Raio-x: os planos de expansão em cobre da Teck na América Latina

A Teck Resources começa uma nova etapa comercial focada em minerais para a transição energética e na meta de se tornar uma das maiores produtoras globais de cobre. Para alcançar esse objetivo, a empresa dividiu seus negócios em unidades latino-americanas e norte-americanas, vendeu sua linha de carvão siderúrgico para a Glencore e planeja um aumento de produção de 30% até 2028.

A mudança envolveu a reestruturação da equipa executiva e a otimização da agenda regional, conforme explicou o CEO da mineradora canadense, Jonathan Price, em um comunicado.

No Chile, a Teck lidera as minas Quebrada Blanca e Carmen de Andacollo e compartilha o projeto NuevaUnión em partes iguais com a Newmont.

No Peru, controla o projeto Zafranal e participa da mina Antamina, enquanto no México mantém o projeto San Nicolás com a Agnico Eagle. Todas as operações abrigam cobre.

Depois de investir US$ 8,2 bilhões na Quebrada Blanca Fase II (QB2), inaugurada no ano passado, a Teck pretende aumentar sua produção geral de cobre para cerca de 600.000 toneladas/ano. A essa capacidade, serão adicionados os projetos greenfield Zafranal e San Nicolás, que aumentarão o volume para 800.000 toneladas/ano até 2028.

A Teck está otimista com a demanda pelo metal vermelho e com os preços sólidos. Apesar do declínio das importações na China, a Bolsa de Metais de Londres estima um preço acima de US$ 9 mil/toneladas nos próximos seis meses.

“Os projetos de cobre na América Latina precisam aproveitar a oportunidade com uma posição neutra em relação à demanda e priorizando a diversificação de clientes”, recomendou Marcos Lima, especialista em mineração da consultoria CIS, em conversa com a BNamericas sobre o domínio chinês no mercado e o papel das produtoras.

A BNamericas analisa os principais projetos da Teck na América Latina.

QUEBRADA BLANCA

A Quebrada Blanca Fase II (QB2), localizada na região chilena de Tarapacá, iniciou suas operações e aumentou a produção para 51.300 toneladas no segundo trimestre, comparado com as 43.300 toneladas do primeiro trimestre de 2024.

Embora a projeção deste ano tenha sido reduzida de 230.000-275.000 toneladas para 200.000-235.000 toneladas, devido a fatores como a diminuição nos teores minerais, a empresa canadense estima que atingirá entre 280.000 toneladas e 310.000 toneladas anuais nos próximos três anos.

A Teck também está avaliando um plano de otimização para superar gargalos operacionais.

A Quebrada Blanca pertence 60% à Teck, 30% à japonesa Sumitomo e 10% à estatal chilena Enami.

CARMEN DE ANDACOLLO

Localizada na região chilena de Coquimbo, a operação produziu 39.500 toneladas de cobre em concentrado no ano passado e conta com um projeto de continuidade operacional que visa estender sua vida útil até 2031.

Para este ano, a previsão é de 38.000-45.000 toneladas, que deve subir para 50.000-60.000 toneladas anuais em 2025 e 2026, de acordo com o relatório anual da mineradora.

Este ativo é detido 90% pela Teck e 10% pela Enami.

NUEVAUNIÓN

O projeto, uma parceria em partes iguais entre a Teck e a Newmont, está localizado na região chilena de Atacama e combina empreendimentos Relincho e El Morro, localizados a 40 km de distância.

A Teck está avaliando a rentabilidade e o planejamento mineral, embora as estimativas preliminares indiquem 224.000 toneladas/ano de cobre a partir de 2034, segundo dados da BNamericas.

ZAFRANAL

O projeto localizado na região peruana de Arequipa é administrado por uma joint venture entre a Teck e a Mitsubishi Materials. Em maio de 2023, obteve autorização do órgão ambiental Senace e, por enquanto, as empresas estão analisando a engenharia detalhada.

O objetivo é implementar um plano de mineração durante o segundo semestre de 2025 para produzir cerca de 76.000 toneladas/ano de cobre durante 19 anos.

ANTAMINA

Esta operação na região peruana de Ancash pertence à Teck em 22,5%, à BHP em 33,75%, à Glencore em 33,75% e à Mitsubishi em 10%. O estudo de impacto ambiental do projeto para adicionar oito anos de vida útil da mina, de 2028 a 2036, recebeu autorização este ano.

A produção atribuída à Teck está projetada para 85.000-95.000 toneladas este ano, 80.000-90.000 toneladas em 2025 e 90.000-100.000 toneladas em 2026, conforme indicado no relatório anual da mineradora.

SAN NICOLÁS

O projeto, envolvendo Teck e Agnico Eagle Mines, deve produzir 63.000 toneladas/ano de cobre nos primeiros cinco anos, a partir de 2026.

A futura mina, localizada no estado de Zacatecas, operará por 15 anos. Atualmente, aguarda aprovação ambiental, e a engenharia detalhada começará no primeiro semestre de 2025.