Setor de mineração sente ‘ataque’ do governo do México

A atratividade do México como destino para investimentos em mineração sofreu um duro golpe, com o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador montando um ataque "ilógico" ao setor, segundo líderes da indústria de mineração.

Eles dizem que o país perdeu competitividade como jurisdição de mineração, em parte devido a maiores riscos de segurança, congelamento de novas concessões e uma lei recente que restringe a exploração e mineração de lítio ao estado.

Enquanto as empresas continuam investindo em ativos existentes, os gastos devem cair este ano, com exploração e novos projetos – ambos vitais para a viabilidade de longo prazo do setor – entre as atividades mais atingidas.

“Não somos atraentes para investimentos [de mineração] atualmente, apesar do que alguns dizem. Não somos atraentes”, disse Jaime Gutiérrez, presidente da câmara de mineração Camimex, em seminário organizado pela associação de engenheiros de minas, metalúrgicos e geólogos do país (AIMMGM).

“Há outros que nos superam. Isto é uma realidade.”

Embora a atratividade geral de investimentos do México tenha melhorado na Pesquisa de Empresas de Mineração de 2021 do Fraser Institute – um estudo importante do setor – o país ficou entre as 20 piores entre 84 jurisdições globalmente em termos de segurança (73), estabilidade política (69) e legislação trabalhista (68).

Sua classificação geral de atratividade de investimento melhorou para 34º, contra 42º anteriormente, mas na América Latina Chile, Equador, Colômbia e as províncias argentinas de San Juan e Salta pontuaram mais.

QUEDA NOS INVESTIMENTOS

A Camimex espera que o investimento total no setor caia para US$ 3 bilhões este ano, ante US$ 4,25 bilhões em 2021. O investimento atingiu o pico de US$ 8,04 bilhões em 2012.

Embora as empresas continuem investindo na sustentação de suas operações existentes, os investimentos necessários para o crescimento futuro serão impactados como resultado da falta de políticas de mineração adequadas, afirmou Gutiérrez.

“Temos que continuar investindo, é verdade, mas não necessariamente investindo mais em exploração, ou em novos projetos”, acrescentou.

PREOCUPAÇÕES DA INDÚSTRIA

As principais preocupações da indústria incluem uma moratória sobre novas concessões minerais e uma desaceleração das licenças, com a Secretaria do Meio Ambiente (Semarnat) tendo uma abordagem mais dura com as licenças, o que resultou no bloqueio de vários projetos.

“A Semarnat nos causou muitos danos e interrompeu os programas de exploração”, disse Alfonso Martínez, diretor de exploração do Grupo México, no seminário.

“A moratória das concessões minerais não nos afetou. Esta moratória é administrável por um período de seis anos, ou um mandato de administração federal, mas se for para 12 ou 18 anos é suicídio.”

“É suicídio porque vamos parar de gerar [novos projetos].”

Outra área de preocupação é uma recente emenda à lei de mineração que restringe a exploração e mineração de lítio ao Estado.

O México planeja criar uma empresa estatal de mineração de lítio e lançou uma revisão das concessões existentes, incluindo as do projeto Sonora, de US$ 420 milhões da Ganfeng Lithium, o único grande ativo de lítio em estágio avançado do país.

Além do impacto na emergente indústria de mineração de lítio, a nova lei deixou a porta aberta para que outros minerais considerados estratégicos para a nação fossem restritos ao Estado, potencialmente incluindo prata ou cobre, acrescentou Gutiérrez.

Este ataque à indústria é ilógico, acrescentou o presidente da Camimex, dada a importância da mineração para a economia e o emprego.

“Eles sabem […] que estão atacando a geração de renda, de empregos, no momento em que eles são mais necessários. Qual a lógica disso?”

Efraín Alva, chefe da unidade de coordenação de indústrias extrativas do Ministério da Economia, disse que o México continua sendo um grande atrativo para investimentos em exploração, ocupando o quinto lugar globalmente no ano passado, atrás de Canadá, Austrália, EUA e China.

O país responde por quase um quarto (23%) do total de gastos com exploração na América Latina, acrescentou, citando dados da S&P Global.

O governo também está tomando medidas para melhorar a segurança das mineradoras, incluindo o uso de sua guarda nacional para responder a ameaças e incidentes, segundo Alva.