9 empresas manifestam interesse em financiamento de datacenters via BNDES

O BNDES recebeu interesse de nove empresas em uma linha de financiamento de R$ 2 bilhões (US$ 350 mi), lançada em setembro, destinada a projetos de datacenter.

Das nove, duas já enviaram projetos para análise, revelou à BNamericas João Pieroni, superintendente de desenvolvimento produtivo e inovação do BNDES.

“Estamos agora em um processo de habilitação, de análise cadastral e de crédito, desses clientes. São empresas que, em sua grande maioria, nunca operaram com o banco”, disse o executivo durante o evento DCD Connect, realizado em São Paulo nesta quinta-feira (7).

O BNDES espera que esse processo de avaliação seja concluído em breve e que algumas das iniciativas possam ter financiamento aprovado nas próximas semanas. O perfil das empresas varia, mas todas têm faturamento anual superior a R$ 100 milhões.

Os projetos envolvem principalmente colocation, já que o foco do banco, pelo menos para esta linha em particular, é fomentar o financiamento para empresas que não têm acesso a grandes fundos de investimento privados ou a capital privado, tal qual ocorre com grandes provedores de hiperescala.

“A nossa ênfase, o nosso foco, são as empresas de colocation, são os datacenters menores, e em especial o Norte e o Nordeste”, afirmou Pieroni.

Lançada em setembro pelo BNDES, a linha de R$ 2 bilhões se enquadra na chamada Missão 4 da política da Nova Indústria Brasil do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.  Essa foi a primeira linha lançada pelo BNDES exclusivamente para datacenters, uma demanda antiga da indústria nacional de colocation.

A linha de crédito é financiada com recursos do BNDES e do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), administrado pelo Ministério das Comunicações e operado pelo banco.

Para projetos de datacenter voltados para as regiões Norte e Nordeste, a taxa de juros proposta começa em 6,3%. Nas demais regiões, a taxa começa em 8,5%.

A BNamericas apurou que, além das empresas nacionais de colocation, players privados que operam infraestruturas de datacenter e interconectividade – como a Cirion – também têm interesse em acessar a linha do BNDES.

Em junho, antes dessa linha, o BNDES aprovou financiamento no valor de R$ 41 milhões para a Um Telecom desenvolver o primeiro datacenter de Tier 3 em Pernambuco. Esse financiamento foi aprovado no âmbito da linha Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações) do BNDES.

Inicialmente prevista para o terceiro trimestre, a construção deste datacenter está programada para começar ainda este ano, com conclusão prevista para 2025.

A EBM Engenharia e a Trusted Data, empresa de engenharia focada em infraestrutura para computação de borda, assinaram contrato com a Um Telecom e serão responsáveis pelas obras.

BIG TECHS E HIPERESCALADORES

Para grandes empresas de tecnologia, nuvem e IA, a abordagem do BNDES em datacenters é um pouco diferente.

O banco considera, por exemplo, fornecer incentivos para atrair e instalar grandes centros de processamento de IA, mas sem financiar toda a estrutura do projeto em si.

O BNDES já manteve conversas com algumas dessas empresas, incluindo gigantes como Microsoft, AWS e Meta, entre outras.

“O que temos discutido com as grandes é não apoiar um grande, gigantesco projeto de datacenter em si, mas facilitar com recursos as condições para que a empresa decida de fato por trazer o desenvolvimento de tecnologias e inovação para o país. É só para essa parcela do investimento que a empresa, sem esse recurso, não faria no Brasil”, explicou Pieroni.

Além da linha de crédito do BNDES e da Nova Indústria Brasil, o governo brasileiro lançou uma política nacional de datacenters, com a qual espera impulsionar ainda mais a atração de grandes projetos de processamento de IA para o país.