Santa Cruz da Bolívia pede mais investimentos em infraestrutura

Várias organizações do departamento de Santa Cruz, na Bolívia, reivindicam maiores investimentos em infraestrutura, com pedidos que vão desde declarações e estudos de associações locais até bloqueios de estradas que deixaram a região quase isolada.

A Cadecocruz, câmara de construção de Santa Cruz, afirma que a maior parte dos investimentos em infraestrutura do país é feita pela iniciativa privada e que os projetos públicos ficam para trás por má execução, já que apenas metade dos recursos destinados à infraestrutura no orçamento do ano passado foram efetivamente gastos. Ela também apontou que ainda menos dinheiro foi orçado para esses projetos este ano.

“Infelizmente, não temos o apoio dos três níveis do setor público e isso desacelera o crescimento econômico que todos os bolivianos esperam”, disse a presidente da Cadecocruz, María Carolina Gutiérrez, após sua reeleição para o cargo de 2023-2024.

Ela culpou a má execução do orçamento pelos efeitos prolongados da pandemia da Covid-19 e pelos recentes conflitos sociopolíticos do país.

Outra convocação para investimentos em infraestrutura pública foi feita pelo Instituto Metropolitano de Inteligência de Santa Cruz, entidade formada pela Sociedade de Engenheiros de Santa Cruz, Colégio dos Arquitetos, Economistas e Auditores, Cadeocruz, Câmara de Exportadores (Cadex), Associação de Bancos Privados (Asoban), Cooperativa de Água e Saneamento (Saguapac), cooperativa de eletricidade CRE, federação de profissionais, Universidad Autónoma Gabriel Rene Moreno, Universidad de Aquino Bolivia e Universidad Privada de Santa Cruz de la Sierra.

O instituto publicou um estudo pedindo o aumento da infraestrutura de transporte para a região metropolitana de Santa Cruz e municípios do entorno, bem como uma revisão da forma como as responsabilidades são compartilhadas entre os níveis de governo.

“Enquanto o Estado central der representação dirigida aos departamentos, mas sem lhes atribuir responsabilidades de gestão, teremos uma contrapartida legítima, mas vazia”, lê-se no estudo, apontando que os governos departamentais não têm poderes sobre orçamentos, gestão fundiária e implementação de proteções ambientais, entre outros aspectos-chave.

Em termos de projetos específicos necessários, o instituto propõe a modernização da rodovia entre a cidade de Santa Cruz e a vizinha Montero, tornando a estrada de 50 km um “corredor metropolitano” com acessos em intervalos de 1,5 km, incluindo um para o aeroporto de Viru-Virú.

Outra proposta é um sistema de transporte público intermodal para a área metropolitana que cobriria um total de 150 km, dos quais 90 km seriam percorridos por uma linha de trens suburbanos entre La Guardia e Montero, sendo o restante corredores BRT.

O instituto diz que isso pode custar US$ 750 milhões, com base em um custo de US$ 5 milhões por quilômetro, mas afirma que esse investimento seria recuperado na forma de loteamentos nos corredores e na linha do trem.

Por fim, os moradores do departamento de Santa Cruz saíram às ruas para exigir melhor infraestrutura, bloqueando as principais vias e deixando o departamento parcialmente isolado.

O último desses protestos foi realizado por mototaxistas do município de Warnes, que bloquearam, na segunda-feira (20), a rodovia entre Santa Cruz e o departamento de Cochabamba.

Sua lista de demandas inclui várias melhorias de infraestrutura, informou o diário El Deber, citando um sindicato de motoristas locais, que afirma que continuará seu protesto “indefinidamente” até receber uma resposta dos governos municipal e departamental.

Os bloqueios de estradas têm sido uma forma frequente de protesto na Bolívia este ano, e estima-se que tenham causado grandes prejuízos ao setor comercial.