Província argentina de Mendoza promove distrito de mineração

Grandes mineradoras estão manifestando interesse no distrito de mineração ocidental de Malargüe (MDMO), promovido pelo governo da província argentina de Mendoza.

A suíça Glencore, a australiana BHP, a canadense Kobrea Exploration, investidores privados e a estatal chilena Codelco estão avaliando 34 iniciativas de exploração no distrito, segundo um comunicado do governo da província.

O governador Alfredo Cornejo se reuniu com executivos das empresas na London Metal Exchange Week, onde, junto com uma delegação de políticos, tenta incentivar o investimento no setor de mineração.

No evento, a Kobrea se comprometeu com Cornejo a investir US$ 20 milhões nas fases iniciais de sete projetos de cobre que fazem parte do MDMO, como Sofi, El Perdido e Mantos de Cobre. A Kobrea tem 14 propriedades de mineração no distrito.

As mineradoras são motivadas pela segurança jurídica prometida pelo governo e pela abordagem sustentável promovida pelo veículo de propósito específico “Impulsa Mendoza” para promover o MDMO.

Para isso, o resultado de uma audiência pública organizada pela autoridade de mineração e meio ambiente de Mendoza em setembro para obter a aprovação dos relatórios de impacto ambiental dos 34 projetos exploratórios será fundamental. Mais detalhes podem ser consultados aqui (em espanhol).

A Impulsa Mendoza apresentou iniciativas como El Seguro, Campeones, Conejera e Fideo. A lista completa está disponível aqui, também em espanhol.

Na audiência, opositores reclamaram da falta de licença social e de cuidado com o meio ambiente, mas os participantes também destacaram o avanço nas práticas de mineração, a possibilidade de geração novos empregos e o processo aberto.

O MDMO, porém, “não responde a uma questão puramente geológica, mas a uma necessidade política”, disse à BNamericas o jornalista Edwards Gajardo, especializado em mineração e proprietário do veículo Mendoza Minera.

Ele citou a Lei 7.722, que limita o uso de substâncias necessárias para a atividade, como cianeto, mercúrio e ácido sulfúrico, e que enfatiza a proteção da água.

Gajardo acredita que o instrumento legislativo dificulta a obtenção de licenças, o que, somado a uma abordagem ideológica que prevalece sobre aspectos técnicos, dificultará a obtenção da aprovação para o MDMO.

DESENVOLVIMENTO DA MINERAÇÃO

Por mais de uma década, prevaleceu em Mendoza uma posição contrária à mineração. Por isso, poucos projetos estão em estágios avançados e contam com identificação de recursos ou declaração de impacto ambiental aprovada. Entre essas iniciativas estão as minas de cobre Cerro Amarillo e San Jorge e a mina de prata Don Sixto, além dos projetos Potasio Río Colorado e Hierro Indio.

No entanto, o departamento de Malargüe ainda tem potencial, especialmente na área próxima à fronteira com o Chile. Um estudo do serviço geológico argentino identifica diversas áreas com potencial para commodities como ouro, prata, cobre, minério de ferro, urânio e vanádio.

A alta demanda por minerais para a transição energética global incentiva várias empresas a dar uma resposta favorável ao MDMO, como a chinesa Hanaq, que solicitou 20 licenças de exploração de cobre, ou a canadense Consolidated Uranium, que quer explorar sua mina de urânio, vanádio e cobre Huemul.

A lista de interessados também inclui investidores privados, como Guillermo Pensado, Raúl Concina ou Gustavo Racioppi.

No total, são mais de 100 projetos que poderiam ser desenvolvidos no distrito de Malargüe, segundo a imprensa local.