Raio-x: o enorme pedido de exportação de petróleo da Vista Energy na Argentina

A empresa de hidrocarbonetos Vista Energy, que atua com foco na formação de Vaca Muerta, na Argentina, entrou com o que pode ser o maior pedido de autorização de exportação de petróleo do país.

A Vista buscou sinal verde para despachar 210.000 m³ (cerca de 44.000 b/d) de petróleo Medanito em outubro, de acordo com dados da Secretaria de Energia da Argentina. Uma segunda foi para 8.000 m³ em setembro.

Em comparação, o menor pedido publicado foi de 200 m³ e corresponde à Hattrick Energy, uma empresa de menor porte.

O segundo maior foi para 167.000 m³ de petróleo Escalante, registrado pela Pan American Energy.

Os pedidos estão entre os 40 publicados em agosto, totalizando 1,45 MMm³ (milhão de metros cúbicos), quase o dobro dos 853.900 m³ de pedidos publicados em junho.

Em 2020, foi publicado um pedido da CHNC, controlada pela YPF-Chevron, para 200.000 m³ de Medanito.

No mês passado, a Argentina exportou 223.000 b/d (35.454 m³/d) de petróleo bruto, cerca de um terço da produção total de petróleo de 690.400 b/d, de acordo com dados da consultoria local Economía & Energía.

Com a demanda interna por petróleo Medanito atendida e os projetos de expansão do midstream (Vaca Muerta Sur e Duplicar) em andamento, as empresas que atuam em Vaca Muerta estão acelerando a exportação de óleo de xisto. 

De acordo com dados de operadores obtidos pela Economía & Energía, a Vista é a segunda maior produtora de óleo de xisto da Argentina por produção, respondendo por 62.600 b/d em julho – alta interanual de 67,9%. A produção total de xisto naquele mês foi de 386.300 b/d, para um aumento interanual de 32,9%, com a estatal YPF respondendo por 206.100 b/d.

No geral, a Vista é a terceira maior produtora de petróleo da Argentina, depois de YPF e Pan American Energy.

A taxa de saída da produção de hidrocarbonetos da Vista em 2024 é de 85.000 boe/d (barris de óleo equivalente por dia), resultando em uma produção média para o ano de 68.000 a 70.000 boe/d.

A Vista havia informado anteriormente que pretendia atingir uma taxa de produção de 100.000 boe/d em 2026. A empresa espera aumentar sua expectativa para 2025, conforme comunicaram a investidores em julho.

No último semestre, os deputados argentinos aprovaram o projeto de lei de reforma econômica do presidente Javier Milei, conhecido como Lei de Bases, que alivia o controle estatal sobre as exportações de hidrocarbonetos. A legislação secundária, no entanto, segue pendente.

Do jeito que as coisas estão, perfuradores, refinadores e comerciantes precisam de licença da Secretaria de Energia para despachar petróleo bruto e derivados pelo Atlântico, por meio de um processo projetado para garantir que a demanda doméstica seja atendida primeiro.

Sob a nova lei, os produtores serão livres para exportar e o poder executivo não intervirá na precificação. No entanto, o texto declara que a liberdade de exportação está sujeita a uma não objeção, por parte da Secretaria de Energia, dentro de um prazo especificado.

A Argentina também exporta petróleo para o Chile, via oleoduto Otasa, sob um regime regulatório separado.

PEDIDOS DE AUTORIZAÇÃO DE EXPORTAÇÃO PUBLICADOS EM AGOSTO

GYP: um pedido, para 4.000 m³
Petróleos Sudamericanos: um pedido, de 14.500 m³
PCR: quatro pedidos, para um total de 33.000 m³
YPF: um pedido, para 7.000 m³
Equinor: um pedido, para 30.000 m³
Pan American Energy: quatro pedidos, para um total de 211.200 m³
Pan American Sur (unidade offshore da Pan American Energy): Três solicitações para um total de 64.000 m³
CGC: quatro pedidos, para um total de 260.000 m³
Pluspetrol: um pedido, para 50.000 m³
El Trébol: um pedido, para 35.000 m³
Shell: um pedido, para 50.000 m³
Tecpetrol: três pedidos, para um total de 106.000 m³
Wintershall Dea: um pedido, para 14.000m
President Petroleum: um pedido, de 2.000 m³
Capex: dois pedidos, para um total de 60.000 m³
Chevron: um pedido, para 23.000 m³
CHNC: um pedido, para 120.000 m³
Hattrick Energy: um pedido, de 200 m³
Vista Energy: dois pedidos, para um total de 218.000 m³
Trafigura: um pedido, para 15.000 m³
Refinería del Norte: um pedido, de 5.000 m³
Enap Sipetrol: um pedido, para 16.000 m³
Pampa Energía: um pedido, para 15.000 m³
Total Austral: um pedido, para 14.000 m³
Petronas: um pedido, para 80.000 m³