Sheinbaum herdará problemas de infraestrutura no México
A presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, herdará um cenário de infraestrutura complicado quando tomar posse, em 1º de outubro, e precisará coordenar investimentos públicos e privados para colocar o país de volta nos trilhos.
A lista de desafios inclui iniciar as operações e impulsionar os projetos de infraestrutura emblemáticos que o presidente Andrés Manuel López Obrador deixará para trás, como o Aeroporto Internacional Felipe Ángeles (AIFA), bem como finalizar os empreendimentos que não foram totalmente concluídos, como o Trem Maia e o corredor interoceânico.
“Os projetos de infraestrutura são para os consumidores e tendem a ter um capex elevado, é por isso que é ideal que eles estejam nas mãos do setor privado, a menos que estejamos falando de infraestrutura social”, avaliou Juan Carlos Machorro, sócio do escritório de advocacia Santamarina + Steta, em bate-papo com a BNamericas. “O setor privado deveria assumir os riscos.”
Embora ainda não tenha divulgado seu plano de infraestrutura, Sheinbaum prometeu iniciar um grande projeto de infraestrutura ou água por estado em 2025, priorizado com base nas necessidades e no financiamento.
PARTICIPAÇÃO PRIVADA
Durante o mandato de seis anos de López Obrador, as parcerias público-privadas (PPPs) foram significativamente reduzidas nos setores de infraestrutura e energia, já que o presidente acusou empresas privadas de corrupção e comportamento abusivo no mercado. Em vez disso, ele encarregou a Secretaria da Defesa (Sedena) de assumir o comando de várias obras importantes.
Sheinbaum deve seguir os passos de seu antecessor em muitos aspectos, mas os participantes do setor de construção acreditam que o novo governo precisará envolver o setor privado se quiser cumprir sua promessa de campanha de iniciar um projeto de infraestrutura por estado.
“Queremos acreditar na nossa presidente eleita. Ela tem um plano de infraestrutura muito ambicioso e fala em colaboração. Perguntamos diretamente a ela quanto o setor privado participaria e ela respondeu afirmativamente: 100%”, disse o presidente da câmara mexicana de construção (CMIC), Luis Méndez Jaled, em julho. “O segundo fator é a equipe que ela nomeou, que é em sua maioria experiente e já trabalhou conosco.”
A câmara alega que as rodovias federais estão em um estado crítico de abandono, com apenas 33% delas em boas condições.
“Uma em cada três rodovias está em boas condições. Isso resulta em níveis mais baixos de produtividade”, apontou Méndez Jaled. “A questão da manutenção se tornou uma crise no nosso país. Em 2024, praticamente não houve orçamento para isso.”
Esse é um dos problemas que fizeram com que o México gastasse quase 4% do seu PIB de 2023 por conta de atrasos no transporte de cargas, lembrou a entidade.
De acordo com relatórios recentes, o investimento público e privado do México na construção e manutenção de rodovias federais caiu 48% durante os primeiros cinco anos do governo López Obrador, em comparação com o mesmo período do mantado de seu antecessor, Enrique Peña Nieto.
O investimento privado em rodovias atingiu 31,3 bilhões de pesos (US$ 1,6 bilhão) durante esse período – de acordo com o sexto relatório do estado da nação publicado em 1º de setembro pelo governo. O número é 68% menor do que o investimento privado em rodovias durante os primeiros cinco anos da administração de Peña Nieto.
Sheinbaum e sua equipe reconheceram a importância do investimento em infraestrutura rodoviária, descrevendo vários projetos em seu documento “100 passos para a transformação” e prometendo reparar 3.000 km de estradas rurais.
CONCLUSÃO E PROMOÇÃO DE PROJETOS FERROVIÁRIOS EMBLEMÁTICOS
O corredor ferroviário interoceânico e o Trem Maia, dois dos principais projetos de infraestrutura defendidos pelo governo de López Obrador, também representarão desafios técnicos e financeiros para sua sucessora, o que pode determinar o sucesso dessas iniciativas.
O corredor interoceânico enfrentou vários problemas técnicos e financeiros, inclusive estouros de custos que ameaçam seu objetivo de se tornar uma alternativa ao Canal do Panamá.
Segundo a CMIC, outros elementos devem ser adicionados à equação para o sucesso deste projeto, como mão de obra qualificada, infraestrutura e disponibilidade de energia.
“O corredor interoceânico é muito ambicioso. Se os polos de desenvolvimento puderem ser implementados – e isto requer mão de obra treinada e infraestrutura […] –, será um projeto de muito sucesso”, disse Méndez à BNamericas em uma entrevista recente. “Será complexo, mas ter um caminho que possa trazer resultados mais cedo ou mais tarde é o desafio que Claudia Sheinbaum tem.”
Na semana passada, López Obrador apresentou um projeto de lei ao Congresso para redirecionar fundos de taxas pagas por turistas estrangeiros ao entrar no país. Esses recursos eram destinados ao fundo do Trem Maia, mas, segundo o projeto de lei, agora irão para empresas administradas pela Secretaria da Defesa para financiar “atividades e necessidades diversas”.
A eliminação do fundo e o redirecionamento dos recursos podem deixar o Trem Maia – ainda não concluído – “descoberto” e com problemas operacionais, segundo Víctor Hugo Martínez Rendón, consultor independente que trabalhou no projeto.
Claudia Sheinbaum declarou sua intenção de terminar e impulsionar tanto o Trem Maia quanto o corredor interoceânico, mas nenhum plano específico sobre os projetos foi publicado. Em vez disso, ela prometeu lançar licitações de construção relacionadas a outros projeto, como a linha ferroviária Nuevo Laredo, e construir mais que o dobro de ferrovias que a administração atual.
“O objetivo é construir 3.500 km de ferrovias de passageiros”, afirmou Sheinbaum segundo o El Financiero. O atual governo construiu cerca de 1.500 km desde que assumiu o cargo, em 2018.
DESAFIANDO O ORÇAMENTO SOCIAL E O DÉFICIT FISCAL
Um possível aumento nos gastos sociais sob o governo de Sheinbaum ameaça deixar outras áreas da economia mexicana sem financiamento, como infraestrutura e obras públicas.
Os fundos alocados para gastos sociais no orçamento de 2024 ultrapassaram a marca de 3,75 trilhões de pesos (US$ 203 bilhões), representando 41% do orçamento federal, de acordo com uma reportagem do veículo Animal Político.
Esses investimentos atingiram um pico histórico sob o comando de López Obrador, e Sheinbaum prometeu aumentá-los ainda mais, reforçando os benefícios sociais e até expandindo a cobertura. Além disso, o déficit fiscal que ela enfrentará é um dos mais altos registrados na história recente do México.
“Até o final de 2024, o déficit público será de 5,9% do PIB, o que é elevado e forçará o novo governo a fazer ajustes visando reduzi-lo para 3% do PIB”, apontou Méndez Jaled à BNamericas.
Isso acontece em “um cenário em que os gastos com pensões, pagamento de dívidas e programas sociais estão aumentando. Há uma possibilidade de que os gastos com infraestrutura sejam limitados”, acrescentou.
INVESTIDORES ASSUSTADOS
Além dos desafios técnicos e financeiros do setor de infraestrutura, a nova presidente terá de enfrentar a turbulência política deixada por seu antecessor em relação à extinção dos órgãos autônomos e à aprovação de polêmicas reformas judiciais. As duas questões, acreditam os especialistas, desestimulam a chegada de investimentos e até ameaçam a tendência de nearshoring.
“Não se pode afastar o investimento privado quando se faz parte do maior bloco comercial do mundo, quando se tem uma oportunidade como o nearshoring e tantas necessidades de infraestrutura”, ressaltou Machorro à BNamericas. “E não se pode fazer isso quando as finanças [do país] estão tão comprometidas depois deste último ano. Não entendemos a necessidade de começar [a nova administração] com o pé esquerdo.”
As reformas promovidas pelo governo cessante introduzirão juízes eleitos por voto popular, um elemento que gerou controvérsia, preocupou os Estados Unidos e o Canadá e desvalorizou a moeda local em relação ao dólar.
“Tenho preocupações quanto aos fundos que serão necessários para a infraestrutura e outros setores da economia, incluindo programas sociais, saúde, segurança, educação. Os investimentos estão sendo retidos pelas medidas da administração cessante, como a reforma judicial e a eliminação de órgãos autônomos. Sem investimentos, não haverá crescimento econômico e nem fundos”, completou Machorro
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