Redução de emissões nas siderúrgicas cria grandes oportunidades para o Brasil

As empresas brasileiras de minério de ferro encontram oportunidade na urgente demanda da indústria siderúrgica global por reduzir as emissões de gases de efeito estufa, ajudando a amenizar o atual cenário econômico desafiador, especialmente na China.

“O minério de ferro no Brasil é de qualidade superior ao de outras regiões do mundo, e à medida que cresce a urgência de reduzir as emissões, isso destaca a vantagem dessa commodity brasileira em comparação com outros países”, disse à BNamericas Pedro Galdi, consultor de mineração.

A demanda por redução de emissões está rapidamente se tornando um dos principais impulsionadores para o minério de ferro brasileiro, à medida que outros fatores, como a expansão econômica da China, perdem força.

“Temos visto sinais crescentes de diferentes partes do mundo buscando minério de ferro de alta qualidade”, afirmou Pedro Oliva, CFO da empresa brasileira CSN Mineração, durante a teleconferência sobre resultados do terceiro trimestre da empresa.

A empresa está avançando com o desenvolvimento do projeto Itabirito P15, também conhecido como Casa de Pedra, em Minas Gerais.

O plano é iniciar a produção no projeto de 15 milhões de toneladas por ano no primeiro trimestre de 2027. Itabirito é considerado um projeto transformador, pois elevará a qualidade do minério de ferro, aumentando o teor de ferro de 58% para 65% até 2028.

“Estamos comprometidos com o projeto P-15, pois entendemos que essa planta será o nosso futuro. As obras estão progredindo a um bom ritmo e vamos realizar este projeto da melhor forma possível. Como parte do progresso desse projeto, também vendemos, recentemente, uma participação minoritária na CSN Mineração, pois consideramos esse um momento oportuno e positivo para ambas as partes”, destacou Benjamin Steinbruch, presidente do conselho de administração do grupo CSN, na teleconferência.

Recentemente, a siderúrgica CSN aprovou a venda de 11% de sua divisão CSN Mineração para o conglomerado japonês Itochu Corporation. A Itochu, que atualmente detém 9,26% da CSN Mineração por meio da Japan Brasil Minério de Ferro Participações, pagará R$ 4,42 bilhões pela participação adicional.

Enquanto isso, a Vale também está avançando com iniciativas semelhantes.

A Vale e a Roheisengesellschaft Saar mbH, ou ROGESA, uma subsidiária conjunta da Dillinger e da Saarstahl, anunciaram contrato  plurianual de fornecimento de pelotas que representa um marco na busca pela descarbonização da siderurgia.

O acordo prevê o fornecimento de pelotas de alto-forno de 2025 a 2027 e uma transição flexível para pelotas de redução direta a partir de 2028, após o comissionamento da planta de redução direta da ROGESA na unidade de Dillingen. No futuro, a indústria siderúrgica de Saarland usará a planta de redução direta e seus fornos elétricos a arco para produzir aço de baixa emissão, usando hidrogênio para converter o minério de ferro em ferro briquetado a quente (HBI) em vez de usar coque, como tem sido até o momento.

“Para a transformação que está por vir, foi importante para a ROGESA garantir insumos de alta qualidade para os altos-fornos e a planta de DRI com a Vale, a maior produtora mundial de pelotas de minério de ferro”, disse Stefan Rauber, presidente do Conselho de Administração da SHS-Stahl-Holding-Saar e presidente do Conselho de Administração da Dillinger e Saarstahl, em um comunicado.

A Vale estabeleceu o compromisso de reduzir 15% das emissões líquidas de escopo 3, relacionadas à sua cadeia de valor, até 2035. A empresa também busca reduzir suas emissões absolutas de escopo 1 e 2 em 33% até 2030 e atingir zero líquido até 2050, em linha com o Acordo de Paris, liderando o caminho para a mineração sustentável.