a Norma 4 está desatualizada e que sua revogação ajuda a unificar o marco regulatório, criando espaço para a integração de novas tecnologias, como a IA (inteligência artificial), além de abordar as mudanças trazidas por essa decisão e pela próxima reforma tributária do país.

ISPs menores insistem que a medida pode prejudicar a concorrência e levar a preços mais altos. O Comitê Gestor da Internet (CGI.br) pontuou que a regra é crucial para manter um mercado competitivo e promover a inovação.

Em comunicado, a Abrint (Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações) disse que a Norma 4 desempenha um papel importante na “distinção conceitual e funcional” entre uma conexão de internet – considerada um serviço de valor agregado não regulado diretamente pela Anatel – e o serviço de telecomunicações que lhe dá suporte.

Segundo a organização, a decisão da Anatel “carece de prudência e amplifica a insegurança jurídica para atores” no setor, além de ser “ineficiente” e “ilegítima”, uma vez que “impõe uma nova lógica de poder sobre a internet, desproporcional à liberdade econômica e aos direitos basilares dos provedores de acesso à internet e seus usuários.”

A Abrint também disse que a decisão impactará a governança da internet – a qual, diferentemente das redes de telecomunicações, estaria enraizada na abertura, descentralização e neutralidade.

A exclusão da Norma 4 também “pode trazer riscos consideráveis ao trabalho de milhares de provedores de Internet, além de minar o ambiente da governança da Internet no Brasil”, afirmou.

Em 2022, o CGI.br se posicionou contra o fim da Norma 4, argumentando que a regra é fundamental para a expansão da internet e que sua abolição não resultaria em uma “simplificação regulatória positiva”. Além disso, a separação entre conexão à internet e serviço de telecomunicações também foi essencial para gerar uma “diversidade de modelos e atores no ecossistema digital”.

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