V.tal inicia construção de novo datacenter em Fortaleza e revela investimentos de US$ 1 bi

A empresa brasileira de infraestrutura digital V.tal deu início à construção de um novo datacenter em Fortaleza, com capacidade projetada de 20 MW. A iniciativa será a primeira para clientes de hiperescala.

Apelidada de Mega Lobster, a instalação fica em um terreno de 13 mil m² de frente para a Praia do Futuro, região de ponto de desembarque de dezenas de cabos submarinos na América do Sul. Ela está localizada a 2 km do segundo datacenter da V.tal em Fortaleza, denominado Big Lobster.

A empresa também possui uma estrutura menor de datacenter na cidade, desenvolvida a partir de sua estação de aterrissagem de cabos, conhecida como Little Lobster.

A BNamericas esteve presente na cerimônia de lançamento da pedra fundamental do Mega Lobster. O evento contou com a presença do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), da diretoria da V.tal e autoridades municipais.

O projeto tem investimentos projetados de R$ 550 milhões (US$ 97 mi).

O valor faz parte de um plano de investimentos de US$ 1 bilhão destinado à construção e desenvolvimento de datacenters no Brasil e na América Latina nos próximos anos, anunciado no evento por Pedro Henrique Fragoso, sócio do banco de investimentos local BTG Pactual e executivo responsável pelas operações de datacenters da V.tal.

O BTG e o fundo de pensão canadense CPPIB são os financiadores da V.tal. Os recursos para o plano de longo prazo são garantidos por esses investidores, mas a V.tal não descarta novas injeções de capital, emissões de dívida ou mesmo fusões e aquisições ou joint ventures com outras empresas do setor, explicou Fragoso.

Considerando datacenters, cabos submarinos, expansão de fibra e obras de modernização e atualização, a V.tal investiu R$ 4,5 bilhões em 2022, de acordo com seus últimos números divulgados.

No evento, como parte de uma reorganização interna, a V.tal também revelou a Tecto como a marca comercial para seu negócio de datacenter.

Após a oferta pública de aquisição da Oi Fibra no mês passado, a V.tal anunciou uma nova estrutura corporativa, dividida em três unidades de negócios: uma focada em fibra neutra, uma em datacenters e outra voltada à incorporação das operações de varejo da Oi.

O acordo com a Oi ainda precisa ser aprovado pelos credores da operadora e agências reguladoras.

O PROJETO

A primeira fase do datacenter está projetada para entrar em operação no quarto trimestre de 2025. Espera-se que ele seja capaz de hospedar 1.000 racks e gerar mais de 450 empregos durante seu pico de construção.

Segundo Fragoso, ainda não há capacidade inicial definida para a primeira fase do projeto, que já conta com um cliente principal. Este cliente estava ocupando o Big Lobster, mas demandou uma expansão. 

O Mega Lobster, no entanto, não será um site de hiperescala focado em um único inquilino, mas sim multi-inquilino.

Rogério Piovesan, diretor de tecnologia da Tecto, comentou que o Mega Lobster terá um sistema de reuso de água em circuito fechado e que não haverá desperdício de água.

Quanto à energia, uma subestação está sendo construída pela Enel para fornecer energia ao local, que também contará com geradores a diesel para backup. Toda a energia consumida será renovável, seja hidrelétrica, solar ou eólica.

Fragoso também explicou que a V.tal fechou dois acordos para se tornar parceira e autofornecedora de renováveis em parques energéticos em Pernambuco e no Piauí. Mais amplos que acordos de compra de energia, estes negócios são semelhantes aos anunciados por Scala e Odata.

Os detalhes técnicos dos projetos e os nomes dos parceiros ainda não foram anunciados.

As obras do Mega Lobster estão sendo executadas pela Afonso França Engenharia, mesma construtora responsável pelo Big Lobster e importante parceira da V.tal.

A Afonso França também foi contratada para desenvolver o primeiro datacenter da V.tal em Porto Alegre, no site denominado V.OA. O projeto está sendo reformulado e começará do zero devido às grandes enchentes que atingiram o estado no início deste ano, confirmou Fragoso em conversa com a BNamericas.

A V.tal está agora selecionando um novo local para o V.OA, que, na melhor das hipóteses, será inaugurado em 2026.

PRESENÇA E EXPANSÃO

A V.tal também anunciou que adquiriu um terreno em Santana do Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo, para desenvolver um novo datacenter.

A capacidade de energia deste projeto ainda não foi definida, nem que tipo de cliente ele atenderá.

A V.tal, ou Tecto, conta atualmente com cinco datacenters em operação focados em borda: dois em Fortaleza, um no Rio de Janeiro e dois na Colômbia.

O segundo datacenter colombiano, chamado BDC2 (ou Chiva 2), é o mais novo e foi inaugurado em abril, após investimentos de US$ 20 milhões.

Todos os datacenters da Tecto estão conectados à rede da V.tal, composta por 26 mil quilômetros de cabos submarinos conectando o Brasil com Argentina, Chile, Venezuela, Colômbia, EUA e Bermudas. A V.tal também conta com 450 mil quilômetros de backbone de fibra distribuídos por todas as regiões do Brasil.

Conforme relatado anteriormente pela BNamericas, a V.tal também está expandindo sua rede de cabos submarinos. Uma dessas expansões, agora confirmada por Fragoso e em estágio avançado de desenvolvimento, será uma extensão do cabo submarino troncal da empresa até Porto Alegre.