Vista Energy aposta em Vaca Muerta e em negociações de dutos

A Vista Energy, terceira maior produtora de petróleo da Argentina, revisou para cima sua previsão para 2025 e apresentou sua perspectiva de capacidade de midstream.

A petroleira está focada na formação de hidrocarbonetos não convencionais de Vaca Muerta, onde a maior parte do investimento em upstream da Argentina está sendo executada.

A empresa estabeleceu uma projeção para 2025 de 95.000-100.000 boe/d, acima da projeção emitida no ano passado de 85.000 boe/d.

O novo guidance é cerca de 40% maior do que os 68.000-70.000 boe/d esperados para este ano.

O CEO da Vista, Miguel Galuccio, disse na teleconferência de resultados do terceiro trimestre da empresa que o guidance para 2026 – definido no ano passado em 100.000 boe/d – e os anos seguintes estava sendo reformulado.

“Continuamos avaliando o impacto que esta atualização do guidance [de 2025] terá sobre nossa previsão para 2026”, apontou Galuccio.

“Como resultado, estamos eliminando nosso guidance para 2026 e trabalhando em um novo plano de longo prazo a ser apresentado aos investidores ao longo de 2025.”

O apetite pelo segmento de upstream está se intensificando na Argentina por conta da flexibilização do controle estatal sobre o setor de hidrocarbonetos e das obras de midstream, em andamento e planejadas, para aumentar a capacidade de despacho de petróleo para terminais de exportação.

MIDSTREAM

A Vista espera ter 124.000 b/d de capacidade de despacho até o final de 2025, segundo informações da conferência para investidores.

A maior parte corresponde ao duto Oldelval, que liga Vaca Muerta às instalações de exportação marítima em Buenos Aires. A infraestrutura está sendo expandida e deve entrar em serviço entre fevereiro e abril, aumentando a participação da Vista de 44.000 b/d para 75.000 b/d.

Outros 12.000 b/d correspondem ao duto Otasa, que liga a bacia de Neuquén ao Chile, bem como ao duto alimentador de Vaca Muerta Norte. A Vista também tem mais de 35.000 b/d de capacidade de transporte.

“A realidade, creio eu, é que haverá capacidade ociosa em Oldelval”, disse Galuccio. “Quando você olha para a capacidade colocada em operação no primeiro trimestre, provavelmente haverá capacidade ociosa, então, embora falemos em cerca de 35.000-37.000 b/d de transporte, acho improvável que usemos toda essa capacidade em 2025.”

A Vista e outras empresas de upstream também estão trabalhando com a empresa nacional de hidrocarbonetos YPF nos aspectos financeiros de Vaca Muerta Sur, um duto para enviar petróleo da formação para um terminal planejado na costa da província de Río Negro.

“Já houve muito trabalho nessa frente e estamos confiantes de que esse projeto será realizado”, ressaltou Galuccio. “Ainda não definimos nossa participação operacional, mas acho que provavelmente não será menos que 10% para a primeira fase.”

A capacidade da primeira fase é de cerca de 400.000 b/d. Vaca Muerta Sur está em fase de licitação e as autoridades disseram anteriormente que o objetivo era começar a transportar petróleo pelo duto a partir do segundo semestre de 2026.

“Mas, por enquanto, é claro, nossos olhos estão voltados para a expansão de Oldelval, que esperamos ter no primeiro trimestre do ano que vem”, disse o CEO.

PRODUÇÃO, PREÇOS E EXPORTAÇÕES

A Vista relatou um aumento na produção de hidrocarbonetos de 47% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior, para 72.825 boe/d, impulsionado pela conexão de 51 novos poços nos 12 meses até setembro.

A produção de petróleo foi de 63.499 b/d, alta de 53% ano a ano. O preço médio do petróleo obtido foi de US$ 68,4/b, alta de 1% no comparativo anual. No trimestre, 72% do petróleo foi vendido pelo preço de paridade de exportação.

A Vista exportou 3,5 MMb (milhões de barris) de petróleo no trimestre, ou cerca de 39.000 b/d, um aumento de 57% em relação ao ano anterior.

Da produção total de petróleo na Argentina, a Vista responde por 8%, atrás da Pan American Energy com 14% e da YPF com 49%, de acordo com dados da empresa de pesquisa local Economía & Energía.

Em termos de gás, a Vista produziu 1,42 MMm³/d (milhões de metros cúbicos por dia), alta de 16%, obtendo um preço médio de US$ 3,8/MMBTU (milhões de unidades térmicas britânicas), alta de 14% na comparação com o ano anterior. Desse volume, 8% foi exportado a um preço médio realizado de US$ 7,0/MMBTU.

Em todo o país, em agosto, a produção de petróleo foi de 725.000 b/d e a produção de gás de 153 MMm³/d.

A província de Neuquén, lar da maior parte de Vaca Muerta, estimou que até 2030 a produção de petróleo na Argentina poderia aumentar para mais de 1,2 MMb/d, enquanto a produção de gás subiria para mais de 200 MMm³/d, impulsionada pelos produtores de Vaca Muerta.

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CAPEX

O capex da Vista no trimestre foi de US$ 369 milhões, dobrando os US$ 181 milhões investidos no terceiro trimestre de 2023, sendo US$ 283 milhões correspondentes aos trabalhos em poços em Vaca Muerta, US$ 63,3 milhões a instalações e US$ 22,6 milhões a estudos, projetos de TI e outras iniciativas.

M&A

A Vista está competindo pelos ativos de xisto que estão sendo vendidos pela ExxonMobil, contaram os executivos da empresa aos investidores.

“Continuamos na corrida. Se vierem para nós, serão bem-vindos. Se não, seguiremos em frente, e temos áreas suficientes em nossas mãos para continuar desenvolvendo nossos planos futuros”, disse Galuccio.

O executivo afirmou que os ativos da Vista em Vaca Muerta permitiriam que a empresa desenvolvesse um segundo centro.

A área de Vaca Muerta Bajada del Palo Oeste e os blocos próximos Aguada Federal e Bajada del Palo Este são os principais ativos da Vista, respondendo por cerca de 67.000 boe/d no último trimestre.

RESULTADOS

A Vista registrou lucro líquido ajustado de US$ 52,7 milhões no terceiro trimestre, abaixo dos US$ 123 milhões do ano anterior, citando fatores como maiores despesas com imposto de renda e maior depreciação, exaustão e amortização.

A receita foi de US$ 462 milhões, em comparação com US$ 303 milhões do ano anterior.