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Raio-x: as redes de fibra neutra do Brasil

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Raio-x: as redes de fibra neutra do Brasil

As redes de fibra neutra começaram a se disseminar no Brasil em 2021 devido a fatores econômicos e comerciais.

Por um lado, as operadoras buscavam monetizar ativos e captar recursos a partir da separação parcial de sua infraestrutura física, como já estava acontecendo com seus datacenters e torres. Ao mesmo tempo, elas viam o potencial de um novo fluxo de receita.

Em parceria com fundos de investimento, as principais operadoras apostam no aluguel de sua infraestrutura de fibra instalada para que provedores de serviços de internet (ISPs) e operadoras terceirizadas ofereçam serviços de fiber-to-the-home.

Os três principais players neste segmento são V.tal, I-Systems e FiBrasil, cada um com uma grande operadora como parceira e diferentes ofertas de serviços.

Desde seu nascimento, o segmento cresceu e grandes contratos foram assinados, mas ele acabou não decolando conforme o esperado. Isso se deve em parte às dúvidas de operadoras e ISPs sobre questões como a remuneração pelo uso da rede, o contato com clientes finais no caso de problemas técnicos da fibra e a concorrência com operadoras parceiras das redes neutras.

Com base nos comentários feitos pelos CEOs das empresas em eventos recentes, a BNamericas analisa o status atual de cada uma das redes e seus principais objetivos.

V.TAL

Controlada por fundos vinculados ao banco de investimentos local BTG Pactual, a empresa relata ter mais de 22 milhões de casas passadas com fibra ótica atendidas por 450.000 km de backbone de fibra.

A V.tal foi criada em 2021 a partir da separação dos ativos de infraestrutura de fibra da Oi. A operadora brasileira segue sendo sócia minoritária e sua cliente âncora.

Além da Oi, a V.tal informa ter cerca de 80 contratos com outras operadoras e ISPs para locação da rede para prestação de serviços de FTTH, segundo o CEO Felipe Campos.

A maioria desses contratos não foi divulgada ao público. Entre os clientes conhecidos da V.tal estão as operadoras TIM e Sky, além dos ISPs Vero e Ligga. A Vero foi a primeira cliente da V.tal depois da Oi, enquanto a Sky está presente em mais de 200 cidades usando a rede da V.tal.

Campos está otimista com o negócio de rede neutra e destacou que a V.tal está se expandindo a uma taxa mensal de mais de 10% em termos de casas passadas. Isso significa que, se a empresa fosse uma operadora de FTTH tradicional, seria o player com crescimento mais rápido do mercado.

Além do backbone de fibra, a V.tal opera mais de 26.000 km de cabos submarinos nas Américas por meio de sua subsidiária Globenet. Ela também conta com datacenters no Brasil e na Colômbia.

Apesar da perspectiva positiva, a provável aquisição da base de clientes de fibra da Oi pela V.tal está levantando dúvidas entre alguns de seus clientes a respeito das condições de concorrência depois que a empresa atacadista passar a deter integralmente uma operação de varejo.

Olhando para o futuro, Campos disse que a V.tal está se concentrando em fornecer aos ISPs soluções além da fibra, como SLS (street-level solutions), sistemas de antenas distribuídas (DAS) e cobertura interna. Na última área, a V.tal está fornecendo infraestrutura de conectividade interna para o a Ligga Arena, no estado do Paraná.

Campos relatou, ainda, que a V.tal está “muito atenta” ao segmento de redes privadas e aplica IA internamente para gestão de processos, entre outros casos de uso.

Em 2022, a V.tal anunciou um plano de investimento de R$ 30 bilhões (US$ 5,31 bilhões) para 2025, com a meta de atingir 32 milhões de casas passadas.

FIBRASIL

A FiBrasil, joint venture criada após a venda de 50% da unidade de fibra da Telefônica Brasil para o fundo canadense CDPQ em 2021, está presente em 151 cidades em 22 estados, com mais de 4,6 milhões de casas passadas com fibra, de acordo com o CEO André Krieger.

A empresa, que tem a Vivo, da Telefônica, como cliente âncora e sócia, agora relata 40 contratos com ISPs e operadoras, mas não divulga detalhes sobre esses clientes. No ano passado, reportou ter cerca de 50 contratos.

Entre os clientes conhecidos estão Sky e Vero, que também alugam a rede da V.tal. De acordo com Krieger, a base de clientes inclui vários ISPs de médio e grande porte.

A FiBrasil começou a operar com cerca de 1,6 milhão de casas passadas, e tinha como meta atingir 5,5 milhões em quatro anos.

Depois de mais de três anos, Krieger afirma que as redes neutras são muito mais vantajosas economicamente para as operadoras do que investir na construção de fibra, mas reconhece que o modelo ainda está em fase de maturação e consolidação.

Diferentemente da V.tal, que oferece a possibilidade de levar fibra até as residências para seus clientes ISPs, a FiBrasil leva fibra somente até o poste, ou a conexão de última milha. Ela também oferece serviços auxiliares como Wi-Fi avançado, e o relacionamento com o cliente fica sob a responsabilidade do ISP.

A BNamericas apurou que a FiBrasil está apostando na migração de clientes da V.tal, inclusive alguns que usam as duas redes, após a compra da base de clientes de fibra da Oi.

Para o futuro próximo, a FiBrasil espera que o 5G reforce o negócio de fibra e vice-versa. Sem dar mais detalhes, Krieger disse que a empresa tem trabalhado com algumas operadoras na área de fiber-to-the-site, que leva fibra para equipamentos de transmissão 5G.

A FiBrasil também tem usado IA internamente para gerenciamento de rede e tráfego e para questões relacionadas a inventário, de acordo com o executivo.

I-SYSTEMS

Uma joint venture entre a torreira IHS Towers e a TIM Brasil, a I-Systems tem aproximadamente 8 milhões de casas passadas com fibra, 2 milhões adicionadas nos últimos dois anos, de acordo com o CEO Fernando Barros.

A rede está presente em 41 cidades de 10 estados, reportando 30 contratos com operadoras. A região metropolitana de São Paulo é atualmente o principal foco e área de crescimento da empresa.

Em 2022, a I-Systems disse que sua meta era atingir 8,9 milhões de casas passadas até o final de 2024. A TIM, com cerca de 954.000 acessos de FTTH em agosto, é o principal cliente da I-Systems.

Apesar de alegar ter dezenas de contratos em vigor, a I-Systems divulga ainda menos detalhes do que seus concorrentes sobre a base de clientes. Entre os clientes conhecidos está a Sky, que também é cliente da V.tal, FiBrasil e American Tower.

A I-Systems afirma ter uma vantagem sobre seus principais concorrentes por ter uma empresa de torres e infraestrutura sem fio como parceira, a IHS.

Isso permitiria sinergias no fornecimento de infraestrutura de telecomunicações com torres de fibra, DAS, SLS e processamento de dados na borda, a chamada infraestrutura de micro ou far edge. Os modelos de datacenter de micro edge cobertos pela I-Systems são, em sua maioria, gabinetes com potência em torno de 10 kW.

Quanto ao modelo de implantação, a I-Systems oferece aos clientes conectividade de fibra até a residência dos clientes.

Na frente tecnológica, a empresa está usando IA para automatizar e gerenciar processos, de acordo com Barros, que também vê a IA como um grande impulsionador da fibra devido ao aumento do tráfego e do processamento de dados.

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