
Raio-x: Pampa Energía aposta alto no petróleo

A argentina Pampa Energía, que atua tanto como geradora de energia quanto com exploração de hidrocarbonetos, trabalha para expandir em até 900% sua produção de petróleo até o final de 2027.
Hoje uma empresa de gás, a empresa está apostando fortemente no bloco de xisto Rincón de Aranda, localizado em Vaca Muerta, para aumentar sua produção de petróleo bruto. A licença é adjacente a um conjunto de cinco áreas que juntas respondem por 25% da produção de petróleo argentina.
A produção de petróleo de Pampa – responsável por cerca de 5% dos hidrocarbonetos da empresa – foi de 5,4 mil b/d (barris por dia) no segundo trimestre de 2024, um aumento interanual de 7%, alcançando um preço médio de US$ 71,8/b e superando os US$ 65,1/b do mesmo período do ano passado.
Dois poços em Rincón de Aranda atingiram 1.653 b/d no trimestre, em comparação com menos de 250 b/d no início do ano.
Para 2025, a empresa planeja perfurar e concluir dois conjuntos de oito poços horizontais na área. Horacio Turri, diretor-executivo de E&P da Pampa, disse na chamada de resultados do segundo trimestre da empresa que as novas estruturas permitirão “aumentar nossa produção para cerca de 10 mil a 12 mil b/d.”
A Pampa espera que a produção de petróleo da empresa suba para cerca de 48 mil b/d em 2027, impulsionada por Rincón de Aranda, com a maior produção exigindo mais instalações e investimentos em logística.
Em termos de potenciais aquisições, o CFO da Pampa, Nicolás Mindlin, afirmou na chamada que investir em produção e infraestrutura era mais lucrativo “do que pagar um alto preço de entrada por novos ativos”. A Pampa já havia indicado interesse em adquirir blocos de xisto oferecidos pela ExxonMobil.
A produção argentina de petróleo foi de 676 mil b/d em junho, segundo dados da consultoria Economía & Energía.
MIDSTREAM
Em um cenário de produção crescente e de trabalhos mais amplos da indústria para expandir a produção e as exportações, a Pampa garantiu 7 mil b/d de capacidade de despacho adicional, vinculada ao projeto de expansão Duplicar, realizado pela concessionária Oldelval para aumentar a capacidade de despacho entre a bacia de Neuquén e as instalações de exportação em Buenos Aires.
Turri revelou que a taxa de produção projetada para 2025 em Rincón de Aranda estava alinhada com a capacidade obtida e com a esperada de empresas com capacidade ociosa.
Até o final de 2027, a Pampa espera que o duto Vaca Muerta Sur da petroleira estatal YPF seja concluído. A linha ligará a bacia de Neuquén a um terminal de exportação de petróleo planejado para a província de Río Negro.
A Pampa garantiu capacidade de despacho de 48 mil b/d no trecho alimentador do duto que está sendo construído atualmente, e está em negociações para garantir o mesmo volume no segundo trecho, considerado o principal e atualmente em fase de desenvolvimento.
Sob Lei de Bases da Argentina, o primeiro grande bloco de legislação do presidente Javier Milei a obter aprovação no Congresso argentino, as restrições regulatórias sobre exportações de petróleo e gás são suspensas. “É um mercado livre”, comentou Turri.
QUEDA NA PRODUÇÃO
A Pampa registrou queda na produção do bloco El Tordillo, operado pela Tecpetrol, na bacia do Golfo San Jorge, e da área Los Blancos, operada pelo High Luck Group na bacia Noroeste. Isto reflete uma tendência nacional de queda na produção de petróleo convencional e aumento na produção de petróleo não convencional.
Segundo a consultoria local Economía & Energía, a produção argentina de petróleo não convencional aumentou 28,6% ano a ano, ficando em 373,6 mil b/d em junho, enquanto a produção convencional caiu 12,8%, para 302,1 mil b/d.
Em termos de xisto, a Pampa também detém uma participação de 55% na licença Veta Escondida, uma participação de 31,4% no bloco Río Neuquén e uma participação de 33,1% na área de Neuquén. A Pampa é a operadora de todas elas, exceto a licença de Río Neuquén, sob controle da YPF.
GNL
A Pampa, cuja produção de gás aumentou 37% no interanual do trimestre, para 14,5 MMm³/d (milhões de metros cúbicos por dia), impulsionada pelo xisto, prevê um papel em um projeto multibilionário de exportação de GNL planejado pela YPF e a malaia Petronas.
A produção de GNL exigirá o aumento da produção de gás e a construção de novos gasodutos entre a bacia de Neuquén e Punta Colorada, na província de Río Negro.
Para Turri, o projeto representou uma saída importante o gás de Vaca Muerta. “Definitivamente teremos uma participação ativa no projeto de exportação de GNL. Ainda estamos no processo de análise do projeto e da nossa participação.”
A Pampa tem participação na TGS, maior transportadora de gás da Argentina e segunda maior produtora de líquidos de gás natural.
Manter a produção de gás nas taxas atuais exigirá um desembolso de cerca de US$ 100 milhões por ano.
Em termos de exportação de gás, a Pampa se comprometeu a exportar 600 mil m³/d para o Chile neste semestre via gasoduto GasAndes, a um preço de cerca de US$ 5,5/MMBTU na cabeça do poço.
A produção de gás argentino foi de 148 MMm³/d em junho.
GERAÇÃO
A Pampa apresentou dois projetos e foi premiada com um deles no leilão de fornecimento de energia termoelétrica TerCONF do governo argentino, o qual foi recentemente cancelado.
A empresa, segundo seus gestores, prosseguirá com o projeto premiado, o menor dos dois e que aumentará a capacidade em 11 MW em sua usina de Ensenada Barragán, na província de Buenos Aires, da qual a Pampa detém 50%. O projeto de US$ 15 milhões é uma conversão em ciclo combinado para aumentar a eficiência da planta.
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