Raio-x: os projetos de tecnologia e IA da Petrobras

Digitalização e robotização de processos, inteligência artificial (IA) e computação de alto desempenho (HPC) são exemplos de tecnologias digitais de ponta aplicadas aos negócios da Petrobras.

A empresa tem se concentrado em uma série de novas soluções, principalmente para suas atividades operacionais, como minidrones subaquáticos, desenvolvimento utilizando low-code, impressão 3D e gêmeos digitais, além de IoT e uso de sensores.

Ao todo, a Petrobras investiu US$ 6,4 bilhões nos primeiros seis meses do ano, um aumento de 12,5% em relação ao ano anterior devido ao crescimento dos gastos em E&P e aos grandes projetos no pré-sal.

A empresa planeja gastar US$ 102 bilhões entre 2024 e 2028, cerca de 31% a mais que no período de cinco anos anterior, em investimentos que incluem novos projetos e tecnologias digitais.

A BNamericas analisa os últimos investimentos em tecnologia divulgados pela empresa.

IA E DADOS 

A gigante federal do petróleo anunciou duas novas iniciativas envolvendo o uso de IA e análise de dados para seus processos internos.

A primeira delas é um programa que aplica inteligência artificial para identificar e monitorar ativos de terceiros devedores e de indivíduos e empresas que devem dinheiro à companhia.

O sistema já está em funcionamento e está sendo utilizado para analisar casos reais de ressarcimento de valores devidos à Petrobras.

Batizada de “Lê-AI”, essa ferramenta em particular também será usada para identificar “bens ocultos em investigações de enriquecimento ilícito de empregados e gestores da companhia”, explicou a Petrobras. É a primeira vez que uma plataforma de IA do gênero entra em operação em uma empresa de petróleo na América Latina.

Segundo a Petrobras, a ferramenta digitaliza e interpreta registros e documentos públicos e permite que os usuários do sistema interajam com eles, criem tabelas e resumos, além de esclarecer dúvidas.

“Antes do Lê-AI, a verificação era feita manualmente, consumindo horas de análise. Após a implementação do programa, houve uma economia de 90% do tempo despendido pela equipe responsável. Importante ressaltar que é uma tecnologia brasileira, desenvolvida integralmente pela Petrobras”, disse em nota o diretor de governança e conformidade da empresa, Mário Spinelli.

Emissões de carbono

Uma segunda iniciativa, desenvolvida em parceria com a PUC-RS, consiste em uma nova plataforma para reunir todas as informações públicas sobre projetos de captura e armazenamento de carbono (CCUS) do país em um único local.

Batizado de GIS CCUS Brasil, o sistema é online e gratuito e, segundo a empresa, traz uma grande variedade de dados, como as quantidades gerais de CO₂ emitidas pelo país, a infraestrutura nacional existente e potenciais reservatórios para armazenamento geológico.

“A Petrobras idealizou, patrocinou e acompanhou tecnicamente o desenvolvimento da Plataforma GIS CCUS Brasil com o objetivo de embasar as discussões, ampliar o conhecimento geral sobre a tecnologia, encorajar possíveis parcerias para implantação de projetos e estimular as regulamentações, normas, metas e incentivos para descarbonização das indústrias”, destacou a diretora de engenharia, tecnologia e inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, em nota.

A ferramenta foi desenvolvida em parceria com o Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais da PUC-RS. A plataforma agrupa dados georreferenciados, organizados em um Sistema de Informação Geográfica (SIG) e possui um banco de dados próprio.

Este banco de dados contém a localização e a quantidade de emissões de CO₂ de mais de 1.500 fontes, mais de 18.000 elementos de infraestrutura e logística e mais de 370.000 áreas protegidas ou sujeitas à proteção socioambiental.

Além disso, inclui dados de 30.621 poços exploratórios, 14.900 levantamentos geofísicos, informações geológicas de 72 bacias sedimentares terrestres e marinhas, bem como a análise do potencial de armazenamento geológico de CO₂ nessas bacias.

A plataforma CCUS é alimentada com dados públicos de diferentes bases de dados e órgãos nacionais e internacionais.

SUPERCOMPUTADOR

Como a BNamericas relatou em primeira mão, a chinesa Lenovo derrotou a empresa norte-americana Dell e o grupo francês Atos (Bull) na disputa por um contrato para fornecer um novo supercomputador, ou estrutura de computação de alto desempenho (HPC), para a Petrobras.

A empresa apresentou uma oferta de R$ 510 milhões (US$ 92,8 milhões) na licitação, superando as propostas de R$ 606 milhões e R$ 556 milhões da Dell e da Atos, respectivamente.

No total, 13 empresas se inscreveram para participar do processo, mas apenas Lenovo, Dell e Atos enviaram propostas.

Atualmente, a Petrobras conta com cerca de 10 supercomputadores, liderando essas aquisições no Brasil

O novo cluster de servidores de alto desempenho será usado principalmente para geração de imagens físicas e modelagem geoestatística, entre outras aplicações de pesquisa e mapeamento de recursos.