Sindicato de siderúrgica chilena exige mais esforços para proteger a indústria nacional

Trabalhadores da Compañía Siderúrgica Huachipato (CSH) pediram à comissão econômica do Senado chileno que promovesse negociações entre trabalhadores, empresários e o governo para proteger ainda mais a indústria siderúrgica local.

Em abril, uma comissão antidistorção do mercado ordenou uma medida provisória para aplicar uma tarifa de 24,9% sobre as barras de aço e de 33,5% sobre as esferas para moagem importadas da China até setembro. A ação foi bem recebida pela empresa, mas ainda não é suficiente para a continuidade operacional da laminadora da CSH na região de Biobío, no sul do país. A empresa havia informado que teria de fechar a unidade.

Por isso, o principal sindicato de trabalhadores da empresa enviou uma carta ao Congresso nesta sexta-feira (3) pedindo negociações com a empresa, com as mineradoras e com outras companhias da cadeia produtiva para incentivar o “desenvolvimento do aço pensado como uma indústria estratégica para todo o país, avançando com o aço verde e gerando os mecanismos para que a indústria de mineração consuma o aço chileno”.

A carta (em espanhol) pode ser baixada na seção Documentos, no canto superior direito da tela.

O sindicato exige também que a comissão antidistorção tenha competência para monitorar continuamente o mercado e definir de maneira antecipada práticas que possam afetar o mercado siderúrgico e seu custo social, além de implementar medidas antidumping preventivas, provisórias e de longo prazo.

No final de abril, o presidente do conselho de administração da CSH, Julio Bertrand, disse em nota que espera que as tarifas provisórias “se confirmem com medidas definitivas para que haja competição em igualdade de condições”.

A CSH reportou uma margem bruta negativa, de -US$ 133 milhões, em comparação com -US$ 83,1 milhões em 2022. O Ebitda também ficou no vermelho, passando de -US$ 91,0 milhões para -US$ 156 milhões. 

Enquanto isso, o prejuízo líquido aumentou de US$ 122 milhões para US$ 386 milhões. Por sua vez, as receitas da CSH caíram 14,5% em relação a 2022, para US$ 583 milhões.

Os números negativos são explicados principalmente pela contração de 21,4% do preço médio de venda do aço ao longo do ano, de acordo com o último relatório financeiro anual da siderúrgica.

A tendência de queda dos preços internacionais do aço tem sido influenciada em grande parte pelo aumento das exportações do produto da China, causado, por sua vez, pela diminuição do consumo doméstico do material e pelo excesso de capacidade instalada no país asiático.

“Com a disponibilidade de aço importado a preços mais baixos, houve uma pressão descendente sobre os preços regionais a partir de 2022, quando os preços de exportação da China começaram a cair”, disse Thais Terzian, analista sênior do segmento de aço da consultoria CRU Group Chile, em conversa com a BNamericas.

A queda nos preços globais e regionais distorceu os preços no mercado local, “uma vez que o aço é vendido a níveis abaixo dos custos de produção e de frete”, apontou em um relatório a CAP, controladora da CSH.

“Temos visto um aumento nas barreiras comerciais, como antidumping, impostos de importação e outros mecanismos, para conter práticas comerciais consideradas injustas”, destacou Terzian.

O México e o Brasil implementaram tarifas de importação sobre alguns produtos siderúrgicos chineses e o Chile seguiu com a tarifa antidumping temporária.